Um dia acordei de sopetão, abrindo os olhos bem grandão e pensei: vou sair por ai plantando cabeças!
Tomei café da manhã, comi bastante pão, recuperei minhas energias e pensei: e aonde eu arrumo as sementes?
Resolvi dar a volta ao mundo, com as pantufas fofas de dormir, procurando, pelos países que passava, cabeças que valiam a pena plantar.
Andei pelos quatro cantos do mundo, respirei enxofre, dormi sobre árvores ancestrais, me diverti em rodas gigantes gigantescas que delas, dava para ver o espaço.
Voei com dragões iluminados, cai na lama de um lago morto, conversei com líderes, mestres e hippies!
Abri livros ancestrais e li numa tacada só, naveguei nas letras de uma enorme biblioteca, encontrei cabeças em quadros e iluminuras, desenhos de crianças, de adultos, de artistas famosos. Entrei em templos, museus, e não encontrei uma única cabeça que pudesse plantar em meu jardim ensolarado.
Voltei para minha casa e me sentei em minha cama, olhando para minhas pantufas azuis, depois pela minha janela, vendo o sol brilhando lá fora.
Percebi as folhas iluminadas, o vento batendo, olhei para mim e me vi, cabeçuda como uma árvore enorme. A única cabeça que podia plantar, pelos jardins ensolarados da minha terra, era a minha própria.
Embora atuem nas redes sociais e grupos de família impedindo a transmissão da boa energia, da boa palavra, instigando o mal, bloqueando as boas novas, exercitando o mal em todos os cantos, fazendo tudo isso porque segue líderes péssimos, tem gente que nem liga para eles!
Caminham soltas, despreocupadas, agradecem as luzes que conseguem ver e sentir, dançam com sereias imaginárias, viventes num mar imaginário. Transformam palavras sujas em flores que seguem livres e iluminadas para o grande todo!
Enquanto os segregadores atuam com intensidade e constância em suas tarefas ruins, os seres iluminados olham para o que é bom e se alimentam de boas energias. Assim, transformam os monstros, que esses seres de desunião soltam pelo mundo, os tais semânticos peidos fedidos de suas bocas revoltadas, em monstrinhos animados, esvoaçantes e perfumados.
Essa nova luz, de peidos transmutados e cheio de alegria dos seres do bem, voam pelas janelas a fora, iluminando os corações afins!
“Pô, cara, mas que coisa é essa????”, gritou Mauricio André de sua cama.
Olhou para o lado e viu um monte de pedaços de corpos de gente: era nariz, umbigo, bumbum, calcanhar, boca, pedaços de costas, alguns dedos, coisas bem esquisitas e em pedacinhos.
Mauricio André ficou olhando aquilo embasbacado. Passavam peitões femininos, um olho que piscava, aliás, vários olhos, carecas. Até a sua gorducha sereia de estimação acordou e ficou na espreita aguardando o Mauricio Andre, que resolveu fechar os olhos para não ver nada. Mas ouvia! É mesmo, ele ouvia milhões de vozinhas que saiam destes pequenos pedaços de corpos. As vozinhas agradeciam, pediam, imploravam.
Descobriu, posteriormente, que se tratava de ex-votos, aquelas pequenas esculturas de pedaços de corpos, que as pessoas oferecem quando conseguem uma cura ou um milagre para sanar suas doenças ou infortúnios físicos.
No dia seguinte, contou aos seus amigos o ocorrido e que conseguiu vencer a todos eles com a coragem de um grande herói. E sabe como? Gritando para todos “Calem suas bocas podres, seus energúmenos!”
O dia passou e de noite já na cama, um pequeno nariz veio ao seu encontro e lhe disse: “Oi, por gentileza, aonde é a toalete?”
Mauricio Andre ficou olhando, olhando e acho que desmaiou, pois ninguém nunca contou o final desta história direito.
Tentam entrar nos cérebros, agora mais fechados e pequenos dos seres, jogando pensamentos alegres. Mas os seres permanecem angustiados.
Ficam escondidos vendo os que gritam, esbravejam, pisam em padres e mestres e que fazem até voar cabeças de indignação.
Plantam minhocas de cores lindas e sementes douradas, mas nada!
Dançam peladinhos, viram mulas sem cabeça, e com cabeça também, aparecendo do nada e nada.
Plantam sóis, plantam cara-cools para ficar do teu lado dando “puns de talco”. E só assim, envoltos pelos puns dos palhaços, dos puns de talco, você os viu!
Um dia, eu estava dormindo gostoso na minha fofa cama, cheia de edredons azuis da nuvem e do céu, uma fronha amarelinha de flores brancas, e quando abri meus olhos me deparei com eles, os Ois.
Os Ois são amigos próximos e quase a mesma coisa que os Sois.
São todos ligados e trabalham juntos.
Fechei os olhos, pois estava com um sono danado e quando abri de novo, mais um pouco deles. Agora eram 4. Ficavam me olhando mudos e simpáticos.
Dormi mil vezes e abri mil vezes os olhos e eles sempre estavam lá.
Um dia, abri os olhos e não estava mais no meu quarto. Mas abri os olhos e vi mais deles lá, me olhando.
Eu morri, eles estavam lá. Eu vivi, eles estavam lá me dando oi!