Diário de Bordo com Fitzcarraldo. Bar tematizado.

Viagem através de desenhos, pelo filme Fitzcarraldo.

“Já que temos o espaço, vamos trabalhar com a riqueza das imagens. Já que temos a Amazônia, vamos trabalhar com a riqueza de temas que a ela nos dá!”, esse foi o nosso lema para esta produção!

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Decoração de bar de hotel. Um diário de bordo de desenhos feitos sobre as grandiosas imagens do filme FitzCarraldo de Wener Herzog.

O pessoal do hotel queria que o bar do restaurante ficasse mais interessante, já que estava frio, técnico e bem sem graça. Queriam algo que envolvesse o hóspede quando estivesse nesse ambiente muito aberto e totalmente integrado às outras áreas do hotel.  

Quando fui chamada, nos veio em mente fazer algo que fosse grandioso, como uma grande saga pela Amazônia, algo que tivesse um apelo visual cult.

E nos ocorreu de fazer um diário de bordo com meus desenhos, sobre imagens do famosíssimo Filme Fitzcarraldo de Werner Herzog. A sugestão é aproveitar as paredes como um diário de viagem pela Amazônia, onde o viajante faz anotações e desenhos de suas aventuras ao ir conhecendo a Amazônia, sua cultura, a fauna, a flora, a gastronomia, monumentos, a arquitetura. As paredes serão o diário de suas histórias: seus sabores, encontro com onças, índios, histórias fantásticas, mágicas, surreais, peixes fantásticos, curiosas situações que nós vamos criar!

Percebi que eu tinha, também, uma bela saga pela frente!  


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Fitzcarraldo

O filme Fitzcarraldo, de Werner Herzog, é considerado um épico insano: trata-se da história de Brian Sweeney Fitzgerald, um maluco que sonha em construir no meio da Amazônia Peruana, um teatro de ópera.

Ele é fã de Caruso, grande intérprete de ópera e tenta ganhar dinheiro dos jeitos mais inusitados para poder bancar seu caríssimo sonho. É desprezado, o acham um louco e foi chamado, pejorativamente, de “Conquistador do Inútil”. Mas ele realiza o sonho!

O filme é de 1982 e é considerado cult. Além de artistas que fizeram uma época de bons filmes, ele tem imagens grandiosas e belíssimas para representar a saga.  

Queríamos dar a ideia de um ambiente moderno, criativo, atrelado ao destino, provocar a sensação de aventura aludindo à Amazônia, dar um clima de bar curioso.

Também pensamos que deveria ter uma penetração em todos os níveis de compreensão: quem não conhecer o tema, passa a conhecê-lo e quem vir as imagens, verá um diário de bordo cheio de aventuras.

Como bar está bem integrado ao restaurante e ao lobby do hotel, respeitamos a decoração, deixando as imagens em tons sépia, mais ou menos as cores das fotos antigas, que podem, dependendo da prata, variar em tons mais esverdeados ou mais amarronzados. Optei pelos tons séria amarelados indo para o quente da terracota.  

O projeto

Minha meta era a decoração de 6 paredes e colunas que seriam adesivadas com   imagens/montagens de cenas do filme. Para o ambiente ficar mais nobre e moderno, as figuras, textos etc. aconteceriam sobre uma chapa de vidro temperado, preso às colunas, indo do teto ao chão. Este vidro tinha a distância para permitir a limpeza e todas as imagens foram impressas na parte de trás, para não serem arrancadas.

Depois de todas as composições com imagens do filme feitas, parti para a produção dos desenhos a traço. Devo ter feito mais de 400 imagens que representam aspectos da Amazônia.

A ideia inicial era fazer com que as composições se interligassem pelas diversas paredes, provocando novos diálogos entre as imagens.

Queria, também, que o hóspede ou seus filhos, se deliciassem explorando as figuras, num exercício de observação e entretenimento. Todos os meus trabalhos sempre têm um direcionamento para o entretenimento, que faz parte de uma decoração mais divertida e que fale com as crianças também, já que, pelas características, o hotel não tem atividades dirigidas a elas.

