Os “loucos” têm sempre uma questão cozinhando nas suas vísceras cerebrais. É uma só cabeça, cheia de outras mil. Cabeças que pensam e falam, falam, falam.
Falam e nascem. Vão nascendo e, como bexigas, sobem quentes, alto, tão alto que estouram. Ou murcham e caem na cabeça da gente que nada sabe, viu, ouviu.
Algumas vão longes, que nem bolhas de sabão, e se dissolvem em si mesmas.
Outras vêm desenfreadas sobre nós.
Você nem imagina quantas cabeças vi jorrando de bocas desembestadas, me atacando sem parar. Depois que entram ficam lá dentro da minha cabeça, rosnando, grunhindo.
Preciso desenvolver um cérebro-moela para me proteger de tudo isso.
Pensam o que vai poder ser, o que vai ser, o que será, o que ainda há por vir.
Elaboram imagens contínuas, como num tremendo caleidoscópio gigante que não para nunca, nunca!
Projetam dias, noites, gente que vem, vai, gente que morre, realidades, realidade múltiplas, monolíticas, monotônicas, mono-holística, duplo-etéricas, energéticas, sonsas, mortas, fechadas, sonoras. Boas e ruins, com raiva, sem raiva, enormes, chatas….
Mas que monte de realidades! Multi-realidades-gravitacionais-mentais.
A boca fica falando para dentro destas cabeças. E não tem uma, mas um milhão de boquinhas que falam sem parar um só minuto. Um violento caleidoscópio de bocas.