Ilustração “Os Lituanos”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Lituanos", da série "Imigrantes do Brasil". 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Ilustração “Lituanos”, da série “Imigrantes do Brasil”.
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Lituanos

Localizada no norte da Europa, tem litoral no Mar Báltico. É um país encanta a todos por suas incríveis paisagens, ilhas de castelos, construções medievais, bosques, rios, lagos, paisagens que parecem de contos de fadas!   

Uma nação de cultura muito rica, a preservação da arquitetura barroca em sua capital, seus museus, igrejas, festivais de teatro e música, fazem parte da tradição do maior país entre os países bálticos. Porém, a Lituânia passou por sérias dificuldades, o que acabou gerando uma imigração dos lituanos para outros países, dentre eles o Brasil.

O primeiro registro da presença de um cidadão lituano no Brasil, data de 1886. Trata-se do coronel Andrius Visteliauskas, que auxiliou o Exército Brasileiro durante a Guerra do Paraguai. 

O primeiro grupo de lituanos chegou ao Brasil entre 1888 e 1890, e se dirigiram para o Rio Grande do Sul, em Ijuí, uma cidade que recebeu além dos lituanos, poloneses, alemães, austríacos, italianos, suíços, tchecos entre outros, tornando-se uma prospera cidade para os padrões da época.



Em 1923, após uma divulgação feita por agentes brasileiros na Lituânia, o Brasil atraiu uma leva maior de cidadãos lituanos interessados em emigrar. De acordo com os registros do governo brasileiro, 6 mil imigrantes chegaram a São Paulo nessa época, para trabalhar nas lavouras de café, algodão e cana de açúcar do interior do Estado, principalmente nas cidades de Ribeirão Preto, Araraquara, Colina e Barão de Antonina. Vieram atraídos pelas promessas de trabalho e de terras baratas para cultivo. Porém muitos se estabeleceram na cidade de São Paulo, indo trabalhar como operários, em indústrias no bairro da Mooca. Alguns trabalharam, na construção da Estrada de Ferro Sorocabana. Concentraram-se nos bairros da Mooca, Bom Retiro, Vila Anastácio, Vila Bela, na capital.  

Em 1926, o estado do Rio de Janeiro também recebeu algumas centenas de lituanos que se instalaram no município de Caxias e na então Capital Federal. Dedicaram-se ao comércio, à indústria e à arte, tornando-se fundadores de fábricas, bares, restaurantes, mercearias. Após 1940, devido às restrições impostas aos estrangeiros pelo presidente Getúlio Vargas, e também em reflexo da ocupação soviética da Lituânia em 1944, a comunidade entrou em declínio.

A maioria dos lituanos vindos naquele período acabou abandonando ou fugindo das fazendas de café em busca de trabalho na indústria paulista, empolgados com as notícias que recebiam daqueles que residiam em São Paulo.


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A cidade de São Paulo é a segunda maior colônia de lituanos do mundo, atrás somente da cidade de Chicago, nos Estados Unidos. A imigração lituana para o estado de São Paulo ocorreu em três fases. A primeira, de 1926 a 1929, foi composta por camponeses. Em meados de 1930, veio uma leva constituída de operários e trabalhadores com alguma qualificação profissional e, após a II Guerra Mundial, a terceira leva, vieram fugidos do regime comunista da União Soviética.

Em 1927, no bairro da Vila Zelina, também na cidade de São Paulo, chegaram várias famílias lituanas, hoje considerado núcleo de uma comunidade de descendentes de lituanos. Pelo fato dos lituanos serem em sua maioria católicos, e alguns luteranos, a Igreja de São José foi construída com o capital dos imigrantes lituanos, e exerceu um papel importante para a comunidade, por se tornar um espaço social, onde se mantinha os costumes e as tradições dos lituanos, bem as reuniões que faziam para saber notícias de algum parente que estava na Lituânia, na época sob o controle da União Soviética. Hoje mais de 7.000 habitantes, a maioria filhos e netos destes imigrantes, moram na região.



Em frente à igreja foi criada a Praça República Lituana, em 1976, onde foi edificado o Monumento à Liberdade, em 1982, um marco comemorativo do cinquentenário da imigração (1926-76). Na praça realizam-se todos os anos, um ato cívico, precedido de missa e apresentação de danças folclóricas para comemorar o dia da Lituânia, a 16 de fevereiro.

Gastronomia.

A gastronomia Lituânia é adaptada para o clima frio da Europa. Utiliza ingredientes como a cevada, a batata, o centeio, a beterraba, verduras de folhas verdes e os cogumelos, que crescem em abundância nos seus bosques. A culinária tem influência, dente outros países, da Polônia, Alemanha e dos judeus asquenazi.  

