Ilustração "Os Jangadeiros", da série "Tipos Tradicionais Brasileiros"
Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Ilustração “Os Jangadeiros”, da série “Tipos Tradicionais Brasileiros”
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O sol nasce no horizonte 
Entre as florestas e os monte, despertando o 
Jangadeiro. 
Homem que não teme a morte 
Jangadeiro do norte trabalha nos enterros 
Solta a jangada no mar, vai remando devagar. 
Vai ficando a branca areia. 
Fica as mata e os palmiteiro, diz adeus ao jangadeiro. 
Suas folhas balanceia. 

Por ter sua devoção, não tira o pé do chão. 
Ele faz sua oração para se arretirar. 
Ai, ai, pra enfrentar as ondas do mar. 

Eu sô um pobre pescador, ajudai ó meu senhor. 
Manda um anjo protetor para o meu barco guardar 
Ai, ai, pras ondas não me tragar. 

E o sol já se despedindo, sobre as águas vai sumindo. 
E as estrelas vão surgindo, fica as estrelas e o luar. 
Ai, ai, sol, ele, Deus e o mar. 

Ele volta carregado, o seu corpo já cansado. 
Seu amor desesperado, no seu ranchinho a esperar. 
Ai, ai, ela se põe a rezar. 

Lá vem o meu pescador, luto com força e vigor. 
Agradeço ao meu senhor, por essa benção me dar. 
Ai, ai, já voltou para o meu lar.

Jangadeiro Cearense
Tião Carreiro e Pardinho

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Jangadeiro

Os jangadeiros são populações tradicionais marítimas que vivem no litoral nordestino, na faixa costeira entre o Ceará e o sul da Bahia. Muito retratado, é figura típica do litoral Nordestino. Escasso agrupamento litorâneo, seus hábitos são ligados estritamente ao mar. Moram em casas simples de telhados de palmas de coqueiro ou casas de palha.

Com coragem descomunal, saem pelo oceano, ainda de madrugada, tripulando tradicionais jangadas de pau piúba, embarcações simples, em busca da pesca. Vão longe. Chegam a cruzar com embarcações grandes. Em jangadas vão pescar os peixes que vendem nos portos e mercados.

As jangadas têm sua origem nas balsas, o mais primitivo dos barcos, composto de paus amarrados entre si. São embarcações de madeira, típicas, usadas pelos pescadores artesanais do Nordeste do Brasil. Luiz Câmara Cascudo afirma que a palavra jangada é de origem asiática, presumivelmente da Malásia.

As jangadas são compostas de materiais como a madeira de flutuação, tecidos e cordas. As tradicionais não possuem nenhum elemento de metal para prender os componentes, apenas encaixes e amarração com cordas de fibras selvagens.

A jangada é construída com cinco ou seis troncos de piúva (ipê) ou de jangadeira apeíba (Tibourbou, aUBL.), conhecida também por pau-de-janga.



Possui uma vela triangular, também conhecida como vela latina, presa a um mastro, que permite navegar contra o vento. A vela está intimamente ligada à presença do navegante, atento todo momento ao movimento do vento.

Encontramos também objetos e apetrechos como o samburá, cesto feito de cipó ou taquara, com uma boca estreita, onde se armazena os peixes pescados no mar; a quimanga, vasilha na qual levam os alimentos dos jangadeiros como a farinha, a banana, a rapadura, o peixe assado; um barrilote para armazenar a água; o remo de governo em forma de grande pá, utilizado como leme e dois outros pequenos para propulsão; a bolina, prancha de madeira fixada no centro da jangada, próximo ao mastro; o tauaçu, a âncora do jangadeiro, composta de uma pedra, envolta de paus fortes que a seguram, presas ao barco por uma corda. Da vela ao tauaçu, todos os elementos da jangada tradicional são feitos artesanalmente.  

Sua tripulação pode ser de três a cinco pessoas que ficam um tanto quanto apertadas sobre a embarcação.

Os pescadores tradicionais respeitam a natureza: obedecem as marés, o regime de ventos, das correntes. Podem ficar muito tempo ao mar dependendo do tipo de pesca. Antigamente iam para o mar alto, chegando até a 120 quilômetros da costa. Hoje não se afastam tanto, chegando a cerca de 50 quilômetros. 



Na enseada de Mucuripe, na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, acontece o Circuito Cearense de Jangadas, que compõe o calendário turístico nacional do Ministério do Turismo, uma homenagem a força dos homens que trabalham nos 573 quilômetros da costa marítima cearense. As principais colônias de pesca do estado se envolvem na competição. Dias antes do evento, os jangadeiros reformam suas jangadas, costuram os tecidos e pintam as estruturas do barco, garantindo a beleza e a segurança de suas embarcações.

O conhecimento da construção dessa família de embarcações artesanais está em extinção: embora ainda haja colônias de pescadores remanescentes das primeiras comunidades que ocuparam o litoral brasileiro, sobretudo no litoral do estado do Ceará e do Rio Grande do Norte, praticamente não se constrói mais a jangada tradicional, com troncos de madeira de flutuação, as jangadas de troncos. As atuais jangadas são feitas em pranchas de madeira industrializada ou utilizando instrumentos de corte mecanizado, as chamadas jangadas de tábuas.


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Seu Santo padroeiro é São Pedro.

As comunidades de jangadeiros são muito importantes no litoral do Ceará para a pesca da lagosta e na costa do estado do rio Grande do Norte onde pesca-se a lagosta e outros peixes com redes. Hoje sofrem a concorrência dos pescadores de botes motorizados e do turismo, que adquirem terras para a construção de estabelecimento hoteleiro nas praias.  

O jangadeiro constitui um tipo original no nordeste, típico de sua paisagem. Vemos as jangadas e seus pescadores, pequenas e frágeis, lá longe, no alto mar. O jangadeiro é consagrado em canções, versos, poesia, cheios de lendas e histórias fantásticas para ouvirmos, lermos e imaginarmos.

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Por Lu Paternostro
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