Ilustração “Os Italianos e a Tarantela”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

No mundo são mais de 60 milhões de descendentes de italianos, dos quais a metade está no Brasil. Com 31 milhões de pessoas descendentes, o Brasil desponta como o maior país com raízes italianas no mundo. Esses imigrantes contribuíram e influenciaram em muito a formação da identidade brasileira.


Ilustração "Italianos e a Tarantela", da série "Imigrantes do Brasil". 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
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Italianos

Os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram os principais destinos dos italianos. Chegaram e foram para o Rio Grande do Sul trabalhar, nas terras altas. Nas cidades paulistas, trabalharam também em outras atividades, principalmente como operários da construção e da indústria têxtil. Na capital de São Paulo, bairros como Bixiga, Brás e Mooca são tradicionalmente relacionados à colônia italiana.

Encontramos a influência do povo italiano no Brasil em toda parte: na culinária, em personalidades, no modo de falar (principalmente do paulistano), nas expressões, na música, na ciência e nas artes sendo, as principais, as festas de igrejas, comilança de Natal, os presépios, massas como macarronada e pizzas, os vinhos gaúchos, capelinhas, a reza do terço, os cruzeiros de beira de estrada, as procissões, os ex-votos e tantas outras. Um povo que tem como principal característica, o amor pelo trabalho e pela família.

Ao chegarem no Brasil, se instalaram em condições adversas, trabalhando principalmente na agricultura.  Lutavam para sobreviver e manter suas tradições e costumes, como a forma de preparar seus alimentos, servir, mantendo a diversidade e a fartura. Como vieram para o sul do Brasil, instalaram-se em terras altas e muito frias, conservando a cultura de se comer pratos tradicionais como a Fortaia, uma omelete forte feita com linguiça e outros ingredientes, a galinha ao molho, animais de caça e caldos, dentre outros, para aquecer do frio. Um exemplo deste período é a tradicional polenta, um prato típico da Itália, feito com a farinha que vem do milho, plantado por eles.



Durante a saga dos primeiros italianos no Brasil, estes nunca deixaram de festejar a boa colheita em festas onde as famílias cantavam, jogavam, dançavam. Comia-se muito, sempre acompanhado de um bom vinho, preparados especialmente para este dia.

No início se juntavam em comunidades e depois em vilas tornando-se, posteriormente, cidades. Trouxeram seus costumes católicos de construir capelas, rezarem juntos, lembrando sua cultura, a tradição do seu país. Procuravam manter sua língua materna usando o dialeto Talian, conhecido como veneto brasileiro, de origem no norte da Itália, região do Veneto, hoje considerado patrimônio nacional, como “Referência Cultural Brasileira”, pelo Ministério da Cultura, falado por cerca de 500 mil pessoas, em 133 cidades brasileiras.  Na cidade e Serafina Correia, localizada no estado do Rio Grande do Sul, se tem o talian como segunda língua.

Embora o início da imigração italiana fosse quase que exclusivamente rural, com o passar do tempo muitos começaram a se dirigir para as zonas urbanas, contribuindo para o desenvolvimento do comercio e da indústria.

Em 1901, 90% dos operários de fabricas eram italianos em São Paulo. Isso os fez protagonistas do desenvolvimento das principais cidades do Brasil. Porém estes operários ganhavam muito mal, o que os forçava a morarem amontoados em moradias chamadas cortiços. Os bairros Brás, Mooca e Bixiga em São Paulo, que nasceram desta época, estão ligados ao passado operário destes imigrantes. A maioria dos primeiros grandes industriais de São Paulo vieram das colônias italianas.

Com o passar do tempo, o setor de serviço das cidades brasileiras cresceu e muitos imigrantes italianos deixaram as indústrias para trabalhar como artesãos autônomos, pequenos comerciantes, motoristas de ônibus e táxi, vendedores de frutas e vegetais, sapateiros, garçons.  Também foram os italianos que tiveram grande importância na formação dos primeiros sindicatos brasileiros – o engajamento político dos italianos e espanhóis era notório fossem eles comunistas, anarquistas ou socialistas.

Apenas seis estados brasileiros concentraram a quase totalidade da imigração italiana no Brasil: São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná.

O Estado de São Paulo, até 1920, havia recebido aproximadamente 70% dos imigrantes italianos que vieram para o Brasil, atraídos pelas fazendas de café, vindos de diversas regiões da Itália.

Através dos chamados Núcleos Coloniais, gerados pelas vendas de lotes para incentivar a fixação de imigrantes em terras rurais, criaram-se centros de italianos, como na cidade de São Caetano do Sul; o distrito de Quirim, a 1ª Colônia Italiana do Vale do Paraíba, em Taubaté; Santa Olímpia e Santana na cidade de Piracicaba; núcleo Barão de Jundiaí, na cidade de Jundiaí; Sabaúna na cidade de Mogi das Cruzes; Piaguí, na cidade de Guaratinguetá; Cascalho, na cidade de Cordeirópolis; Pariquera-Açú, na cidade de Pariquera-Açú; Antônio Prado, na cidade de Ribeirão Preto; Pedrinhas Paulista, Canas, entre outros.


