Pensam o que vai poder ser, o que vai ser, o que será, o que ainda há por vir.
Elaboram imagens contínuas, como num tremendo caleidoscópio gigante que não para nunca, nunca!
Projetam dias, noites, gente que vem, vai, gente que morre, realidades, realidade múltiplas, monolíticas, monotônicas, mono-holística, duplo-etéricas, energéticas, sonsas, mortas, fechadas, sonoras. Boas e ruins, com raiva, sem raiva, enormes, chatas….
Mas que monte de realidades! Multi-realidades-gravitacionais-mentais.
A boca fica falando para dentro destas cabeças. E não tem uma, mas um milhão de boquinhas que falam sem parar um só minuto. Um violento caleidoscópio de bocas.
Você já imaginou sua vida assim, sendo brindada todos os dias por seres chamados “brindadores”?
É! Estes caras existem, mas não o percebemos, pois temos as nossas cabeças meio cheias de coisas, muuitas coisas, muuuito importantes de verdade. Nem vou contestar isso….
Mas estão aí.
São essencialmente alegres e gostam de agradecer a vida, a cada dia.
Não sei ao certo se vão durar muito tempo.
Porém, esta é apenas uma lembrança que eles ainda existem.
Mauricio Andre ficou olhando, olhando e acho que desmaiou, pois ninguém nunca contou o final desta história direito.
Convivendo comigo mesma todos os dias, percebi umas coisas estranhas que parecem conhecer minha mente como ninguém, mais do que eu mesma.
Sugerem, pensam, cogitam, interpretam, dão forma, geram conceitos em mim. Se eu ficar olhando o passarinho “Sorriso”, que mora no planeta Marte… Pronto… Quando olho para mim de novo, meu cérebro está outro: eles dão forma a tudo o que passa pelo que passo a pensar.
São como peixes abissais, iluminando e vivendo nas dobras mais profundas do meu cérebro pensante, esperando a hora de brotar, agir e sumir. Manifestam-se nas mais inusitadas situações, criando até novas cabeças em mim.
Quietos, sabem esperar, sua arma para manterem-se vivos. Ficam assim, por um tempo, pois, também por um tempo, aprendi a espreitá-los.
Despertam ativos nos diálogos humanos pulando, abelhudos, das frases, das palavras incautas, a qualquer dia, hora, minuto. Agora mesmo estão aí, aqui e acolá.
Se iluminá-los, somem por um tempo, mas sempre se fortificam e não morrem jamais.
São tão sagazes e agem tão bem que, um dia, se não ficarmos bem atentos, nos tornamos eles, achando que somos nós que estamos aqui.