A culinária lituana é bastante conhecida em regiões do sul do Brasil, colonizadas pelos imigrantes polacos e ucranianos, principalmente no Paraná, em restaurantes típicos, em barracas nas feiras de rua de Curitiba e em diversos municípios do estado do Paraná como Ponta Grossa, Irati, Prudentópolis, Araucária, Contenda, Ariranha do Ivaí, Mallet, Tijucas do Sul, Rio Negro, São João do Triunfo, São Mateus do Sul, União da Vitória, Canoinhas, Rio Azul.  No estado de Santa Catarina temos as cidades de Papanduva, Mafra, Rio Negrinho, Itaiópolis e o estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Áurea, considerada a “Capital Polonesa dos Gaúchos”.


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Alguns exemplos de comidas são o Saltibarsciai, sopa fria de beterraba fria com creme de leite e ovos cozidos; o Kugelis, torta de batata, comida nos lares lituanos; os Pieroji, pastéis cozidos de origem polonesa; as sardinhas curtidas em salmoura; pepinos azedos; o Virtiniai, ravióli lituano recheado com carne ou queijo; a tradicional e exótica Koshilenai, geleia feita de carnes de porco e boi, guarnecida com mostarda escura e pão francês; a sardinha enrolada na cebola curtida para comer com pão preto Falšyvas Zuikis ou bolo de carne e a Obuoliu Pyragas ou a torta de maçã.

Quanto às bebidas encontramos Lietuva Sour, uma bebida feita a base de licor de mel, o Krupnikas, limão e água tônica.

Cultura, danças e artesanato

Na Lituânia festeja-se com muita alegria a Páscoa ou o Velykos, o Domingo de Ramos ou o Verbu Sekmadienis, a Gavenia ou Quaresma, o Natal ou Kaledos, o Naujuju Metu ou Ano Novo e no dia 23 de abril, a Festa de São Jorge ou o ano novo dos lavradores.

No artesanato legítimo do leste europeu, mais especificamente da Ucrânia, encontramos as Matrioskas russas, um brinquedo tradicional da Rússia, constituída de uma série de bonecas, que são colocadas uma dentro da outra; as porcelanas decoradas com motivos ucranianos e as Pêssankas ou Marguciai, ovos decorados de forma majestosa, com motivos simbólicos de paz e boa sorte, para dar de presente por ocasião da Páscoa na Ucrânia.

A dança é considerada como algo da essencial para os lituanos. Geralmente representam o dia-a-dia do povo e, por se tratar de um país essencialmente agrícola, elas estão muito relacionadas às atividades do campo, desde a atividade pastoril, até as ações relativas à plantação como o ato de arar, semear, regar, a colheita, a chegada da primavera, a variedade de grãos e festas para agradecer a fartura; aos trabalhos da colheita que preparam o fio para tecer, colocam-no na roca, o trabalho nos teares manuais e industriais. Representa-se o cruzamento dos fios, os giros dos carretéis e das engrenagens do tear ou o funcionamento dos moinhos de água e vento.

O grupo Rambynas é um grupo de danças tradicionais da Lituânia, que tem a missão de manter e divulgar a tradição do país no Brasil.

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Japoneses e a Dança Ruykyo Buyo”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil

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Ilustração “Japoneses e a dança Ruykyo Buyo”, da série “Imigrantes do Brasil”.
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Eles foram para o Oeste do Estado de São Paulo, onde ficavam e formavam comunidades que eram um pedacinho intacto do Japão.

Japoneses

Em meado do século XX, o Japão era um país fechado, feudal, pobre. O governo, então, começou a incentivar que os japoneses saíssem do país, rumando para o Havaí, Estados Unidos, Peru e Canadá. Nesta época o Brasil estava, embora de forma tardia, tentando se acostumar com o fim da escravatura e iniciando uma política de incentivo para atrair mão de obra imigrante, a fim de substituir a mão de obra do escravo negro, principalmente nas lavouras de café do Brasil.

Os primeiros japoneses chegaram, então, no porto de Santos, em 17 de junho de 1908, vindos no navio Kasato Maru. De trem subiam a serra e iam para a hospedaria de imigrantes, hoje o Museu do Imigrante, localizado no bairro do Brás, na cidade de São Paulo.  De lá migraram para as cidades do interior de São Paulo.

Vieram acreditando que iam para um local prospero, um paraíso, que iam ficar ricos e voltar para o Japão. Aqui se depararam com uma cultura hostil, comidas muito diferentes, isolados e sem nenhuma terra.

Mas não recuaram. Trabalharam, utilizaram espaços de terra desprezados pelos brasileiros e logo começaram a mudar a paisagem das regiões por onde passavam. Sabiam que somente unidos sairiam da pobreza. Para vencer as dificuldades de produção e comercialização, os japoneses se organizaram.

Em 1913 entraram mais 30 famílias no Brasil e se instalaram ente a cidade de Santos e Juquiá. Vieram formando vilas e, posteriormente, as cidades. Muitos foram para a atual cidade de Registro, no sul do estado.

Quando chegaram em Registro, as terras já estavam separadas em lotes de 10 a 15 alqueires, com a finalidade de desenvolvimento do local. Havia uma única casa de imigração, onde os imigrantes tinham de ficar e esperar. Não tinha nada da cidade. Os lotes eram comprados, tinham de se virar com uma terra mais seca, em morros. Tentaram várias culturas, mas o chá foi o que mais se adequou a região, que cresceu muito até os anos 1980, onde começou sua decadência. Na cidade existe a Associação Cultural Nipo-Brasileira de Registro.

