Riquíssima em suas vestimentas típicas, unidas aos movimentos que desenham o espaço visual com seus leques abertos, escolhi esta dança para representar o tema dos coreanos, primeiro por ser tradicional e segundo, por ser hiper colorida. Sabia que poderia colorir tudo ainda mais.
A ilustração digital me permite usar todas as gamas de cores possível, principalmente quando pode ser vista na tela de um celular, computador, tablet. Não temos a limitação das misturas de pigmentos, dos suportes que alteram as tintas ou mesmo influência da secagem, que também pode alterar algumas cores, em algumas técnicas de pintura.
No universo do digital, trabalho nuances que, muitas vezes, não podem ser traduzidos numa imagem impressa, mesmo que tenha toda a precisão possível, e cuidado, no processo de impressão. A tradução do meio digital (RGB, as 3 cores básicas que compõe a luz branca, considerando-se a resolução em tela) para o meio impresso (ou a tradução em CMYK, as 4 cores básicas da impressão off set, por exemplo) já impõe limites nos nuances das representações das cores. Mas jamais desconsidero a pintura, ou a aquarela, ou outra técnica como a gravura, e tantas outras, com todas as suas possibilidades pictóricas, pois também adoro explorar outros meios. Todos os meios, nas suas possibilidades e limitações, são válidos e acabam dando outras formas à uma criação. Um outro universo acontece quando trabalho no meu atelier. Mas isso vamos falar num outro momento.
Quando trabalho com a arte digital, ou melhor, com ilustração digital e as possibilidades de aplicação desta ao design, como objetos, roupas, e tantos tipos de suportes, gosto de explorar ao máximo das cores. Ao máximo mesmo!
Quando pesquisava sobre os temas para representar os coreanos, foi difícil escolher um, e me deparei com a dança dos leques, vi que seria uma ótima oportunidade de explodir as cores! Os leques e as roupas das bailarinas eram a minha oportunidade.
Então, na composição, preferi dar destaque para as dançarinas, porque assim podia explorar seus movimentos e detalhes de seus leques e roupas, embora o auge de uma apresentação da dança dos leques, seja a grande forma composta por todas as bailarinas juntas ou a coordenação de seus movimentos.
Para diferenciar cada ilustração dessa série, escolhi fundos homogêneos, de cores, preferencialmente, mas não obrigatoriamente, com algum tom complementar.
Quando vi a predominância do carmim nas imagens que fui pesquisando, não me saia da mente a vontade de fazer este azul, mas era este azul, não outro. Demorei um pouco para afiná-lo.
Mesmo sabendo que a imagem fina impressa, seria pequena, não hesitei em caprichar nos detalhes. Simplesmente descobri que preciso fazer os detalhes, por uma necessidade! Adoro que descubram os detalhes que faço!
Trata-se de uma dança tradicional coreana, mas considerada nova, pois sua primeira apresentação aconteceu em 1954, tornando-se muito apreciada por seu povo, principalmente os sul-coreanos.
É executada por mulheres, vestidas de roupas tradicionais coreanas, as hanbok, ou com representações de vestimentas orientais, sempre muito coloridas.
Dançam em grupos, e vão executando coreografias com os leques, unindo-se, vão gerando formas tipo mandalas, espirais, ondas, sempre com movimentos suaves, femininos, coordenados, com seus leques que vão fazendo diversos desenhos no espaço. Quando os leques possuem cores diferentes em cada face, o efeito destes junto com a dança, é muito bacana.
Pesquisando as hanbok, ou “roupa coreana”, fiquei boba de ver a combinação de cores, dos tecidos, das texturas que as compõe. Confesso que criei as roupas baseadas em imagens, mas o que mais me inspirou foram as cores e os detalhes. Criei meu próprio figurino e detalhes.
Os bolivianos, em seus trajes típicos, trazem uma incrível variedade de formas e cores que, se deixar, não consigo parar de ver. Dá vontade de “comer” com os olhos!
Ilustração “Os Bolivianos e a Chola Paceña”, da série “Imigrantes Brasileiros. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Pesquisando um pouco mais sobre suas tradições, descobri a Chola Paceña, uma forma criativa que as índias bolivianas encontraram para valorizar sua cultura e tradições, seu tipo físico mais baixo e gordinho, sua forma de ser e pensar o mundo e, o mais importante, a Chola Paceña tornou-se um resgate da dignidade dessas mulheres.
