Ilustração "Holandeses", da série "Imigrantes do Brasil". 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Ilustração “Holandeses”, da série “Imigrantes do Brasil”.
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Holandeses

Não se tem dados corretos do número de holandeses que entraram no país, pois a Holanda tem uma lei para garantir a privacidade de seus cidadãos fora do país, garantindo-lhes o direito da não obrigatoriedade de registro. Sabemos que estão em todas as regiões do Brasil, envolvidos em diferentes atividades econômicas e sociais, compondo mais uma peça da complexa e miscigenada cultura brasileira.

Os estados de São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul abrigam os maiores grupos de holandeses ou descendentes.

A história dos holandeses no Brasil, vem do início do Brasil Colônia, deixando fortes influências culturais, principalmente na região nordeste. Foram 30 anos, de 1624 a 1654, do domínio holandês na região. Vieram para o Brasil atraídos pelo chamado “ouro branco”, o açúcar. Porém foram eles, os maiores responsáveis pela produção de grande quantidade de registros de paisagens e tipos humanos da época colonial.



Nos séculos XVII e XVII, a Holanda era uma das grandes potências marítimas da Idade Moderna, ao lado de França, Portugal, Espanha e Inglaterra, havendo muito interesse no potencial produtivo no Brasil, na época colonial.

Para comercializar com a colônia, a Holanda criou a “Companhia das índias Ocidentais”, uma expedição voltada para comercializar com a colônia.

À frente da “Companhia das Índias Ocidentais” estava Mauricio de Nassau, um conde alemão calvinista, que chega ao estado de Pernambuco com a intenção fazer de Recife, hoje capital do estado, um centro de poder e tolerância religiosa. Na época foi construída a primeira sinagoga das américas, o primeiro templo sagrado que os judeus construíram no continente americano, e se encontra lá até hoje.

Mauricio de Nassau investiu na arquitetura e no urbanismo da cidade de Recife. Queria fazer de Recife um polo de conhecimento urbano, o centro político da capitania de Pernambuco. Na época a cidade recebeu um grande plano urbanístico com grande quantidade de jardins, palácios, museus, fortificações, centros de ciência e arte.

Dentre outras melhorias e benfeitorias, a criação de canais permitiu levar as aguas do mar para dentro da cidade, fazendo dos barcos um meio de transporte. Recife passa a ser um grande porto do Atlântico Sul. Foram criadas pontes sobre canais como a ponde Mauricio de Nassau, construída em 1643, até hoje sendo utilizada pela população. Olinda, outra cidade em crescimento na época, foi construída para ser uma réplica da cidade de Amsterdã nos trópicos.

Todas estas benfeitorias eram muito custosas para a Holanda, que decidiu não investir mais no Brasil e exigiu a volta de Mauricio de Nassau. Ao sair, porém, deixou em péssima situação os senhores de engenhos que contavam, com a ajuda da Holanda para a negociação de suas dívidas. Como isso não aconteceu, os senhores de engenho passaram a entender os holandeses como invasores e não querer mais sua presença em Pernambuco.

Liderada por Felipe Dias e por Felipe Camarão, acontece, então, a Insurreição Pernambucana entre 1648 e 1649, no monte Guararapes. A Insurreição Pernambucana é considerada pela corrente historiográfica militar tradicional brasileira, como o primeiro movimento patriótico do Brasil.


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A rendição é assinada 1654, onde os holandeses deixam definitivamente o país. Porém, um tratado de paz definitivo será assinado somente em 1661, após parte da armada holandesa ameaçar Lisboa, exigindo o pagamento de uma indenização pela perda dos territórios.

O período da ocupação holandesa do Brasil com Mauricio de Nassau, foi conhecida como a Idade do Ouro no Brasil, no século XVII.

Uma curiosidade: o território dominado pelos holandeses aqui no Brasil, chegou a ter até uma bandeira própria, já que estes consideravam as regiões conquistadas como a “Nova Holanda”. Era a Bandeira do Brasil Holandês, utilizada pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais para os territórios que estiveram sob seu controle no Brasil, de 1630 a 1654.


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As artes, as ciências e as letras tiveram um grande desenvolvimento com a chegada dos holandeses ao Brasil. Os artistas que vieram juto com Mauricio de Nassau na expedição da Companhia das Índias Ocidentais, produziram as primeiras imagens da natureza, das cidades e das pessoas da América. Os mais conhecidos e relevantes foram o pintor Franz Post e Albert Eckhout que retrataram paisagens, os engenhos, portos, fortificações, naturezas mortas, frutas, plantas, animais e tipos humanos brasileiros, levando para toda a Europa as belezas e riqueza dos trópicos.

Quando voltou para a Holanda, Mauricio de Nassau, em 1647, lançou o livro “Rerumper Octennuim in Brasilia”, editado por Gaspar Barlaeus, uma crônica ilustrada, contanto seus feitos, e que pode ser considerada a primeira obra de caráter científico sobre a natureza brasileira.

