Por ocasião do Festival Literário da cidade de Žilina – Eslováquia, aconteceu o workshop de pré-lançamento do 1° livro de lendas brasileiras bilíngue Livro Brazílske Legendy | Lendas Brasileiras, da autoria de Regina Guerra. O evento contou com a participação doExmo. Sr. Embaixador Eduardo Gradilone e da Exma. Sra Embaixatriz Diva Cristina Gradilone. O livro Brazìlske Legendy | Lendas Brasileiras foi editado pelo Instituto Português, com o apoio da Embaixada do Brasil na Eslováquia.
A tradutora Júlia Jellúšová conversou sobre sua experiência na tradução do livro e contou algumas das lendas. As crianças ouviram com grande atenção e curiosidade, pois, além das lendas serem um mundo fantástico a parte, foi contada a história, também, sobre as ilustrações que foram feitas por Lu Paternostro, e que as imagens que iam pintar vieram do Brasil até a Eslováquia! Elas atravessaram o Atlântico! Isso dá mais “sabor” aos desenhos, que têm bastante detalhes e que as crianças gostam!!
O livro conta a história de 8 personagens, muito famosos, de nosso rico repertório de lendas brasileiras: a Iara, ou a sereia brasileira, que vive em nossos rios, encantando navegantes e pescadores; o Boto Cor de Rosa, um personagem intrigante, mais frequentemente encontrado na Região Norte do país, que ai encanta as mulheres que ficam nas beiras do rio e do mar; o Curupira, um típico protetor das selvas, que engana seus perseguidores com seus pés invertidos; o Saci, ou vários Sacis, uma turminha de moleques malandros, que aprontam com a gente que não acredita neles; o Boitatá, a cobra que se reveste de fogo para proteger a floresta dos homens destruidores; a Mula sem Cabeça, que, em sua história dramática, ensina o poder da coragem e do amor de uma mãe por sua filha; a Sucuri, a cobra de verdade, mas um tanto quanto mística, cheias de lendas, que protege as selvas amazônicas, e a história do Papagaio e do Tamanduá, que fala de justiça e conta porquê o bico dessa ave é torto e de suas cores serem tão vivas e diversas.
Além da ilustração de capa e das personagens das lendas, o livro é ilustrado por desenhos de crianças eslovacas, que interpretam os temas das lendas.
O livro Brazìlske Legendy | Lendas Brasileiras foi editado pelo Instituto Português, com o apoio da Embaixada do Brasil na Eslováquia.
Saci PererêSereia IaraBoto Cor de RosaTamanduá e o PapagaioMula sem CabeçaBoitatáSucuriCurupira
Ilustrações de Lu Paternostro feitas para as crianças pintarem no livro e nas oficinas de arte.
Crianças eslovacas fazem arte inspirada nos personagens das lendas do Brasil
O workshop de lançamento do livro teve a participação de crianças de 2 a 13 anos! As crianças ouviram as lendas, receberam estímulos visuais diversos dos personagens, pintaram, desenharam, colaram, criaram texturas imaginaram as histórias! Uma das atividades era a de colorir os desenhos feitos por Lu Paternostro e uma forma de ver as imagens, que são complexas, em formas mais simples!
O Livro Brazílske Legendy | Lendas Brasileiras será distribuido pela Embaixada do Brasil na Eslováquia à instituições locais, escolas e autoridades. Pode também ser comprado no Instituto Pottugês.
Era essa a proposta para a criação de um Projeto Expografico integrando todas áreas do hotel.
A exposição “Recortes de Manaus” é uma exposição fotográfica permanente, com fotos de Lu Paternostro e do fotografo Sergio Fecuri.
A proposta é encantar o hóspede de qualquer lugar do mundo, com fotos e recortes fotográficos em grandes formatos, inserindo o visitante nos temas específicos da região, levando-o a conhecer os monumentos e estátuas de Manaus, a fauna e flora da Amazônia, com botos que parecem, de tão realistas, nadar dentro das paredes, ou a onça pintada, enorme, que observa a cada pessoa que passa.
Além da fauna e natureza local, é contemplado a borracha e o processo artesanal de produção, o artesanato, a arquitetura famosa e detalhes que poucos observam delas, como inscrições antigas e que só um olhar muito atento, encontra escondido por uma cidade um tanto quanto caótica. Maquinários, datas e tantos outros detalhes, mostram um pouco da história da cidade e da região.