A “cholita” paceña é a mulher indígena aymará, vestida com uma indumentária formada por xale, saia, blusa, brincos e enfeites, longos cabelos formando duas tranças e é considerada patrimônio cultural imaterial da cidade de La Paz.
Mas a identidade do Chola Paceña não está só expressa na forma de ser vestir, mas também nos papéis que, gradualmente, ganharam as mulheres aymarás na política, sindicatos, cultura e economia.
Este jeito de ser, de se vestir e de ganhar espaços cada vez mais importantes, fez com que as “cholitas”, meninas de todas as idades, conquistassem as passarelas do mundo todo! Sim, a famosa forma de se vestir e ser das bolivianas, se propagou pelo planeta.
Nos desfiles podemos ver a maior variedade possível de xales, chapéus, enfeites, brincos grandes e, o mais interessante, a forma típica de mostrar tudo isso nas passarelas: com passos delicados, bem à frente do corpo, elas provocam um semi giro com seu tronco que faz com que suas saias rodem, seus xales voem, incluindo a forma como os apresentam, tudo se movimenta de forma suave e harmoniosa, lembrando uma dança!
Cabeças altas, olham o público com um sorriso cheio de charme. Desta forma, as modelos enfrentam os padrões e modismos com segurança e orgulho, com a força de ser as representantes fortes de uma tradição!
É um verdadeiro show de variedades dentro de uma forma de ser bem coerente e estruturada! Fazem isso para preservar sua identidade intacta e não perdê-la com os efeitos massivos da globalização.
Por tudo isso e, mais uma vez, pela riqueza das formas, escolhi este tema para esta ilustração.
No fundo da imagem, inseri a Wiphala, a bandeira que é o emblema da nação andina e aymará representando a filosofia de vida dos andinos. Simboliza a ideia da Pachakama, representação do início e a da Pachamama, a mãe, que constituem o espaço, o tempo, a energia e o nosso planeta, de modo que o sentido da Wiphala é ser uma representação de um todo conectado.
E como é a Chola Paceña
Trata-se de uma forma de se vestir baseada nos trajes típicos das índias bolivianas mayarás.
É formado pelo xale, chapéu coco, brincos grandes, broches, saia rodada e camisa. Usam sempre saltos baixos ou sandálias e sapatos bem rasteirinhos.
Os xales, com seu rico acabamento na bainha, de onde saem as fitas que dão a graça ao movimento típico do corpo, é uma das peças principais e mais enfeitadas do traje. Pode ser de vários tipos de tecidos, estampados ou não, e podem ser bordados com flores e padrões variados. Seu acabamento e bordado são feitos à mão, por costureiras ou artesãos locais. Foram inspirados nos xalés das mulheres espanholas.
As sandálias, num traje mais típico, utilizadas em tempos mais quentes, são feitas por artesãos bolivianos.
Abaixo das saias são colocadas as anáguas, que quando as mulheres rodam, elas provocam um movimento maior às saias, além de aparecerem, dando um contraste com elas.
As saias, bem rodadas, tem de constar de abas horizontais, uma sobre a outra, aumentando o volume e o seu movimento também!
Um dos símbolos pacenõs mais representativos e um ponto bem característico da vestimenta, são os chapéus. Os chapéus são tão importantes e conhecidos no mundo todo, que existe, em La Paz, a Rua do Chapéus, onde os artesãos produzem e vendem chapéus típicos! São feitos a mão, um a um, com muito cuidado, utilizando técnicas específicas e de altíssima qualidade, já que as mulheres paceñas são muito exigentes.
O chapéu é considerado parte da identidade da cultura paceña.
Outros acessórios são brincos grandes, algumas vezes utilizam broches que seguram os xales e as tranças, em duas, feitas com seus longos cabelos. Normalmente escondem suas tranças sob o xale, outras, deixam-nas soltas, fazendo parte do movimento de giro de sua forma de desfilar e de se movimentar.
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Por Lu Paternostro
NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores.
Muito complexa e cheia de altos e baixos, a história dos judeus é uma das mais intrincadas que pude ler. Um provo sofrido, mas que se reinventou, renasceu de todos os incidentes, sempre mantendo sua fé na senda, aceitando sua saga.
Ilustração “Judeus e a dança Hava Nagila Medley”, da série “Imigrantes Brasileiros”. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Complementando a série das danças tradicionais, na sua maioria estas são em grupos e bem vigorosas. Em algumas danças, os homens se vestem de preto, de preto e branco ou terno preto. Na cabeça ou um quipá (aquela pequena boina no topo da cabeça, utilizado tanto como símbolo da religião como de temor a Deus) ou um chapéu de abas largas.