Encontramos aspectos da tradição holandesa distribuídas em várias áreas de nossa cultura, porém a maior contribuição da colônia holandesa é no cultivo das flores.

No estado de São Paulo localiza-se uma cidade genuinamente holandesa, a cidade de Holambra cujo nome vem de Holanda, América e Brasil. A cidade se formou em virtude de uma colônia neerlandesa que se firmou numa antiga fazenda. O município destaca-se como o maior centro de produção de flores e plantas ornamentais da América Latina e anualmente promove a maior exposição de flores da América Latina, a Explofora.

Em Holambra, seus habitantes preservam as tradições deste povo nas apresentações de danças. As danças holandesas retratam cenas do cotidiano, como afazeres domésticos, colheita, profissão, etc. A “Valsa Holambresa” surgiu do encontro entre uma melodia e uma coreografia: é dançada em pares que formam rodas com outros pares e todos formam uma grande coreografia única.



A vestimenta típica tem por tradição, os tamancos entalhados em madeira, os “Klopem”.

Os holandeses usam os “Klopem” desde a Idade Média. Em sua origem tinham este formato grande para proteger os pés das atividades do trabalho, do frio e da umidade. Nas danças eles são mais leves; os participantes pulam e batem os tamancos no chão, marcando o ritmo das melodias, dando mais ritmo para a coreografia. 

A quadrilha, introduzida no Brasil durante o período colonial, é uma contradança de origem holandesa com influência portuguesa, da ilha de Açores, além de inglesa. Tornou-se popular nos salões aristocráticos e burgueses do século XVII em todo o mundo ocidental. 

Há uma imensa variedade de pratos feitos com carnes e vegetais, porém, quando falamos em culinária holandesa, pensamos em batata. Vários pratos levam o ingrediente como o “Stampot”, um purê de batata com verduras que podem ser espinafre, chicória, etc, e o “Hutspot”, batata com cenoura. Come-se a batata frita como snaks, em saquinhos em formato de cones, com muita maionese. Uma iguaria recém-chegada ao Brasil, popular como a alface, é a endívia. Há os queijos com o Edam, queijo bola vermelho e o Gouda.

Na cidade de Carambei, no estado do Paraná, existe “Vila Histórica de Carambeí”, um museu a céu aberto, réplica de uma típica cidade holandesa, com estação de trem, moinho d’água, casas típicas, tulipas enfeitando as janelas e varandas, criada por Holandeses que chegaram no local em 1911.

Na cidade de Castro, também no Paraná, existe a Castrolanda, uma colônia fundada por imigrantes neerlandeses ou holandeses, entre 1951 à 1954, que tornou-se uma das mais importantes bacias leiteiras da região. La encontra-se e Sociedade Cooperativa Castrolanda, que, unida à Cooperativa Batavo e à Cooperativa Agrícola de Arapoti, formaram a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná, responsável por uma das maiores bacias leiteiras do Brasil, localizada em Carambeí.

Em Recife, no estado do Pernambuco, temos o plano urbanístico, cultural e religioso de Mauricio de Nassau para a cidade, anteriormente chamada Mauritstad ou “Cidade Maurícia”, onde foram construídas pontes, canais, diques, havendo grande presença da cultura holandesa espalhada por lá.



Olinda, também no estado do Pernambuco, considerada uma das mais bem preservadas cidades coloniais do Brasil, foi tomada pelos holandeses em 1630 e que a incendiaram um ano depois, pois queriam que Recife fosse hegemônica. Os portugueses, então, retomaram o poder e expulsaram os holandeses dali. Mesmo assim houve uma miscigenação entre as culturas, podendo ser percebida nos olhos verdes de diversos cidadãos de Pernambuco.              


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E, como dito anteriormente, a cidade de Holambra, no estado de São Paulo, tornou-se o maior centro de produção de flores e plantas ornamentais da América. Construído em 2008, o visitante encontra na cidade o Moinho Holandês de Holambra, o maior moinho da América Latina, chamado “Povos Unidos” que, com seus 38 metros de altura, é uma réplica fiel de um tradicional moinho holandês moedor de grãos e foi construído de acordo com os moinhos holandeses. Também em Holambra há o “Museu Histórico e Cultural”, que expõe a história da imigração neerlandesa na cidade, através de um acervo de duas mil fotos antigas. Lá pode-se, também, conhecer as máquinas agrícolas utilizadas pelos imigrantes no passado.

Uma curiosidade: Em 12 de julho de 2008, foi fechada uma cápsula do tempo que contém mensagens deixadas pela população holambrense. Sua abertura é programada para 100 anos após o seu fechamento oficial, com data prevista para 12 de julho de 2108.

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Por Lu Paternostro
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