Com o esgotamento das terras, muitos saíram de Registro e foram para outras cidades como São Miguel, Itapetininga, norte do Estado do Paraná e por todo o Brasil.

A cidade de Bastos, também no estado de São Paulo, fundada por japoneses, um dos principais redutos desta cultura, hoje é a maior produtora de ovos do Brasil. O município tem também a maior fábrica do mundo de fio do bicho da seda, outra atividade dos japoneses. A cooperativa exporta 80% da produção. Grifes europeias famosas só compram da cooperativa.

Único na América latina e localizado em Alvares Machado, o Cemitério da Colônia Japonesa, foi tombado, em 1980, pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo. São 854 túmulos de japoneses, dentre eles 200 crianças vítimas da febre amarela, sepultadas no local.  Nos túmulos encontramos inscrições em ideogramas japoneses.

Na cidade de Mogi das Cruzes, um local de clima ameno, os japoneses transformaram a região num grande cinturão verde, que abastece todo o Estado. Hoje Mogi das Cruzes é o maior produtor nacional de caqui.



Já na capital paulista, na cidade de São Paulo, o bairro da Liberdade é o local mais oriental do Brasil, o reduto da cultura japonese. Lá o visitante pode encontrar de tudo, desde pastel, até limpadores de língua de bambu, uma imensa e única variedade de produtos japoneses a objetos de rituais, de vida cotidiana, armas, quimonos, restaurantes de todo o tipo, centros de cultura e ainda, aos domingos, a famosa Feira da Liberdade, com barracas de comidas típicas e artesanato. No bairro da Liberdade encontramos o Museu da Imigração Japonesa, preservando e transferindo a história deste povo para as futuras gerações.

Na Amazônia os japoneses marcaram presença também. Na década de 1920, onde a borracha deixa de ser o “ouro negro”, haviam terras de sobra para se plantar. Em 1931, imigrantes do Japão fundaram, no meio da floresta, um lugar chamado Vila Amazônia, uma comunidade rural da cidade brasileira de Parintins, no estado do Amazonas. Lá plantaram a juta.

A sociedade japonesa era patriarcal. O papel da mulher era dentro da família, no privado. Andavam atrás dos homens na rua.

As gerações têm nomes como Issei, a primeira geração, os japoneses nascidos no Japão. Os filhos desses imigrantes, a primeira geração nascida no Brasil, são os Nisseis. A terceira geração, os Sanseis, a quarta geração, Ionsei, depois Gossei.  

A cultura japonesa é uma cultura estética em sua essência: todas as formas artísticas são embasadas na espiritualidade budista.

Como a cerimônia do chá, um culto, um ritual que busca a transcendência. Ela deve ocorrer num espaço de 4 tatames e meio. Nada pode ser perdido, nem uma gota de chá. Não pode haver nenhuma excitação ou precipitação dos gestos. Nada mais tem importância, somente este momento, este encontro. É um culto de paz, de vivencia presente.

A cultura japonesa está inserida na cultura brasileira, porém mantendo e preservando parte de sua identidade.  O IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional aprovou o tombamento de quatorze bens culturais do Vale do Ribeira, representações características da colonização japonesa em território brasileiro, no litoral paulista.
Algumas atividades, como a gincana esportiva undokai, a prática de ginástica matinal, judô, danças típicas, o uso do bumbo japonês e do taiko, ou o grande tambor que, tradicionalmente, dava o ritmo ao avanço das tropas e animava os guerreiros à luta. Comemoram anualmente a Festa do sushi, o Obon odori, um festejo religioso praticado durante o mês de agosto. e o Toro Nagashi, uma celebração em homenagem à alma dos antepassados e entes queridos.


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Na gastronomia podemos encontrar mais de 30 ingredientes que foram introduzidos no Brasil pelos japoneses como o chá preto, o caqui, a pimenta do reino, além do aprimoramento do cultivo de inúmeras frutas e legumes.

A culinária japonesa se destaca pelo seu preparo, tipo de sabores, na forma de apresentar os pratos. Tem os pescados com presença forte nos pratos. Na comida cotidiana usa-se o peixe seco como um tempero, também em caldos. O shoyo, molho de soja salgado, o missô, pasta de soja para caldos e o wasabi, uma raiz forte japonesa, além do peixe cru, são sabores que ficaram bastante conhecidos como típicos dos suhis, muito apreciados pelos brasileiros.

Outros pratos típicos que conhecemos em nossa culinária são o Korokke ou croquete, um purê de batata e vegetais cremosos com recheio de frutos do mar; Kushiage, espeto de carnes fritas; o Tempurá, vegetais em pedaços, frutos do mar e outros envoltos em massa e posteriormente fritos; o Gyoza, bolinhos com recheio de carne de porco; o Kushiyak ou  espetos de carne e vegetais; o Omu-raisu, um omelete de arroz; o Teriyaki, carne de peixe, frango ou vegetais passados no molho de soja doce; o Yakisoba, macarrão frito ao estilo japonês; o Sukiyaki cozido feito com mistura de massas, carne de vaca picada, ovo e vegetais.

