Um dia, eu estava dormindo gostoso na minha fofa cama, cheia de edredons azuis da nuvem e do céu, uma fronha amarelinha de flores brancas, e quando abri meus olhos me deparei com eles, os Ois.
Os Ois são amigos próximos e quase a mesma coisa que os Sois.
São todos ligados e trabalham juntos.
Fechei os olhos, pois estava com um sono danado e quando abri de novo, mais um pouco deles. Agora eram 4. Ficavam me olhando mudos e simpáticos.
Dormi mil vezes e abri mil vezes os olhos e eles sempre estavam lá.
Um dia, abri os olhos e não estava mais no meu quarto. Mas abri os olhos e vi mais deles lá, me olhando.
Eu morri, eles estavam lá. Eu vivi, eles estavam lá me dando oi!
No meio desse vai e volta, as consciências observam que a pipa nunca vira flor e a flor nunca vira pipa.
Ou que a flor possa, um dia, ser a pipa dos sonhos de uma criança ou a criança ser o sonho de voar da pipa. Ou a flor virar a esperança de um coração amargo.
Todos habitam o mesmo universo uno na essência e separados em suas formas.
Será que um vira o outro um dia?
“Venha, vamos observar as pipas, as flores e os garotos soltando pipa para descobrir!”
Não gritem, não rosnem. Eles estão aí, circulando, próximos.
Pois é!
Os caras estão sempre vibrando mais alto, pensando em coisas boas como bules com café ou chocolate quente. Sonham com flores gravitando em tudo, em todos os lugares. Mandam flores para todos indiscriminadamente! São flores-pensamentos e elas saem de sua barriga, peito e cabeça! Às vezes saem mais flores, às vezes menos. Se deitam em redes, as flores rolam soltas.
Quando uma determinada pessoa faz algo que ele sente como triste ou ruim, as flores cessam. E eles ficam duros. Eles sentem falta de doar as flores. Quando eles respiram e sentem a esperança, as flores brotam e voam!
Quem encontram com eles, os sentem. É até estranho!
Eles adoram encher de flores astrais aquelas pessoas que “falam” cobras e lagartos! Aliás, eles amam isso! Imaginam as cobras ficando coloridas e vibrantes, e as fazem voar da boca da figura, para o céu, lá longe!
Descobri que criamos minhocas em nossa cabeça, você sabia?
Criamos e azucrinamos nosso dia a dia com elas.
As minhocas são cultivadas com humor, no líquido cerebral.
Nascem provocadas pelo movimento peristáltico contínuo de nossos pensamentos, no cérebro intestino. Brotam em pequenos talos finos e, sobre eles, pululam cabecinhas. Cabecinhas cheias de um material viscoso leve. Possuem olhos e estes são bem atentos e estão bem abertos. Olham tudo!
Elas nascem, saem, voam e voltam para dentro de nossas cabeças. Quando voam, feito as abelhas, sugam uma espécie de néctar das coisas que encontram. E ao entrarem novamente em nossas cabeças, fabricam um negrume xorumento, com características de um piche grudento, que o tempo calcifica e esculpe a nós mesmos por dentro. E nos tornamos isso.
Criamos minhocas o tempo todo, você já reparou?
Em todo lugar que estamos e ficamos tem minhocas brotando. Ah! Elas falam, viu?
Elas são criadas na mente com palavras, por isso falam muito.
Às vezes é de endoidecer.
Dá vontade de dar um tiro na cabeça, matá-las e, finalmente, vê-las morrer.