As mesas ganharam novas imagens e composições, e ainda, sugerimos que o ambiente tivesse uma testeira que o destacasse do restaurante, um gramofone, uma onça, que seria feita por um artista local, saindo da parede do balcão do bar, projetando-se para fora, além de luzes que lembrassem os ambientes do filme, inserindo a pessoa dentro do tema. No projeto havia um folder explicativo, um material de apresentação e vídeos para os colaboradores do hotel poderem se integrar a ele, falar sobre ele.


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Diário de bordo da criação e pré-produção

A saga da minha produção começou com as imagens do filme! Acabei assistindo-o umas 3 vezes, buscando frases, detalhes e imagens.

Por virem de um filme antigo não havia qualidade nas imagens na sua origem, mesmo sendo captadas através de uma tela grande. Mesmo com estas limitações, elas seriam ampliadas para o tamanho de uma coluna de 2,5 m e tinham de ficar boas, não com qualidade de resolução de imagem, pois isso não é possível, mas uma qualidade na ilustração final dos fundos, boa. Como nos museus.   

Para fazer as cenas tive de usar várias imagens, misturando de baixa e de alta resolução. Meu desafio era dar uniformidade a todas elas, como se todas viessem da mesma fonte, baixando a resolução das melhores, padronizando-as para que tudo se equalizasse na composição final.

Embora a tecnologia de impressão nos permita trabalhar com imagens em resoluções bem mais baixas, mesmo assim meus arquivos eram imensos. Lembrando que tive de me acertar com fornecedores locais que têm suas limitações em conhecimento e técnica, o que acabou mudando parte do projeto.

Depois de feitas, montei o roteiro dos desenhos sobre elas, fazendo um traçado que permeava todas as paredes. Resolvemos tirar os textos, que seriam inseridos junto as imagens para que as pessoas pudessem ler o diário, como nos mapas antigos, por conta de limitações técnicas.

Tivemos de estudar muito as imagens para não serem nem pequenas nem muito grandes e, mais, como acontece com as inscrições da fachada do Taj Mahal, as imagens de cima deveriam ser um pouco maiores que as do meio ou de baixo, para poderem ser vistas quase no mesmo tamanho.

Também não podia deixar as imagens próximas do chão, pois as pessoas teriam de abaixar para olhá-las e isso seria desagradável.

Parti para o desenho, a arte de toda essa saga técnica!

Esboço feito com doodles!

A criação é a parte mais angustiante e a mais gostosa!

Fizemos os roteiros, colocando textos que tinha a ver com a saga, misturado com a vivência do hóspede no destino e no hotel. As imagens dos doodles, depois, foram substituídas pelas minhas, que tinham temas da Amazônia e toda a vida de lá.

Temas ricos

“Já que temos o espaço, vamos trabalhar com a riqueza de imagens. Já que temos a Amazônia, vamos trabalhar com a riqueza de temas que ela nos dá!”, esse foi o meu lema desde o começo.

E daí descobri uma infinidade de temas que, claro, não havia tanto espaço para isso! E nem tempo, nem orçamento!

Ok, mas pesquisa podia fazer e o fiz!

Naveguei pelas vestimentas, descobrindo a riqueza na confecção dos adornos e, especialmente, dos cocares com suas várias formas e tamanhos. Uma inteligência matemática existe no trançado indígenas que não sabemos ver, não conhecemos, banalizamos e, ainda, o desprezamos. Isso tudo muda de etnia para etnia!

E por falar em etnias, segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), acredita-se que existam, pelo menos, 100 grupos de indígenas isolados na parte brasileira da floresta amazônica! E cada uma tem um aspecto particular em sua cultura.

Depois caminhei para alguns patrimónios, vindo a descobrir que o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro de cultivo da mandioca brava foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 2010. As especificidades do sistema são as riquezas dos saberes, a diversidade das plantas, as redes de circulação, a autonomia das famílias, além da sustentabilidade do modo de produzir que garante a conservação da floresta. 

Somente dentro desse sistema desenhei o ritual de plantio, os instrumentos utilizados, as vestimentas, o processo de confecção da farinha, a roça, os cestos, as várias fazes da mandioca.

Depois fui para a culinária, já que estávamos num hotel que oferece em seu restaurante, a culinária regional. Andei pelos pratos mais tradicionais como a maniçoba, a tapioca, o tacaca, peixadas. Por falar em peixes pelo menos uns 20 desenhei e que estão espalhados pelas imagens. As frutas como o açaí e seus subprodutos, o buriti, o cupuaçu, tucumã e outras.