Para quem visita o hotel, se sente mais próximo do destino, levando para si, um pouco de sua alma, muitas vezes, sem poder visitar pessoalmente. São mais de 40 imagens que possibilitam ao visitante fazer essa “viagem dentro da viagem”.
Uma dança folclórica da Palestina, Líbano e Síria. Dabke significa “sapateado”. Podem participar de 6 a 15 dançarinos e dançarinas.
Ilustração “Sírios Libaneses e a Dança Dabke”, da série “Imigrantes Brasileiros. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
A Dança Dabke
O povo Sírio e o Libanês, são cheios de histórias muito antigas, tradições e a religião presente na sua vida, na sua arte, música. Inseriram várias palavras em nosso vocabulário, e nos influenciou com sua rica gastronomia típica, que agora pode-se dizer “brasileira”, como a esfirra, o quibe, a qualhada, o labne (qualhada seca), o homus (pasta de grão de bico) e tantas outras que já se incorporaram na nossa cozinha e gosto. E sabem ser mestres na arte do comércio, trazendo toda sua tradição secular e cultural de comerciantes para nossas cidades, principalmente a cidade de São Paulo, na rua 25 de março e bairros como Bom Retiro e Brás, dentre outros.
Na dança, a mais conhecida para nós, é a dança do ventre, porém, seguindo a linha de trazer temas mais tradicionais das culturas, procurei uma dança mais típica e histórica, escolhendo a representação folclórica da dança Dabke.
Para os árabes, a dança é uma importante expressão artística e a Dabke é uma das mais representativas, é dançada na época da primavera, estação das chuvas, ou em casamentos na época das colheitas.
Dabke significa “sapateado”. Podem participar de 6 a 15 dançarinos e dançarinas.
Representa, de forma geral, o ato de amassar o barro: acredita-se que possa ter originado da necessidade de se consertar as casas que, antigamente, eram feitas de pedra e lama, com seus tetos de madeira, palha e lama. Com o passar do tempo, a camada de palha e lama se quebrava e, para não infiltrar a água da chuva dentro das casas, estas eram reparadas com lama molhada.
Para fazê-la o povo se unia e ia umedecendo a lama e pisoteando-a, um trabalho que exigia a presença de muita gente da comunidade e levava muito tempo. Os vizinhos se ajudavam: se alinhavam, agarravam as mãos e avançavam um passo e pisoteavam, depois dava um passo à direita e pisoteavam novamente. Isso foi dando início a uma coreografia.
Durante esse processo, cantavam poesias e dançavam ao ritmo delas, dando um passo à frente, um pisoteio e um passo à direita e outro pisoteio. Com tempo o ato começou a se enraizar e começaram a chegar os instrumentos, dando origem à dança e à música do dabke.
Por ser de origem campesina, não se usam muitas cores, e sim trajes mais simples. Porém, nas danças apresentadas por grupos para folclóricos, feitas para apresentações em palco, normalmente as vestimentas são mais enfeitadas, coloridas e até, um pouco, descaracterizadas. Mas isso é parte da apresentação.
Em minhas ilustrações, gosto de usar as cores vivas. Aqui, respeitando as vestimentas mais sóbrias em sua origem, ao fundo, resolvi explodir os tons laranjas vivos e quentes, deixando as figuras mais suaves em destaque.
O Narguilé
Em primeiro plano, por ser um objeto bem detalhado e, em algumas versões, bastante coloridos e enfeitados, coloquei a imagem de um narguilé, um cachimbo de água, utilizado para fumar tabaco aromatizado, dentre outros tipos de fumo.
Seu nome é de origem persa e é utilizado em muitos países do mundo, em especial no Norte da África, Oriente Médio e Sul da Ásia. Têm-se espalhado, recentemente, para a Europa e Américas.
Os Sudaneses, não estamos falando dos habitantes do país Sudão, mas o povo de uma grande região da África, a costa central-ocidental, são considerados uma nação, um grupo étnico cultural, ou seja, falavam quase a mesma língua, possuem os mesmos hábitos e religiões semelhantes. Foram eles que trouxeram para o Brasil, o candomblé.
Ilustração “Africanos Sudaneses e a Dança dos Orixás”, da série “Imigrantes Brasileiros. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Junto com os Bantos, que foram os primeiros a chegar aqui, formam os dois maiores grupos de escravizados que vieram para o Brasil. Com o tempo vieram negros de outras regiões, mas estes foram os que mais influenciaram nossa cultura.