Já as mulheres se vestem de branco, ou algo discretamente colorido, ou o azul e branco, cores da bandeira de Israel, mas sempre em vestidos ou saias longas e lenço nas cabeças. As veze levam um xale em suas vestimentas.
Há danças só de homens e só de mulheres, mas na maioria, homens e mulheres dançam juntos. Tudo é muito singelo e sempre com os pés no chão. Nos grupos para folclóricos as vestimentas se enriquecem e podem até se descaracterizar.
A mais famosa dança tradicional é a Hava Nagila Medley.
A Dança Hava Nagila Medley
Hava Nagila é uma canção folclórica hebraica cujo título significa “alegremo-nos”. É uma música de celebração muito popular entre os judeus. Não há um casamento ou um bar mitzvá (na religião judaica, o menino que, no seu 13º aniversário, atinge a maioridade religiosa, passando a ter a obrigação de cumprir os preceitos religiosos) em que ela não seja tocada, cantada ou dançada.
A canção surgiu em 1918 para manifestar a alegria com a libertação de Jerusalém em dezembro de 1917.
Para a imagem, usei o azul e branco para a mulher e uma roupa mais enfeitada, como a de alguns grupos para folclóricos para o homem. Os homens não vestem nada de cores – o rosa da camisa e as flores no vestido dela, são uma “licença poética”.
Nas cores do fundo, quebrando a sutileza dos tons das figuras do primeiro plano, optei pelos carmins, rosas e vermelhos, em cores vivas, alegres, vibrantes, que contrastam com a simplicidade das vestimentas mais tradicionais. Representam as próprias danças e seus ritmos muito animados e vigorosos.
A Torá (pentateuco), o livro sagrado dos Judeus e a Menorá o castiçal de 7 velas, que representa, junto com a Estrela de David, um dos símbolos do Estado de Israel.
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Por Lu Paternostro
NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores.
Viagem através de desenhos, pelo filme Fitzcarraldo.
“Já que temos o espaço, vamos trabalhar com a riqueza das imagens. Já que temos a Amazônia, vamos trabalhar com a riqueza de temas que a ela nos dá!”, esse foi o nosso lema para esta produção!
Decoração de bar de hotel. Um diário de bordo de desenhos feitos sobre as grandiosas imagens do filme FitzCarraldo de Wener Herzog.
O pessoal do hotel queria que o bar do restaurante ficasse mais interessante, já que estava frio, técnico e bem sem graça. Queriam algo que envolvesse o hóspede quando estivesse nesse ambiente muito aberto e totalmente integrado às outras áreas do hotel.
Quando fui chamada, nos veio em mente fazer algo que fosse grandioso, como uma grande saga pela Amazônia, algo que tivesse um apelo visual cult.
E nos ocorreu de fazer um diário de bordo com meus desenhos, sobre imagens do famosíssimo Filme Fitzcarraldo de Werner Herzog. A sugestão é aproveitar as paredes como um diário de viagem pela Amazônia, onde o viajante faz anotações e desenhos de suas aventuras ao ir conhecendo a Amazônia, sua cultura, a fauna, a flora, a gastronomia, monumentos, a arquitetura. As paredes serão o diário de suas histórias: seus sabores, encontro com onças, índios, histórias fantásticas, mágicas, surreais, peixes fantásticos, curiosas situações que nós vamos criar!
Percebi que eu tinha, também, uma bela saga pela frente!
O filme Fitzcarraldo, de Werner Herzog, é considerado um épico insano: trata-se da história de Brian Sweeney Fitzgerald, um maluco que sonha em construir no meio da Amazônia Peruana, um teatro de ópera.
Ele é fã de Caruso, grande intérprete de ópera e tenta ganhar dinheiro dos jeitos mais inusitados para poder bancar seu caríssimo sonho. É desprezado, o acham um louco e foi chamado, pejorativamente, de “Conquistador do Inútil”. Mas ele realiza o sonho!
O filme é de 1982 e é considerado cult. Além de artistas que fizeram uma época de bons filmes, ele tem imagens grandiosas e belíssimas para representar a saga.
Queríamos dar a ideia de um ambiente moderno, criativo, atrelado ao destino, provocar a sensação de aventura aludindo à Amazônia, dar um clima de bar curioso.
Também pensamos que deveria ter uma penetração em todos os níveis de compreensão: quem não conhecer o tema, passa a conhecê-lo e quem vir as imagens, verá um diário de bordo cheio de aventuras.