Na fauna a onça, o boto cor de rosa, o peixe boi, o jacaré, as araras, a garça real, os macacos e micos, gavião real, andorinha, os sapinhos variados, passarinhos, a anta, ariranha, borboletas e tantos outros. Na flora, orquídeas, a vitória régia, a bananeira ornamental (helicônia) com seus traços belíssimos, a bananeira vermelha, o guaraná, o jambu.

Objetos utilitários e ornamentais, de rituais e vestimenta.  Os meios de transporte foram as chalanas, canoas, barcos pequenos, as lanchas, um hidro-avião, famoso lá na Ponta Negra e até um balão, que acho que não tem por lá, mas que por serem tão lindos, me permiti a uma licença poética.



Os monumentos e arquitetura de Manaus que não são poucos, e são muito detalhados como o teatro municipal a alfândega, o relógio público, o mercado e tantos outros.  

Todos os desenhos são feitos para que o cliente possa utilizá-los em suas louças, copos ou mesmo em brindes especiais.

Um projeto de arte como este, assim como muitos outros que fiz, sempre rendem derivativos que podem ser utilizados tanto para projetos de brindes ultra exclusivos, bem como uma divulgação divertida nas redes sociais, mostrando aos seus clientes que o hotel preza a cultura local.  

Por Lu Paternostro

Mundo-Novartis do Bem e do Mal

Criação de um fluxograma divertido, criativo, da série Mundos Intrincados, para a comunicação do departamento de publicidade da Novartis. Uma ótima forma de chamar a atenção para uma comunicação importante, que podia tornar-se conflituosa, mas que se torna harmoniosa, quando utilizamos a arte!

Onde tudo começou: O fluxograma que se torna Mundos

“Lu, vimos seu trabalho dos Mundos Intrincados e pensamos em criar um mundo desses para nosso departamento! Vamos conversar?”, me ligou uma pessoa sorridente e simpática, num dia de muita produção e agitação!

“Nossa, que legal! Claro!”, disse eu, pois adoro essas novidades cheias de criatividade!

E pude conhecer uma ideia mais que genial, como uma solução para a comunicação entre o departamento de publicidade e as gerências de produtos da Novartis.
“Vamos explicar como podemos melhor organizar as demandas dos gerentes de produtos, pelos materiais de comunicação e marketing, apresentando o fluxo de pedidos numa obra que chamaremos o “Mundo-Novartis do Bem e do Mal”.  

O que eu não imaginava, é que tudo isso viria, nada mais, nada menos, do que de um fluxograma, muito bem feito e pensado pela moçada do departamento, estruturado em “mundos” de fluxos, baseados nas minhas obras da série Mundos Intrincados.

A série Mundos Intrincados se resume no seguinte: Texturas que contam histórias, histórias que contam desenhos! Como um fluxograma é cheio de informações, cada uma delas se tornaria novos mundos, cheios de personagens e histórias pertencentes, aqui no caso, aos dois maiores mundos ou caminhos que existiam, referindo-se ao resultado dos gerentes com o departamento: o do Bem e o do Mal.

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Processo do desenho.

O desenho originário de toda essa ideia, seria adesivado numa parede do departamento. Porém, o que eles não tinham observado, é que o fluxograma que haviam criado era praticamente quadrado, com predominância para o vertical e a tal parede, totalmente horizontal.

“Imaginamos algo por aí…”

“O que pensamos seria algo assim…”, e me apresentaram inúmeras imagens, feitas com os tais doodles.

Os doodles são esboços de figurinhas conhecidas, normalmente com aquele aspecto de “feito à mão”, à caneta ou lápis, em linhas pretas sobre branco, onde se preenche o espaço pictórico de forma, normalmente, aleatória. Ou são pequenas vinhetas como os doodles do Google ou aquelas figurinhas divertidas do RedBull, por exemplo.
Usam-se os doodles para vários tipos de comunicação, por ser jovem, descontraído e divertido!

No caso dos Mundos Intrincados, as imagens têm uma semelhança com os doodles, mas a configuração da obra é totalmente outra, pois ela tem uma composição final, que chamo de “a grande forma”, onde tudo acontece.  

Outro diferencial é que tenho um traço e temas próprios do meu universo, nada semelhante aos temas recorrentes nos doodles.