Ambas as culturas, Bantos e Sudaneses, acreditavam em várias entidades, como os orixás (para os Bantos, os inquices). Acima deles, estava o Deus supremo, a entidade suprema que tudo cria. Para os Sudaneses essa entidade máxima chama-se Olorum e para os Bantos, caham-se Zambi. Mesma realidade com nomes diferentes.
Os Sudaneses trouxeram para o Brazil o Candomblé.
Candon significa tambor. Candongueiro é o escravo que tocava o tambor na língua iorubá, dos Sudaneses. O Candongueiro era, também, uma espécie de “dedo-duro”: quando os escravos estavam trabalhando numa lavoura, por exemplo, o candongueiro, percebendo o feitor distraído, tocava o tambor num ritmo específico que os escravos já entendiam que eles poderiam fugir. E se a fuga fosse descoberta, o candongueiro mudava o ritmo e os escravos se continham, pois eles haviam sido descobertos.
O Candomblé não tem um livro sagrado, mas narrativas, ou itãs.
Na narrativa de um Itan, a criação do mundo é mais ou menos assim: Não havia separação entre os deuses ou o Deus supremo, Olorun, e os homens, nem entre o céu e a terra. Um dia, um homem tocou o Orun, que é o céu, com as mãos sujas. Olorum (Deus supremo) ficou indignado e soprou forte, e com esse sopro, ele separou o céu (Orun) da Terra (Aiyê).
No Orun, no céu, nós temos o panteão, onde habitam os orixás, entidades divinas que nunca tiveram existência na terra, criados por Olorum, e os eguns, homens que tiveram existência na terra e que são os nossos antepassados.
A união entre os dois espaços, o céu, Orun e a Terra, Aiyê, acontece dentro do culto ou no terreiro de Candomblé. No Brasil temos 12 divindades mais populares, e, no terreio, eles ficam no panteão dos orixás, no centro, onde os vemos dançando, incorporados nos médiuns.
Cada um tem um nome, símbolos que o representam, suas personalidades forças e poderes, suas cores, colares de contas com combinação de cores especificas, dias da semana e, no sincretismo, os santos católicos que os representam, dentre outras características. Cada um tem um tipo de oferenda e de música.
As oferendas, dadas aos orixás, específicas para cada orixás, é uma forma da pessoa se realinhar com eles, com o céu, com a Terra, a Orun. É o dar e receber.
Embora seja uma religião monoteísta, os Orixás, que estão diretamente ligados a Olorun como emissários, entidades espirituais representantes do Deus supremo, tem seu espaço dentro da criação e se conectam mais fortemente aos anseios dos homens e mulheres devotos, recebendo mais destaque. Olorun acaba ficando oculto, abstrato, e até esquecido, mas é super respeitado no mais íntimo de cada homem. Olorun, o Deus supremo, encarregou um Orixá, Oxalá, da criação dos homens, do mundo.
No Candomblé, temos 3 forças essenciais: o Iva, ou a criação, o Axé, que faz a criação desabrochar e Obá que dá um destino, um rumo certo para a criação.
Como gosto de desenhar as danças tradicionais dos povos, resolvi representar a Danças dos Orixás, na verdade um pequeno momento do que é o ritual e seu movimento.
Minha vontade aqui foi de criar um desenho muito colorido, com tons bem característicos do Brasil, com cores fortes, vivas e quentes.
Os orixás são muito detalhados em suas vestimentas e isso dá uma boa chance de os brindarmos com formas ricas, profusas, muitas cores e movimento!
No desenho, o tocador de tambor é uma figura que simboliza o ritmo do Candomblé.
Na composição resolvi usar dois orixás, pois queria mais destaques de detalhes a eles. A escolha foi baseada nas suas cores predominantes, suas formas.
No primeiro plano está Oxum, a Deusa das águas doces, dos rios, das fontes, dos lagos. A deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor. Leva um espelho em suas mãos. Maternal, tranquila, quieta. Cuida, flui. Sua cor, o amarelo ouro, intercalado aqui com as minhas cores quentes. No sincretismo católico, é representada por Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora das Candeias.
