Pensando o que vai ser. Caixas de Histórias.

Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Pensando o que vai ser

As cabeças, quando humanas, só pensam.

Pensam o que vai poder ser, o que vai ser, o que será, o que ainda há por vir.

Elaboram imagens contínuas, como num tremendo caleidoscópio gigante que não para nunca, nunca!

Projetam dias, noites, gente que vem, vai, gente que morre, realidades, realidade múltiplas, monolíticas, monotônicas, mono-holística, duplo-etéricas, energéticas, sonsas, mortas, fechadas, sonoras. Boas e ruins, com raiva, sem raiva, enormes, chatas….

Mas que monte de realidades! Multi-realidades-gravitacionais-mentais.  

A boca fica falando para dentro destas cabeças. E não tem uma, mas um milhão de boquinhas que falam sem parar um só minuto. Um violento caleidoscópio de bocas.

É um tormento estar dentro de uma cabeça humana.

Por Lu Paternostro



Os Brindadores da Vida. Caixas de Histórias.

Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Os Brindadores da Vida

Você já imaginou sua vida assim, sendo brindada todos os dias por seres chamados “brindadores”?

É! Estes caras existem, mas não o percebemos, pois temos as nossas cabeças meio cheias de coisas, muuitas coisas, muuuito importantes de verdade.  Nem vou contestar isso….

Mas estão aí.

São essencialmente alegres e gostam de agradecer a vida, a cada dia.

Não sei ao certo se vão durar muito tempo.

Porém, esta é apenas uma lembrança que eles ainda existem.

Mauricio Andre ficou olhando, olhando e acho que desmaiou, pois ninguém nunca contou o final desta história direito.

Por Lu Paternostro



Quadros. Caixas de Histórias.

Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Quadros.

Cabeças enquadradas.

Elas me olham de suas pequenas janelas.

Cheias de perguntas.

Sonham e esperam um dia serem salvas de si mesmas.

Mas não largam suas próprias prisões.

Cabeças em quadros. Expostas emolduradas.

Vejo lágrimas escondidas nelas. Lágrimas que não caem.

Engolem-se. Escondem-se dos outros olhos.

por Lu Paternostro



Invasores: uma coisa que pode tornar-se a gente. Caixas de Histórias.

CPeça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Invasores: uma coisa que pode tornar-se a gente.

Convivendo comigo mesma todos os dias, percebi umas coisas estranhas que parecem conhecer minha mente como ninguém, mais do que eu mesma. 

Sugerem, pensam, cogitam, interpretam, dão forma, geram conceitos em mim. Se eu ficar olhando o passarinho “Sorriso”, que mora no planeta Marte… Pronto… Quando olho para mim de novo, meu cérebro está outro: eles dão forma a tudo o que passa pelo que passo a pensar.  

São como peixes abissais, iluminando e vivendo nas dobras mais profundas do meu cérebro pensante, esperando a hora de brotar, agir e sumir.  Manifestam-se nas mais inusitadas situações, criando até novas cabeças em mim.

Quietos, sabem esperar, sua arma para manterem-se vivos. Ficam assim, por um tempo, pois, também por um tempo, aprendi a espreitá-los.  

Despertam ativos nos diálogos humanos pulando, abelhudos, das frases, das palavras incautas, a qualquer dia, hora, minuto. Agora mesmo estão aí, aqui e acolá.

Se iluminá-los, somem por um tempo, mas sempre se fortificam e não morrem jamais.  

São tão sagazes e agem tão bem que, um dia, se não ficarmos bem atentos, nos tornamos eles, achando que somos nós que estamos aqui. 

Por Lu Paternostro



Festeiros. Eternos festeiros. Caixas de Histórias.

Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Festeiros. Eternos festeiros.

Festivos e festeiros, festejam tudo!

O astronauta que foi à lua numa bolha de sabão, o padre e suas alegres criancinhas enterradas.

Um falador que fala tanto que criou uma cabeça em sua boca… Pessoas peladinhas e até peixes desaforados…

Festejam o cachorro que festeja seu dono e um homem que festeja também.

Festejam os milhões de habitantes de uma grande cidade que vive meio morta em si.

Muito mais festejam, pois festejam de tudo.

Festejam a vida, mas…

Diante da morte, eles se calam.

Por Lu Paternostro



Cada um no seu: O adubo que virou flor. Caixas de Histórias.

Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Cada um no seu: O adubo que virou flor.

Abri os olhos num susto.

Ouvi um cara falando. Falava muito. Putz!… Como fala e fala e fala.

“Meu Deus”, pensei, “Será que ele tem consciência do dessabor matinal que ele provoca agora?”

De sua glote barulhenta saia um mundaréu de palavras…. Conseguia vê-las voando, caindo no chão, desmontando-se desoladas, em seu próprio desprezo. Alquebradas, eram palavras-zumbis.

Levantei-me meio zonza, olhei pela janela e consegui focalizar um sujeito que, encerrado em seu mundo, era como um trombone, mas desconfigurado. A boca aberta, em movimentos constantes, simplesmente não parava. Os olhos estavam enfiados na face e longes, muito longes. Percebi que nem os olhos, nem o homem, não estavam mais lá. A única coisa presente era sua boca.

Então pensei: “Mundos e mundos, cada um está no seu. Eu cá, o cara lá, o outro ali, perto. As vezes bem perto. E assim vamos indo, todos juntos-separados, indo”.

Larguei o reclamão lá fora. Melhor, fora de mim.  

Fechei os olhos e daquele monte de adubos vocabulares, flores começaram a nascer em meus ouvidos.

“Você viu?”

“Não, ouvi a mágica que passou a acontecer!”.

Trans-mude e o adubo se transformará em flor! 

Por Lu Paternostro



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