Você pode observar esses detalhes, exercitando o que chamo de Slow Art ou seja, deixar-se levar, durante um tempo, a olhar uma obra de arte nos seus detalhes. Ir descobrindo as intenções do artista, perceber nuances de traços e expressões. No caso dos Mundos Intrincados, você pode descobrir situações e personagens escondidos, como um “voyeur”.


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Uma mudança de parâmetro: Janelas e portas como espaços-arte

Claro que a vontade cheia de energia e vivacidade dos jovens criativos, era colocar a obra finalizada em portas, janelas, objetos, etc. Paramos somente na parede do departamento, por conta do custo!

Mesmo assim, me passaram as medidas de todos esses espaços e não medi esforços para fazer simulações diversas. Acho um charme adesivar as paredes com imagens que geram impacto visual, em ambientes diversos, e que podem se tornar instagramáveis, ou seja, você faz um belo self com ela e posta no seu instagram!

Embora a arte tenha ficado restrita a uma parede, a ideia e a vontade de espalhar as figuras por toda a empresa permaneceram vivas!

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O fluxograma transmutando. Construindo os Mundos Intrincados da Novartis

Essa etapa do trabalho foi uma das mais difíceis, onde quebrei a cabeça e o fluxograma para conseguir ajustar tudo num desenho possível, que se adequasse ao espaço que tínhamos definido.

Desmontei e remontei tudo num novo formato, colocando imagens de pequenos mundos dentro dele, recompondo-o.  Pude parar com mais calma e ler o que o pessoal colocou nesse fluxo de informação. E fiquei mais e mais empolgada! Pensaram como os Mundos Intrincados, mesmo!

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A macro-forma, onde tudo vai acontecer dentro dos Mundos Intrincados, seria um tipo de mapa mundi. O desafio maior foi recriar tudo e transformar as informações em desenhos, para se tornar uma obra. 

Daí começa uma outra nova jornada e a mais demorada: desenhar. Quase um mês para, finalmente, a obra ficar pronta!

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Uma nova dimensão: A cor. Entra em cena os protagonistas da ação!

Depois de feito o desenho original, a próxima etapa é a digitalização da imagem, feita num scanner de alta resolução. Agora, com a obra no computador, é preciso definir as áreas que vão levar cores, destacando os protagonistas da grande ação.

Sugeri que não fizéssemos toda a imagem colorida para não pesar ou cansar num ambiente de vivência diária. Queria dar um tom bem original e diferente para a nova peça, além de mais “espaço” para um novo “diálogo”, agora acontecendo, não entre as personagens, mas sim entre outras dimensões: o preto, as cores e o branco do fundo.

Momento Slow Art. Hora de curtir os detalhes do novo Mundo Novartis do Bem e do Mal!

Tudo feito, aplicado no local, hora de curtir um ambiente criativo, novo e energético.

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Alguns detalhes da obra toda.

Nossos ambientes precisam de vibração e alegria e as paredes podem se tornar espaços pictográficos para isso! Nosso cérebro sente essa vibração. Por isso é tão importante colocarmos mais arte no ambiente de nosso trabalho ou residência!

Nos Mundos Intrincados, as coisas precisam de calma.

Como temos muita coisa para ver num único lugar, ou paramos um pouco nosso tempo para entrarmos nas formas, ou deixamos que as personagens e as situações apareçam aos poucos, conforme olhamos para elas, em nosso dia a dia, de formas e sentimentos variados.

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Obra finalizada com áreas de cor. Mundo do Bem e do mal da Novartis, por Lu Paternostro.

Após a obra feita e colocada no local, novas situações acontecem como a integração com as pessoas que entrem, pela primeira vez, e se sentem impactadas.

Essa reação, essa viração é o propósito de espalharmos a arte pelos espaços, para mais perto das pessoas.



Por Lu Paternostro

The Guest World Intercontinenal

Original: Desenho, nanquim sobre papel. Sala VIP do hotel.
Painel permanente: Galeria das Artes do hotel.

Uma jornada pelo mundo do hóspede do Intercontinental São Paulo num desenho divertido, da série Mundos Intrincados!

The Guest World Intercontinental by Lu Paternostro | Clique na imagem para ver com detalhes. | Proibida reprodução. Todos os direitos reservados. Copyright Lu Paternostro.