Como bar está bem integrado ao restaurante e ao lobby do hotel, respeitamos a decoração, deixando as imagens em tons sépia, mais ou menos as cores das fotos antigas, que podem, dependendo da prata, variar em tons mais esverdeados ou mais amarronzados. Optei pelos tons séria amarelados indo para o quente da terracota.
Projeto de Bar com tema do Fitzcarraldo de Lu Paternostro.
O projeto
Minha meta era a decoração de 6 paredes e colunas que seriam adesivadas com imagens/montagens de cenas do filme. Para o ambiente ficar mais nobre e moderno, as figuras, textos etc. aconteceriam sobre uma chapa de vidro temperado, preso às colunas, indo do teto ao chão. Este vidro tinha a distância para permitir a limpeza e todas as imagens foram impressas na parte de trás, para não serem arrancadas.
Depois de todas as composições com imagens do filme feitas, parti para a produção dos desenhos a traço. Devo ter feito mais de 400 imagens que representam aspectos da Amazônia.
A ideia inicial era fazer com que as composições se interligassem pelas diversas paredes, provocando novos diálogos entre as imagens.
Queria, também, que o hóspede ou seus filhos, se deliciassem explorando as figuras, num exercício de observação e entretenimento. Todos os meus trabalhos sempre têm um direcionamento para o entretenimento, que faz parte de uma decoração mais divertida e que fale com as crianças também, já que, pelas características, o hotel não tem atividades dirigidas a elas.
As mesas ganharam novas imagens e composições, e ainda, sugerimos que o ambiente tivesse uma testeira que o destacasse do restaurante, um gramofone, uma onça, que seria feita por um artista local, saindo da parede do balcão do bar, projetando-se para fora, além de luzes que lembrassem os ambientes do filme, inserindo a pessoa dentro do tema. No projeto havia um folder explicativo, um material de apresentação e vídeos para os colaboradores do hotel poderem se integrar a ele, falar sobre ele.
A saga da minha produção começou com as imagens do filme! Acabei assistindo-o umas 3 vezes, buscando frases, detalhes e imagens.
Por virem de um filme antigo não havia qualidade nas imagens na sua origem, mesmo sendo captadas através de uma tela grande. Mesmo com estas limitações, elas seriam ampliadas para o tamanho de uma coluna de 2,5 m e tinham de ficar boas, não com qualidade de resolução de imagem, pois isso não é possível, mas uma qualidade na ilustração final dos fundos, boa. Como nos museus.
Para fazer as cenas tive de usar várias imagens, misturando de baixa e de alta resolução. Meu desafio era dar uniformidade a todas elas, como se todas viessem da mesma fonte, baixando a resolução das melhores, padronizando-as para que tudo se equalizasse na composição final.
Embora a tecnologia de impressão nos permita trabalhar com imagens em resoluções bem mais baixas, mesmo assim meus arquivos eram imensos. Lembrando que tive de me acertar com fornecedores locais que têm suas limitações em conhecimento e técnica, o que acabou mudando parte do projeto.
Depois de feitas, montei o roteiro dos desenhos sobre elas, fazendo um traçado que permeava todas as paredes. Resolvemos tirar os textos, que seriam inseridos junto as imagens para que as pessoas pudessem ler o diário, como nos mapas antigos, por conta de limitações técnicas.
Tivemos de estudar muito as imagens para não serem nem pequenas nem muito grandes e, mais, como acontece com as inscrições da fachada do Taj Mahal, as imagens de cima deveriam ser um pouco maiores que as do meio ou de baixo, para poderem ser vistas quase no mesmo tamanho.
Também não podia deixar as imagens próximas do chão, pois as pessoas teriam de abaixar para olhá-las e isso seria desagradável.
Parti para o desenho, a arte de toda essa saga técnica!
Esboço feito com doodles!
A criação é a parte mais angustiante e a mais gostosa!
Fizemos os roteiros, colocando textos que tinha a ver com a saga, misturado com a vivência do hóspede no destino e no hotel. As imagens dos doodles, depois, foram substituídas pelas minhas, que tinham temas da Amazônia e toda a vida de lá.
Temas ricos
“Já que temos o espaço, vamos trabalhar com a riqueza de imagens. Já que temos a Amazônia, vamos trabalhar com a riqueza de temas que ela nos dá!”, esse foi o meu lema desde o começo.
E daí descobri uma infinidade de temas que, claro, não havia tanto espaço para isso! E nem tempo, nem orçamento!