Os sashimis são carnes ou peixes comidos crus como Fugu, o peixe-balão, peixe venenoso, fatiado e o Tataki, atum grelhado no carvão ou cru, cortado fino. Há os famosos e apreciados sushis, os bolinhos de arroz recheados como o makizushi, sushi enrolado no nori ou folha de alga desidratada, em forma de cilindro; o Nigirizushi, sushi modelado a mão; o Oshizushi ou sushi moldado em prensa e o Temakizushi, sushi enrolado a mão, corresponde a um cone composto por uma folha de alga seca preenchida com arroz e outros ingredientes que se come com a mão.

O saquê é uma bebida japonesa, fabricada pela fermentação do arroz, tomada geralmente quente e em grandes comemorações. A primeira produção de saquê que se tem notícia data do século III e ocorreu em Nara, antiga capital japonesa.

Nas artes, encontramos o teatro vivo mais antigo do mundo ou Teatro Noh, um teatro simbólico com importância primordial dada ao ritual e à insinuação, o Teatro Kabuki e os teatros de bonecos ou Bunraku.

Muito apreciada também é o Ikebana, a arte do arranjo floral e o Sumi-ê, arte de se pintar a essência de paisagens com traços em pincel; a caligrafia japonesa; o jardim japonês.

Encontramos também as revistas de Mangá as chamadas “Mangás de histórias”, ou publicações ilustradas no formato de histórias em quadrinhos.



Dança Ruykyo Buyo

Uma das imagens que mais gostei. Inspirada no Buyôo ou buyou, dança tradicional japonesa, tem sua origem na magia, nas invocações dos espíritos dos mortos e preces para o descanso das almas.

Dança tradicional de Okinawa que revela a alegria e a criatividade desse povo em suas vestimentas coloridas e movimentos corporais, Surgiu para homenagear os deuses e reis, e também servia para entretenimento das delegações chinesas que, frequentemente, visitavam o Reino de Ruykyo, como era chamada a região de Okinawa até o início da era Meiji (1868)

Trata-se de uma dança lenta, com cânticos e sons longos, movimentos calculados, onde tudo parece ser pensado e calculado antes de se fazer ou se gastar energia para fazer. A figura principal leva nas mãos um leque fechado. Ela parece e leva a atenção para a figura do fundo. O que será que ela pensa?



A figura ao fundo,  uma mulher toca o Shamisen, um dos mais conhecidos instrumentos musicais do Japão. Tem três cordas e é feito de pele de cobra ou gato. Também, um instrumento tocado pelas gueixas.


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Á organicidade das figuras, seus silêncios eternos e quietudes típicos, eu quis contrapor com um fundo reto, racional, de cores vivas que contrastam com a tradição japonesa. As flores e outros elementos servem para “quebrar” a rigidez da tradição, mas de forma divertida e mais “brasileira”.

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Os Pomeranos”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Pomeranos", da série "Imigrantes do Brasil". 
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Pomeranos

Os pomeranos chegaram ao Brasil entre os anos 1859 e 1874, por motivos de dificuldades de sobrevivência em seu país de origem, a extinta Pomerânia, antiga região situada no norte da Polônia e da Alemanha, na costa sul do mar Báltico.

Desembarcaram no porto de Vitória, no estado do Espírito Santo, em 1859, contribuindo para o crescimento da região, vindos dos navios “Gutenberg” e “Doktor Barth”. Ao chegarem no Brasil acabaram encontrando pobreza semelhante àquela de seu país. As dificuldades que viveram em sua chegada eram muitas e quase que insuperáveis. O forte espirito de união foi o fator decisivo na superação de tantos desafios impostos.

A trajetória dos pomeranos é caracterizada por uma constante necessidade recriar sua cultura, na nova realidade encontrada aqui. Na Europa, os pomeranos eram diaristas e meeiros, mas aqui puderam traçar a sua própria história e identidade. As riquezas e tradições culturais continuam preservadas.

Segundo pesquisas, por volta dos anos de 1970, eles se conheciam e se chamavam como “irmãos alegres” e tinham um lema: “Nós temos a morte; os filhos, o sofrimento, os bisnetos e o pão”.



A antiga Pomerânia não existe mais. Até 1945 era um território que pertencia à Alemanha. Com a derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, parte de seu território foi incorporado à Polônia. O restante passou a integrar o atual estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. O ano de 1945 também marcou o início de diáspora terminal para o idioma na Europa, o que fez com que o idioma virasse patrimônio cultural de outros países.

Hoje, praticamente, só existem pomeranos no Brasil, em um número estimado de 300 mil. Destes, cerca de 200 mil vivem no estado do Espírito Santo onde, atualmente, encontra-se a maior concentração da etnia, superando, inclusive, o Rio Grande Sul, conhecido pela grande concentração de imigrantes alemães. Os demais estão nos estados de Minas Gerais, Rondônia         e Santa Catarina.

