Aqueles que buscam um contexto para existirem, acham.
Quem busca observar a vida com olhos grandes, bem vivos e abertos, vai aprender ver coisas inusitadas acontecendo de forma livre, síncrona, encadeada.
Poderá ver que, ao mesmo tempo em que um homem nada contra a maré, dominando-a com sua mente, uma pessoa sussurra infortúnios dentro de uma boa casa, com bençãos de todos os lados. Mas não consegue ver nada!
Que ao mesmo tempo que uma mulher se solta e se gosta, outra está sofrendo com sua garganta amarrada, sem poder ser o que acredita, pois tem uma boca-alma pequena, travada. E fica travada.
Poderá ver que um cara angustiado tem seus olhos ligados ao cérebro, e por isso, os olhos verdadeiros passam a incomodá-lo. Os olhos com a verdade podem ouvir-ver as bocas insólitas e sem amor, que agem em grupo, sem afinação, sem harmonia, gerando um “nada de bom”.
Observará que aquele que parece tão perto, quando longe de nós, desenvolve e por isso vai para longe.
Quem procura um contexto legal, deixa seus olhos soltos, sentindo a liberdade e encaram com alegria as coisas, aprendendo ver tudo de forma nova, identificando um roteiro que passa a ser reescrito, agora, pelos novos olhos.
Os “loucos” têm sempre uma questão cozinhando nas suas vísceras cerebrais. É uma só cabeça, cheia de outras mil. Cabeças que pensam e falam, falam, falam.
Falam e nascem. Vão nascendo e, como bexigas, sobem quentes, alto, tão alto que estouram. Ou murcham e caem na cabeça da gente que nada sabe, viu, ouviu.
Algumas vão longes, que nem bolhas de sabão, e se dissolvem em si mesmas.
Outras vêm desenfreadas sobre nós.
Você nem imagina quantas cabeças vi jorrando de bocas desembestadas, me atacando sem parar. Depois que entram ficam lá dentro da minha cabeça, rosnando, grunhindo.
Preciso desenvolver um cérebro-moela para me proteger de tudo isso.