Mais atrás, com a predominância dos verdes, Oxóssi, deus da caça, é o patrono do Candomblé Brasileiro. Seu elemento são as florestas. Usa um pequeno arco associado a uma flecha em suas mãos.
No sincretismo católico, São Jerônimo, Santo Antônio, São Pedro, São João Batista, São José e São Francisco de Assis.
Oxalá está presente como símbolos. Oxalá é o criador do homem, o Deus da Criação, e pode ser representado como jovem ou velho. Seu elemento é o ar. Seu símbolo, aqui posicionado no centro da imagem, é Oparoxó (cajado de alumínio com adornos). No sincretismo católico, tem sua representação em Jesus Cristo. A pomba, que também o representa, é uma de suas oferendas.
Para alinhar com todos e sua profusão de cores, instrumentos musicais flutuam no fundo da imagem. Um universo de ritmos, sabores, cores, emoção e fé.
A África é chamada de “O Continente Negro”, onde se acredita que se deu a origem da raça humana. Um espaço geográfico de culturas, etnias e línguas muito variadas, nunca sendo caracterizada por uma cultura homogênea, em termos humanos ou culturais.
Ilustração “Africanos Bantus e o Jongo”, da série “Imigrantes Brasileiros. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Alapalá, egum, espírito elevado ao céu Machado alado, asas do anjo Aganju Alapalá, egum, espírito elevado ao céu Machado astral, ancestral do metal Do ferro natural Do corpo preservado Embalsamado em bálsamo sagrado Corpo eterno e nobre de um rei nagô Xangô
Babá Alapalá. Gilberto Gil
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Africanos Bantus e o Jongo
Num passado não tão remoto, comparado com a história da África, alguns povos vindos de Angola, do Congo, de Moçambique, da Nigéria e de outras partes do Continente Negro, atravessaram o Atlântico e foram parar no Brasil. A maior parte dos negros escravizados que vieram trazidos para o Brasil eram de etnias bantas (Congo, Benguela, Cabinda, Angola, Angico etc.), sendo os primeiros que chegaram, vindos a costa ocidental africana.
Entre as etnias africanas, existem nuances, ficando muito difícil falar sobre elas, ainda de uma forma específica! Mas, o que é objetivo, é que estes povos trouxeram para o Brasil grande parte da riqueza cultural que hoje temos aqui – Muito do nosso vocabulário atual tem origem banta, de nossa gastronomia, frutas, vegetais, cultura e muitas coisas mais!
No campo da música, os bantos forneceram grande parte do ritmo que caracteriza a música brasileira. O gosto dos bantos pelos batuques, atabaques e instrumentos de percussão se refletiu em gêneros musicais como o samba, a bossa nova, o coco, o maracatu, o pagode, etc
Por conta disso, quis representar uma dança, que aqui se torna, não uma dança específica, mas uma síntese simplória, por assim dizer, do movimento relacionado às danças e rituais religiosos.
Pesquisei sobe o tema das danças dos bantus, mas quase nada de específico achei disponível sobre o tema. Embora temos muitas imagens, não há identificação de ondem são ou o que representam. Parece tudo muito misturado, confuso de se entender, também, porque os africanos e sua cultura original não são nada padronizados.
O que posso tirar, é que as tribos têm sua religiosidade misturada com sua vida diária, e a dança se confunde com a vida, que é a luta da vida, que se une com os rituais religiosos.
Na pesquisa que fiz, optei por esta dança que foi filmada no meio de uma comunidade, por parecer ser mais genuína, pé na terra, sem as “fantasias” típicas dos grupos para folclóricos*.
Mesmo assim, recriei as suas roupas, inserindo uma enorme quantidade de elementos e cores. Desta forma quis representar a riqueza e a diversidade desse povo, de sua vida, cultura e de sua gente e saberes.
O que mais chama a atenção nas danças africanas, de forma geral, são os inúmeros movimentos rítmicos, quase que semelhantes e um estado de transe, transformando os corpos em ondas de movimentos quase inconcebíveis!
Procurei representar um pouco disso no movimento dos traços, no ritmo de formas que se repetem, nas texturas, nos detalhes que adquirem muitas cores, criando uma nova paleta, uma forma de agradecer a eles a riqueza que me deram.
Também a forma que encontrei de “dançar” um pouco com eles.
O Jongo
O Jongo, ou Caxambu, é um ritmo que teve suas origens na região do Congo-Angola. É uma dança profana para o divertimento, mas uma atitude religiosa permeia a festa.