No município de Santa Maria de Jetibá, localizada na região serrana do estado do Espirito Santo, a cidade mais pomerana do Brasil, é realizada a Pomerisch Fest, uma festa que abarca toda a cidade e a participação de seus habitantes. Dentre outras atrações como desfiles que contam a história da saga dos pomeranos, acontece a encenação do tradicional casamento pomerano, onde a noiva se veste de preto para casar.


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Os pomeranos, em sua maioria vivem no campo, em cerca de 5.000 propriedades familiares. Nesse território, recortado em pequenas unidades de produção, os agricultores se dedicam às culturas do café, gengibre, verduras, legumes e morangos.

Santa Maria de Jetibá, no estado do Espírito Santo, também esses imigrantes imprimiram suas marcas na cultura local. O Museu da Imigração Pomerana, conta com um rico acervo sobre a Imigração alemã no Brasil, em especial a imigração pomerana, e sobre a região no Espírito Santo que já foi denominada Nova Pomerânia. Está localizado em uma casa de arquitetura pomerana, da década de 1930, que foi sede da antiga Estação de Fruticultura da cidade. Foi reformado e reinaugurado em 2010.

Na região sul, os pomeranos chegaram em 1857. A cidade de Harmonia, no Rio Grande do Sul, 99% dos seus habitantes são de origem pomerana.  Outra concentração de pomeranos se encontra no estado de Santa Catarina, na cidade de Pomerode, a cidade mais germânica do Brasil. Em Pomerode pode-se apreciar a cultura germânica e pomerana no Pomeroder Winterfest.

No estado de Rondônia, mais de 12 cidades mantém a tradição dos agricultores pomeranos. No local é feita a festa da cultura, com culinária típica, danças, etc. Os trajes das danças são em azul e branco, onde o azul representa o mar báltico e o branco, as rochas e as pedras esculpidas pelo mar.

Os pomeranos trouxeram para o país sua cultura e aqui as preservou através da língua, das danças, dos rituais, das festividades, da religião e também da tradição culinária.

As danças típicas se desenrolam ao som da concertina. Na abertura da dança, o grupo se reúne em círculo para a saudação ao público, seguindo-se seis ou oito coreografias e, ao final, a dança de saída, com a despedida do grupo e o grito de guerra.



A gastronomia é praticamente germânica. Há o Strudelt, um bolo com frutas; o Milhabrot, pão de milho, preparado com batata doce, cará, aipim e fubá de milho branco ou amarelo; o Spitsbuben, conhecido como bolo ladrão; o Kasekuchen, um bolo de queijo; o Streuskuchen, um bolo de farofa e biscoitos caseiros de nata, polvilho ou amanteigado; o Firsichup, uma sopa doce de ameixa; a cuca com farofa.

Para os pratos salgados, encontramos a linguiça de carne de boi; o queijo tipo puina e schmierkase (qualhada); o Blutwurst, um chouriço feito de sangue e miúdos de porco; a batata ensopada; Sopas variadas como canja, aipim cozido e socado, batata doce socada, sopa com rosca.

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Ilustração “Os Portugueses e o Vira”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

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Portugueses

Os portugueses, depois dos africanos, é o segundo grupo de imigrantes no Brasil.

Durante mais de três séculos de colonização, deixaram várias heranças na cultura e costumes do país, sendo a mais significativa a língua portuguesa e a formação do povo brasileiro.

Distribuídos por todo o território, estão inteiramente integrados à sociedade brasileira.

Portugal, em sua história, teve um momento de grande influência da cultura árabe, que mesclou vários aspectos de sua cultura com a cultura portuguesa, e que foram sendo trazidos pelos colonizadores para o Brasil. Exemplos da influência árabe são os algarismos arábicos usados até hoje. O moinho d´água, a cultura do algodão, o bicho da seda, a laranjeira, a cana de açúcar, a azulejo, a tela mourisca, a varanda, o “muxarabi”, o gosto pelo açúcar, a doçaria, o pandeiro e outros aspectos da cultura árabe-portuguesa no Brasil.

Inúmeras foram as heranças do povo português, principalmente na cultura tradicional do Brasil como os carnavais e entrudos, as festas juninas, cavalhadas, farras de boi, fandango, reisado, pastoris, as rodas infantis, além de um dos nossos maiores patrimônios imateriais: o bumba-meu-boi, uma dança dramática de origem lusitana, sendo hoje uma das mais típicas do nosso país.



Quanto às danças, as mais conhecidas são o Vira, gênero musico-coreográfico típico do folclore português, mais característico da região do Minho; o Fandango; a Chula; o Corridinho; a Cana Verde, onde homens e mulheres executam animadas coreografias com muitas palmas, guitarras e acordeões, danças que refletem as tradições de namoro e galanteio, executadas com grande alegria e exuberância de seus trajes coloridos e festivos.

Temos ainda o pau de fitas ou danças das fitas, onde um grupo de dançantes segurando fitas coloridas atadas a um mastro, executam os movimentos coordenados e vão trançando e destrançando as fitas ao redor do mastro, formando texturas típicas e efêmeras, criadas da coreografia dos dançantes.  