Ok, mas pesquisa podia fazer e o fiz!
Naveguei pelas vestimentas, descobrindo a riqueza na confecção dos adornos e, especialmente, dos cocares com suas várias formas e tamanhos. Uma inteligência matemática existe no trançado indígenas que não sabemos ver, não conhecemos, banalizamos e, ainda, o desprezamos. Isso tudo muda de etnia para etnia!
E por falar em etnias, segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), acredita-se que existam, pelo menos, 100 grupos de indígenas isolados na parte brasileira da floresta amazônica! E cada uma tem um aspecto particular em sua cultura.
Depois caminhei para alguns patrimónios, vindo a descobrir que o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro de cultivo da mandioca brava foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 2010. As especificidades do sistema são as riquezas dos saberes, a diversidade das plantas, as redes de circulação, a autonomia das famílias, além da sustentabilidade do modo de produzir que garante a conservação da floresta.
Detalhes dos painéis. Lu Paternostro
Somente dentro desse sistema desenhei o ritual de plantio, os instrumentos utilizados, as vestimentas, o processo de confecção da farinha, a roça, os cestos, as várias fazes da mandioca.
Depois fui para a culinária, já que estávamos num hotel que oferece em seu restaurante, a culinária regional. Andei pelos pratos mais tradicionais como a maniçoba, a tapioca, o tacaca, peixadas. Por falar em peixes pelo menos uns 20 desenhei e que estão espalhados pelas imagens. As frutas como o açaí e seus subprodutos, o buriti, o cupuaçu, tucumã e outras.
Na fauna a onça, o boto cor de rosa, o peixe boi, o jacaré, as araras, a garça real, os macacos e micos, gavião real, andorinha, os sapinhos variados, passarinhos, a anta, ariranha, borboletas e tantos outros. Na flora, orquídeas, a vitória régia, a bananeira ornamental (helicônia) com seus traços belíssimos, a bananeira vermelha, o guaraná, o jambu.
Objetos utilitários e ornamentais, de rituais e vestimenta. Os meios de transporte foram as chalanas, canoas, barcos pequenos, as lanchas, um hidro-avião, famoso lá na Ponta Negra e até um balão, que acho que não tem por lá, mas que por serem tão lindos, me permiti a uma licença poética.
Os monumentos e arquitetura de Manaus que não são poucos, e são muito detalhados como o teatro municipal a alfândega, o relógio público, o mercado e tantos outros.
Todos os desenhos são feitos para que o cliente possa utilizá-los em suas louças, copos ou mesmo em brindes especiais.
Um projeto de arte como este, assim como muitos outros que fiz, sempre rendem derivativos que podem ser utilizados tanto para projetos de brindes ultra exclusivos, bem como uma divulgação divertida nas redes sociais, mostrando aos seus clientes que o hotel preza a cultura local.
Criação de padrão para xícaras e pratos, criados a partir da releitura do painel de Genaro de Carvalho, localizado num hotel histórico, de Salvador/ BA. Uma forma de levar arte e cultura para hóspedes e clientes VIP.
Releitura do Painel de Genaro de Carvalho para brindes espaciais e louças do restaurante. Por Lu Paternostro
Desenvolvi diversos projetos especiais para a Tropical Hotels Brasil e um que marcou muito, foi o Projeto de Cultura Aplicada, que acontecia dentro dos hotéis da rede, mais fortemente nos principais destinos como Salvador/BA, Manaus/AM, Cataratas do Iguaçu/PR, Tambaú/PB e Araxá/MG.
O objetivo era levar aos hóspedes, dentro do hotel, aspectos culturais e vivenciais do destino, através de diversos materiais de comunicação, gerando conhecimento e mais empatia do público com o empreendimento e, consequentemente, com a marca da rede.
Todo esse universo vivencial e informacional era feito nos cardápios super especiais de cada restaurante local, materiais de quarto como diretórios de serviços com características particulares dos destinos, porta copos ilustrados e colecionáveis, dentre outros. Em cada local, um set de materiais era desenvolvido.
No caso do Hotel da Bahia, este tinha uma particularidade: possuía um acervo de obras de arte valiosíssimo, com obras de Caribé e outros artistas.
No restaurante principal, um grande afresco tombado pelo PAC-BA – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, em 1981, se tornou foco de uma releitura para fazermos brindes especiais para clientes VIP e as louças do restaurante. O painel foi feito em 1950, um dos primeiros afrescos, com características modernas, executados no Estado da Bahia.