Antigamente, somente os mais velhos podiam participar, ficando os mais jovens apenas observando. Também é a dança dos ancestrais, dos pretos-velhos escravos e dos cativeiros.
* Os grupos para folclóricos são utilizados para nos contar mais de nossa cultura tradicional ou típica, mas de uma forma mais colorida, os detalhes mais ressaltados, feitos pensando em apresentações em palcos. São como shows, mas com tema cultural.
Riquíssima em suas vestimentas típicas, unidas aos movimentos que desenham o espaço visual com seus leques abertos, escolhi esta dança para representar o tema dos coreanos, primeiro por ser tradicional e segundo, por ser hiper colorida. Sabia que poderia colorir tudo ainda mais.
Ilustração “Coreanos e a Dança dos Leques”, da série “Imigrantes Brasileiros. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
A ilustração digital me permite usar todas as gamas de cores possível, principalmente quando pode ser vista na tela de um celular, computador, tablet. Não temos a limitação das misturas de pigmentos, dos suportes que alteram as tintas ou mesmo influência da secagem, que também pode alterar algumas cores, em algumas técnicas de pintura.
No universo do digital, trabalho nuances que, muitas vezes, não podem ser traduzidos numa imagem impressa, mesmo que tenha toda a precisão possível, e cuidado, no processo de impressão. A tradução do meio digital (RGB, as 3 cores básicas que compõe a luz branca, considerando-se a resolução em tela) para o meio impresso (ou a tradução em CMYK, as 4 cores básicas da impressão off set, por exemplo) já impõe limites nos nuances das representações das cores. Mas jamais desconsidero a pintura, ou a aquarela, ou outra técnica como a gravura, e tantas outras, com todas as suas possibilidades pictóricas, pois também adoro explorar outros meios. Todos os meios, nas suas possibilidades e limitações, são válidos e acabam dando outras formas à uma criação. Um outro universo acontece quando trabalho no meu atelier. Mas isso vamos falar num outro momento.
Quando trabalho com a arte digital, ou melhor, com ilustração digital e as possibilidades de aplicação desta ao design, como objetos, roupas, e tantos tipos de suportes, gosto de explorar ao máximo das cores. Ao máximo mesmo!
Quando pesquisava sobre os temas para representar os coreanos, foi difícil escolher um, e me deparei com a dança dos leques, vi que seria uma ótima oportunidade de explodir as cores! Os leques e as roupas das bailarinas eram a minha oportunidade.
Então, na composição, preferi dar destaque para as dançarinas, porque assim podia explorar seus movimentos e detalhes de seus leques e roupas, embora o auge de uma apresentação da dança dos leques, seja a grande forma composta por todas as bailarinas juntas ou a coordenação de seus movimentos.
Para diferenciar cada ilustração dessa série, escolhi fundos homogêneos, de cores, preferencialmente, mas não obrigatoriamente, com algum tom complementar.
Quando vi a predominância do carmim nas imagens que fui pesquisando, não me saia da mente a vontade de fazer este azul, mas era este azul, não outro. Demorei um pouco para afiná-lo.
Mesmo sabendo que a imagem fina impressa, seria pequena, não hesitei em caprichar nos detalhes. Simplesmente descobri que preciso fazer os detalhes, por uma necessidade! Adoro que descubram os detalhes que faço!
Trata-se de uma dança tradicional coreana, mas considerada nova, pois sua primeira apresentação aconteceu em 1954, tornando-se muito apreciada por seu povo, principalmente os sul-coreanos.
É executada por mulheres, vestidas de roupas tradicionais coreanas, as hanbok, ou com representações de vestimentas orientais, sempre muito coloridas.
Dançam em grupos, e vão executando coreografias com os leques, unindo-se, vão gerando formas tipo mandalas, espirais, ondas, sempre com movimentos suaves, femininos, coordenados, com seus leques que vão fazendo diversos desenhos no espaço. Quando os leques possuem cores diferentes em cada face, o efeito destes junto com a dança, é muito bacana.
Pesquisando as hanbok, ou “roupa coreana”, fiquei boba de ver a combinação de cores, dos tecidos, das texturas que as compõe. Confesso que criei as roupas baseadas em imagens, mas o que mais me inspirou foram as cores e os detalhes. Criei meu próprio figurino e detalhes.