No folclore, os portugueses introduziram personagens típicos como a Cuca, o Lobisomem, conhecido em vários países da Europa, o Bicho Papão, a Mula-Sem-Cabeça, a história da Burrinha de Padre, lendas e personagens que povoaram o imaginário infantil de tanta gente!

Outro aspecto importantíssimo da influência portuguesa são os instrumentos musicais como o piano, a clarineta, o violino, o contrabaixo, o violoncelo, a viola, a sanfona, o triângulo, e até o pandeiro. Todos os instrumentos musicais básicos do choro brasileiro como o cavaquinho, a flauta e o violão, vieram também de Portugal.

Na religião, temos o culto ao Divino e a São Gonçalo de Amarante, grupos religiosos das folias ou bandeiras, recomenda de almas e tantas outras que hoje são tradições da cultura regional.

Já na gastronomia, a feijoada, criada pelos escravos, seria uma adaptação dos cozidos portugueses A jaca e a manga foram introduzidas pelos portugueses na colônia, assim como o habito de se comer alimentos com bacalhau.

A doçaria portuguesa tem um destaque a parte, e arrebatam nossa imaginação com seus nomes tão “ilustrativos” como: Pastéis de Nata ou Belém, Santa Clara e Coimbra, Toucinho do Céu, Pudim Abade de Priscos, Pinhoada, Fatias de Tomar, Barriga de Freira, Dom Rodrigo, Aletria, Papo de Anjo, Ovos Moles de Aveiro, Bolinhos de Chuva, Toureiros da Golegã, Tiborna, Pão de Ló e as Cavacas Portuguesas.


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Outra curiosidade interessante é que, a forma de comercializar pequenos folhetos com textos que contam fatos do cotidiano, temas religiosos, lendas e histórias fantásticas, pendurados em cordões ou cordéis, a Literatura de Cordel, foram trazidos pelos portugueses para o Brasil, desde o início da colonização. Porém, na segunda metade do século XIX, começaram as impressões de folhetos brasileiros, com características próprias. No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Hoje, porém, podemos encontrá-la em feiras, casas de cultura e livrarias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Os portugueses se miscigenaram aos índios e negros, formando a diversidade tão típica do povo brasileiro. 

O Vira

No desenho represento uma das mais conhecidas e tradicionais: o Vira, onde pode-se dançar aos pares ou apenas mulheres, sempre com as mãos para cima, provavelmente um gesto vindo do ternário da valsa tornando-se, segundo alguns autores, uma das mais antigas danças populares portuguesas. Chama-se Vira porque há uma “viragem” de corpos que é característica, fazendo com que a saia da mulher comece a forma um tipo de sino. “Ô Rosa, arredonda a saia”, como se costuma cantar. Usualmente dança-se em duplas que ficam em rodas ou filas, com constante trocas de casais.

Na imagem insiro a Guitarra Portuguesa, o mais  precioso símbolo dos instrumentos tradicionais portugueses. Podem ser também Guitarra do Porto, do Minho e de Coimbra. O pandeiro pode ou não ser utilizado, mas o usei porque enfeita bastante a imagem.

Além da guitarra, uma outra representação típica, é o Galo de Barcelos, um dos maiores ícones do turismo de Portugal. A lenda por trás do galo aumenta seu significado e importância para o povo português que o associa a virtudes, coisas positivas e sorte! Por isso é tão famoso, tão conhecido e até visto na fachada de igrejas seculares em Portugal.

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Ilustração “Os Italianos e a Tarantela”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

No mundo são mais de 60 milhões de descendentes de italianos, dos quais a metade está no Brasil. Com 31 milhões de pessoas descendentes, o Brasil desponta como o maior país com raízes italianas no mundo. Esses imigrantes contribuíram e influenciaram em muito a formação da identidade brasileira.


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Italianos

Os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os principais destinos dos italianos. Chegaram e foram para o Rio Grande do Sul trabalhar, nas terras altas. Nas cidades paulistas, trabalharam também em outras atividades, principalmente como operários da construção e da indústria têxtil. Na capital de São Paulo, bairros como Bixiga, Brás e Mooca são tradicionalmente relacionados à colônia italiana.

Encontramos a influência do povo italiano no Brasil em toda parte: na culinária, em personalidades, no modo de falar (principalmente do paulistano), nas expressões, na música, na ciência e nas artes sendo, as principais, as festas de igrejas, comilança de Natal, os presépios, massas como macarronada e pizzas, os vinhos gaúchos, capelinhas, a reza do terço, os cruzeiros de beira de estrada, as procissões, os ex-votos e tantas outras. Um povo que tem como principal característica, o amor pelo trabalho e pela família.

