Peça da Exposição “Histórias do Universo dos Falantes”. Visite!

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Interiorizando-se: Uma questão existencial

O cara resolveu tirar a vida para interiorizar-se e passa a vida interiorizando-se. Procura em seu umbigo o sentido de sua vida. Procura nos olhos e ouvidos dos outros, um sentido para parecer vivo.

Procura interiorizar-se quando tem gente perto: chegou gente, gente perto, pimba! Interioriza.

Tem moçada que tenta se interiorizar junto com ele, outras ficam discutindo e elucubrando sobre sua interiorização.  Outras, porém, vão embora.  Seu umbigo em nada interessa.

Quando o cara está almoçando, ele fica interiorizando-se em colheres espelhadas, olhos, pingentes. Mas sua imagem some delas e dele também, pois todos saem e vão embora, depois. 

Procura algo fora e dentro de si, mas logo para e fica na espera. Espreita um pouco e some novamente de si.  Chega alguém, ele começa a existir, mas sempre meio fora do ser em si.

Ele vive no “só seu”, eterno “só seu”. 

Quieto, enfiado, enterrado em si, sumido de si, ainda carrega uma força latente.

Será que, como as sementes, um dia brotará? Com tanta mente em olho-umbigo? Per, si?

Não sei.

Por Lu Patermostro