“Vamos desenhar o mundo maravilhoso do hóspede do InterContinental?”, disse eu à Joice, comercial do hotel na época, e uma pessoa que ama novas ideias! Imediatamente passou a proposta para frente, que foi aprovada.
Desta forma, comecei uma verdadeira jornada de pesquisa, não na web, mas no hotel, para descobrir o que o hotel tem de bom para o hóspede. E olha, tem coisa boa, viu?

O objetivo aqui era desenhar um grande mundo, cheio de figuras, personagens e as histórias que vivem os hóspedes do Hotel InterContinental São Paulo.

Para começar, e mesmo morando em São Paulo, combinamos que eu iria passar um fim de semana hospedada no hotel.

Antes, porém, elaborei uma série de perguntas para eu responder e para os funcionários responderem e um checklist para eu observar durante minha estada.

No hotel, durante o fim de semana, momento de viver uma vida de hóspede, experimentei o restaurante, o bar, o café da manhã, a deliciosa cama de meu apartamento, e os fofos e profusos travesseiros, ao mesmo tempo que andava pelo hotel pra lá e pra cá, conversando com a equipe,

Como todos os hotéis, os colaboradores são muito reservados, e por isso, nessa etapa, é importante a interferência de uma pessoa do hotel, explicando o porquê de tantas perguntas e o que eu estava fazendo por lá. Como são muitos funcionários e às vezes essa informação não chegou a alguns deles, senti uma certa dificuldade com alguns colaboradores de abrirem suas “histórias curiosas”. Natural. Não deixava de ser uma estranha perguntando coisas estranhas. Quando percebia isso, me apresentava e tudo ia um pouco melhor.

Troquei ideias com o concierge, os garçons, as camareiras, os seguranças, o mensageiro, o chef de cozinha, o barman, a recepção.  

Trocar ideia com estas pessoas, foi um dos momentos mais legais de minha estada lá. Me contaram muitas coisas interessantes sobre os hóspedes, de curiosidades a coisas inusitadas e, até alguns episódios de fantasmas, típico da imaginação profícua da gente criativa. Alguns abriram seus sonhos que, em minha cabeça, viravam verdadeiras histórias com roteiros completos!

Eles foram as peças fundamentais dessa jornada e inspiraram a criação de meus desenhos, criados com muito prazer.

Entendo que tudo faz parte de mundos que se intrincam, se inter-relacionam e se transformam nesse inter-relacionamento. A grande obra acontece no todo!

A Macro-Forma: onde tudo começa.

A macro-forma, na série Mundos Intrincados, texturas que contam histórias, histórias que contam desenhos, é de onde tudo parte, tudo começa.  

A marcro-forma é aquela que você vê de longe e que se quiser, fica só nela, como um grande desenho abstrato, pronto, e vai embora. As histórias, o motivo de existir da obra, passam ilesas e despercebidas. Você fica tranquilo e pode dormir em paz. Acabou.

Mas, tem aqueles que são curiosos, querem ir um pouco mais fundo nessa história toda, sentem-se perturbados, mas enfrentam porque descobrem que, por trás dessa imagem abstrata, um mundo caótico, energético e cheio de movimento, acontece.  

Eram centenas de mundos de histórias que se forma e preenchem o papel. Coisas que vou sentindo, pensando, lembrando, tudo vai acontecendo nesse grande espaço.

Foi um mês ininterrupto de trabalho, documentado passo a passo, que compilei num vídeo em time lapse.  A obra original foi emoldurada e doada ao hotel.

Mas o foco maior seria a sala principal da área de eventos, onde reproduzimos a obra num imenso painel de 3 x 2,5m. As pessoas se sentavam por lá, ficavam indiferentes em seus celulares e mundos, mas alguns ficavam sentados “lendo” as situações desenhadas. Tudo havia existido, umas de forma mais fantásticas, outras, de verdade, quase reais.

Depois de feito, do desenho original. retirei as principais composições e montei uma galeria de 100 peças para serem utilizadas pelo pessoal do marketing do hotel. Foram utilizadas para a produção de inúmeros brindes diferentes e bem exclusivos.

Hoje as pessoas costumam tirar fotos dele e com ele, pois trata-se de um desenho bem diferente e curioso. onde se pode sentar no sofá à frente dele e ficar contemplando os mundos dos hóspedes do InterContinental São Paulo.

Por Lu Paternostro


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