Ao chegarem no Brasil, se instalaram em condições adversas, trabalhando principalmente na agricultura.  Lutavam para sobreviver e manter suas tradições e costumes, como a forma de preparar seus alimentos, servir, mantendo a diversidade e a fartura. Como vieram para o sul do Brasil, instalaram-se em terras altas e muito frias, conservando a cultura de se comer pratos tradicionais como a Fortaia, uma omelete forte feita com linguiça e outros ingredientes, a galinha ao molho, animais de caça e caldos, dentre outros, para aquecer do frio. Um exemplo deste período é a tradicional polenta, um prato típico da Itália, feito com a farinha que vem do milho, plantado por eles.



Durante a saga dos primeiros italianos no Brasil, estes nunca deixaram de festejar a boa colheita em festas onde as famílias cantavam, jogavam, dançavam. Comia-se muito, sempre acompanhado de um bom vinho, preparados especialmente para este dia.

No início se juntavam em comunidades e depois em vilas tornando-se, posteriormente, cidades. Trouxeram seus costumes católicos de construir capelas, rezarem juntos, lembrando sua cultura, a tradição do seu país. Procuravam manter sua língua materna usando o dialeto Talian, conhecido como veneto brasileiro, de origem no norte da Itália, região do Veneto, hoje considerado patrimônio nacional, como “Referência Cultural Brasileira”, pelo Ministério da Cultura, falado por cerca de 500 mil pessoas, em 133 cidades brasileiras.  Na cidade e Serafina Correia, localizada no estado do Rio Grande do Sul, se tem o talian como segunda língua.

Embora o início da imigração italiana fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo muitos começaram a se dirigir para as zonas urbanas, contribuindo para o desenvolvimento do comercio e da indústria.

Em 1901, 90% dos operários de fabricas eram italianos em São Paulo. Isso os fez protagonistas do desenvolvimento das principais cidades do Brasil. Porém estes operários ganhavam muito mal, o que os forçava a morarem amontoados em moradias chamadas cortiços. Os bairros Brás, Mooca e Bixiga em São Paulo, que nasceram desta época, estão ligados ao passado operário destes imigrantes. A maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vieram das colônias italianas.

Com o passar do tempo, o setor de serviço das cidades brasileiras cresceu e muitos imigrantes italianos deixaram as indústrias para trabalhar como artesãos autônomos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons.  Também foram os italianos que tiveram grande importância na formação dos primeiros sindicatos brasileiros – o engajamento político dos italianos e espanhóis era notório fossem eles comunistas, anarquistas ou socialistas.

Apenas seis estados brasileiros concentraram a quase totalidade da imigração italiana no Brasil: São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná.

O Estado de São Paulo, até 1920, havia recebido aproximadamente 70% dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil, atraídos pelas fazendas de café, vindos de diversas regiões da Itália.

Através dos chamados Núcleos Coloniais, gerados pelas vendas de lotes para incentivar a fixação de imigrantes em terras rurais, criaram-se centros de italianos, como na cidade de São Caetano do Sul; o distrito de Quirim, a 1ª Colônia Italiana do Vale do Paraíba, em Taubaté; Santa Olímpia e Santana na cidade de Piracicaba; núcleo Barão de Jundiaí, na cidade de Jundiaí; Sabaúna na cidade de Mogi das Cruzes; Piaguí, na cidade de Guaratinguetá; Cascalho, na cidade de Cordeirópolis; Pariquera-Açú, na cidade de Pariquera-Açú; Antônio Prado, na cidade de Ribeirão Preto; Pedrinhas Paulista, Canas, entre outros.


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No Rio Grande do Sul, o primeiro estado a receber imigrantes no Brasil, os imigrantes se instalaram nas terras selvagens, das serras gaúchas. Neste local formou-se as três primeiras colônias italianas, que deram origem às cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul.

No centro do estado foi criada a Quarta Colônia de Imigração Italiana, o primeiro reduto de italianos fora da Serra Gaúcha, e que originou municípios como Silveira Martins, Ivorá, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesse último, está a localidade de Vale Vêneto, nome dado para fazer homenagem à esta região italiana.

Outras colônias italianas foram criadas e deram origens a cidades como Farroupilha, Flores da Cunha, Antônio Prado, Veranópolis, Nova Prata, Encantado, Nova Bréscia, Coqueiro Baixo, Guaporé, Lagoa Vermelha, Soledade, Sananduva, Cruz Alta, Jaguari, Santiago, São Sepé, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul. Essas são as principais colônias italianas do estado.

Antonio Prado é considerada a mais italiana das cidades brasileiras e possui o maior acervo nacional de arquitetura urbana em madeira proveniente dos imigrantes italianos que chegaram à região em 1886, sendo considerada, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Maior Acervo de Casas Tombadas pelo Patrimônio Histórico Brasileiro. Na cidade, encontramos a Sopa Imperial, patrimônio imaterial da gastronomia, que é composta de uma massa feita com ovos, queijo ralado, farinha de trigo, assada e, posteriormente, cortada em pedacinhos, que são cozidos em caldo de galinha.

Minas Gerais recebeu o terceiro maior fluxo de italianos que vieram para o Brasil, muitos deles vindo de várias regiões da Itália, sobretudo da Sardenha, região italiana que muito pouco contribuiu com a imigração no Brasil.  No Rio de Janeiro, ao contrário do que aconteceu no restante do Brasil, os italianos foram para as regiões urbanas, trabalhando nas indústrias e no comercio.