Estudei cada parte da obra e dos temas abordados pelo Genaro de Carvalho, pois não queria descaracterizá-la, mas fazer uma releitura das intenções do artista, gerando valor para o trabalho.
Além da arte, criei um mini folder que acompanhava o brinde, em duas línguas, apresentando os temas principais abordados pelo artista no afresco e um pouco sobre minha releitura.
Imagina um hotel, onde cada ambiente é pensado para levar o destino Amazonas, de forma artística e criativa, para seu hóspede, gerando uma experiência agradável, multidimensional e, ainda, poder receber parte de tudo isso na casa desse hóspede como lembrança de sua estada num dos destinos mais cobiçados do mundo?
Essa foi a proposta da OPY Comunicação para o Manaus Airport Hotel, usando minhas ilustrações em painéis temáticos e as fotografias de Sergio Fecuri numa exposição por todos os corredores, além da decoração, com aspectos do mesmo tema, do bar do hotel.
Já na recepção, um pássaro voa em busca da liberdade…
Para se ter a ideia da grandiosidade, logo que o hóspede entra na recepção, se depara com um painel de 17 metros de altura, o Grande Pássaro, cobrindo a parede principal do grande hall de entrada, podendo ser visto de todos os andares.
Indo para os elevadores, um grande painel ilustrado com o tema “Homenagem a Manaus”, dá boas vindas a ele e apresenta vários aspectos da cidade, além da cultura, fauna e flora locais.
E nos andares, as lendas…
No hall dos elevadores, já nos andares 1 ao 4, o visitante se depara com painéis ilustrados de 5 x 2,5 m com as Lendas do Boto, do Guaraná, da Yara e da Vitoria Régia, um painel por andar, todas com orientação patrimonial (placa sobre a artista e texto sobre a lenda) junto com um QR Code onde a pessoa pode saber mais sobre cada uma delas.
Lenda do Guaraná. Lu Paternostro
Dirigindo-se aos quartos, e em todos os corredores, ele pode visitar a exposição “Recortes de Manaus”, com fotos feitas pelo fotógrafo e publicitário Sergio Fecuri, distribuídas em 5 grandes temas por todos os corredores, respeitando um projeto expo gráfico também criado por ele, dando um sentido para quem a visita. Uma viagem incrível por recortes de cenas de Manaus, dando ao hóspede, uma outra visão da cidade, que ele pode explorar ao visitá-la. As imagens da exposição, poderiam ser adquiridas pelo hóspede, e entregue em sua casa, num projeto criado por mim, pela OPY Comunicação, chamado Art´In Box.
Painéis Temáticos, detalhes. De Lu Paternostro
Já no restaurante, o hóspede usufrui de um belíssimo buffet, tendo ao fundo o Painel Ilustrado com a Lenda das Amazonas.
O bar, também, foi todo decorado com desenhos feitos por mim, tendo ao fundo destes, cenas do filme Fitzcarraldo, de 1982, de Werner Herzog, com Klaus Kinski e Claudia Cardinale como atores principais, e que você pode conhecer o case no meu site.
O objetivo, com estas exposições pelos ambientes do hotel, é integrar e levar o destino para dentro do hotel, aproximando-o do hóspede, contando suas histórias, deixando o ambiente mais aconchegante e gerando uma sensação de alegria em todos. A arte, quando verdadeira, pensada, estruturada num espaço e orientada, gera impactos muito positivos tanto nos ambientes como em nossos cérebros que, mesmo não conscientes, percebem tudo em volta como bom, organizado, simpático. O hóspede leva essa experiência para casa!
O atendimento profissional e o cuidado com a decoração, toda essa ação conjunta, rendeu muitos elogios para o hotel, compartilhamento de imagens dos painéis nas redes sociais e retorno dos hóspedes que o consideraram o mais amazônida da região. Atendimento, bons serviços e um ambiente positivo e simpático, levando o destino para o hóspede visitante, é a composição perfeita paro o hóspede criar boas lembranças e experiências hiper positivas.
Painéis Temáticos, detalhes. Lu Paternostro
Os painéis temáticos, muito além de um objeto de decoração, são um meio de comunicação de ideias divertido e interativo, pois, além da imagem e seus detalhes, o hóspede acessa, em uma outra dimensão, através do QR Code, muito mais do que está vendo: compreende a história do tema e entende minhas intenções para a escolha das formas que usei para representá-los.
Ele sente o respeito quando damos mais opções de informações. Todo esse movimento multidimensional de experiências estéticas e vivenciais, deixa um legado único e de muito valor para todos.