Já o Estado do Espirito Santo, abriga uma das maiores colônias italianas do Brasil. Foram para a região das serras, porém largados a sua própria sorte pelo governo brasileiro, enfrentando situações de muita penúria e necessidade.

No estado de Santa Catarina, fundaram a Colônia de Nova Itália, atual São João Batista. Outras colônias foram sendo criadas como Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, todas estas no entorno da colônia alemã de Blumenau. No ano de 1875 imigrantes do Tirol Italiano fundaram Nova Trento, e em 1876 foi fundado Porto Franco, hoje Botuverá. Diversas outras colônias foram sendo formadas em várias cidades do estado. Os eventos que mais caracterizam essa colonização no sul do estado são as festas típicas, como a festa do vinho e o Ritorno Alle Origine, ambos no município de Urussanga.



No estado do Paraná, chegaram para as lavouras de café e constituíram diversas colônias entre mistas e etnicamente italianas. A Colônia Alfredo Chaves, que posteriormente se tornaria a cidade de Colombo, foi uma das quatro onde se concentraram os primeiros italianos que chegaram ao estado. As outras são a Senador Dantas, que deu origem ao bairro curitibano Água Verde, a Santa Felicidade, atual polo gastronômico da capital paranaense e a Colônia de Santa Maria do Tirol, localizada no município de Piraquara, Grande Curitiba.

Já a Colônia Cecilia foi a primeira experiência anarquista do país. Localizada no atual município de Palmeira os colonos, um grupo de libertários mobilizados pelo italiano Giovanni Rossi, plantaram mais de oitenta alqueires de terra – em área que lhes fora cedida pelo Imperador Pedro II, pouco antes da proclamação da República – e construíram mais de dez quilômetros de estrada, numa época na qual inexistiam máquinas, tratores ou guindastes de transporte de terras.

A alegria faz parte dos imigrantes italianos, que gostam muito de cantar as canções de seu país. No Brasil trouxeram a gaita piano, o acordeon, que tanto anima os bailes, do Rio Grande do Sul. Muitas das danças gaúchas tiveram suas origens com a imigração italiana, como por exemplo o xote de quatro passos.

A dança tradicional mais conhecida dos brasileiros é a Tarantela, um bailado composto de diversos casais, que vão dançando no ritmo que aumenta, tornando-se mais enérgico, animando a todos. Em geral é conduzida por um cantor central e acompanhada por castanholas e tamborim. Seu nome vem da cidade de Taranto, na região da Puglia, no sul da Itália



Também, temos alguns jogos tradicionais italianos que encontramos em nossa cultura como a bocha, o futebol, a amora, etc.

Os italianos trouxeram para o Brasil, também, a sua forma típica de construir: casas de pedras e madeira altas, piso de chão batido, que possuíam uma parte bem abaixo do nível do solo, geralmente aproveitando o declive dos terrenos, popularmente chamado de porão. Esta área da casa era naturalmente mais fria, local onde os imigrantes armazenavam bebidas como vinho, cachaça, graspa, sucos e alimentos como o vinagre, salames, ossocol e tantos outros.

Havia também o sótão, ou jirau, localizado na parte de cima da casa, entre o teto e o telhado, um local normalmente mais quente, onde eram conservados alimentos que deveriam ser conservados secos.

*Nota: O ossocol é um embutido de suíno, envolto em peritônio de boi ou de porco, amarrado por uma rede elástica, curtido durante, aproximadamente, 3 a 6 meses em ambiente fresco e arejado, protegido do sol. Seu nome deriva de osso colo, que na língua vêneta significa “osso do pescoço”, já que era feito originalmente com a carne do pescoço. No Brasil, é produzido e apreciado em locais colonizados pelos italianos, oriundos da província do Vêneto, como na cidade de Venda Nova do Imigrante, no Estado do Espírito Santo.

Na gastronomia os italianos gostam de “stare a tavola” ou sentar-se à mesa, comendo, comemorando, confraternizando, rindo, discutindo, se alegrando. Além de inúmeros hábitos, como o de se tomar e produzir vinhos, diversos pratos e costumes da cultura italiana foram incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal, pizza e espaguete, principalmente no Sudeste.


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Os italianos que permaneceram no Brasil e aqui reconstruíram suas vidas, influenciaram a formação dessa nação em diversos aspectos e contribuíram para o desenvolvimento do país social e economicamente.

A Tarantela

Na ilustração representei a Tarantela, caracterizada pelas danças em pares, e troca rápida de casais. Forma-se um circulo de dançantes no sentido horário, até a música se tornar muito rápida, quando todos trocam de direção. Eventualmente ficando tão rápida que fica difícil manter o ritmo. É associada à tarântula (aranha), cujo veneno induziria à dança frenética.

Normalmente são dançadas com roupas mais sóbrias.  Como gosto de colorir tudo, dei cores aos trajes de forma variada, por ser uma dança alegre.

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Por Lu Paternostro
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