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No Rio Grande do Sul, o primeiro estado a receber imigrantes no Brasil, os imigrantes se instalaram nas terras selvagens, das serras gaúchas. Neste local formou-se as três primeiras colônias italianas, que deram origem às cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul.

No centro do estado foi criada a Quarta Colônia de Imigração Italiana, o primeiro reduto de italianos fora da Serra Gaúcha, e que originou municípios como Silveira Martins, Ivorá, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesse último, está a localidade de Vale Vêneto, nome dado para fazer homenagem à esta região italiana.

Outras colônias italianas foram criadas e deram origens a cidades como Farroupilha, Flores da Cunha, Antônio Prado, Veranópolis, Nova Prata, Encantado, Nova Bréscia, Coqueiro Baixo, Guaporé, Lagoa Vermelha, Soledade, Sananduva, Cruz Alta, Jaguari, Santiago, São Sepé, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul. Essas são as principais colônias italianas do estado.

Antonio Prado é considerada a mais italiana das cidades brasileiras e possui o maior acervo nacional de arquitetura urbana em madeira proveniente dos imigrantes italianos que chegaram à região em 1886, sendo considerada, pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Maior Acervo de Casas Tombadas pelo Patrimônio Histórico Brasileiro. Na cidade, encontramos a Sopa Imperial, patrimônio imaterial da gastronomia, que é composta de uma massa feita com ovos, queijo ralado, farinha de trigo, assada e, posteriormente, cortada em pedacinhos, que são cozidos em caldo de galinha.

Minas Gerais recebeu o terceiro maior fluxo de italianos que vieram para o Brasil, muitos deles vindo de várias regiões da Itália, sobretudo da Sardenha, região italiana que muito pouco contribuiu com a imigração no Brasil.  No Rio de Janeiro, ao contrário do que aconteceu no restante do Brasil, os italianos foram para as regiões urbanas, trabalhando nas indústrias e no comercio.

Já o Estado do Espirito Santo, abriga uma das maiores colônias italianas do Brasil. Foram para a região das serras, porém largados a sua própria sorte pelo governo brasileiro, enfrentando situações de muita penúria e necessidade.

No estado de Santa Catarina, fundaram a Colônia de Nova Itália, atual São João Batista. Outras colônias foram sendo criadas como Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurra e Apiúna, todas estas no entorno da colônia alemã de Blumenau. No ano de 1875 imigrantes do Tirol Italiano fundaram Nova Trento, e em 1876 foi fundado Porto Franco, hoje Botuverá. Diversas outras colônias foram sendo formadas em várias cidades do estado. Os eventos que mais caracterizam essa colonização no sul do estado são as festas típicas, como a festa do vinho e o Ritorno Alle Origine, ambos no município de Urussanga.



No estado do Paraná, chegaram para as lavouras de café e constituíram diversas colônias entre mistas e etnicamente italianas. A Colônia Alfredo Chaves, que posteriormente se tornaria a cidade de Colombo, foi uma das quatro onde se concentraram os primeiros italianos que chegaram ao estado. As outras são a Senador Dantas, que deu origem ao bairro curitibano Água Verde, a Santa Felicidade, atual polo gastronômico da capital paranaense e a Colônia de Santa Maria do Tirol, localizada no município de Piraquara, Grande Curitiba.

Já a Colônia Cecilia foi a primeira experiência anarquista do país. Localizada no atual município de Palmeira os colonos, um grupo de libertários mobilizados pelo italiano Giovanni Rossi, plantaram mais de oitenta alqueires de terra – em área que lhes fora cedida pelo Imperador Pedro II, pouco antes da proclamação da República – e construíram mais de dez quilômetros de estrada, numa época na qual inexistiam máquinas, tratores ou guindastes de transporte de terras.

A alegria faz parte dos imigrantes italianos, que gostam muito de cantar as canções de seu país. No Brasil trouxeram a gaita piano, o acordeon, que tanto anima os bailes, do Rio Grande do Sul. Muitas das danças gaúchas tiveram suas origens com a imigração italiana, como por exemplo o xote de quatro passos.

A dança tradicional mais conhecida dos brasileiros é a Tarantela, um bailado composto de diversos casais, que vão dançando no ritmo que aumenta, tornando-se mais enérgico, animando a todos. Em geral é conduzida por um cantor central e acompanhada por castanholas e tamborim. Seu nome vem da cidade de Taranto, na região da Puglia, no sul da Itália



Também, temos alguns jogos tradicionais italianos que encontramos em nossa cultura como a bocha, o futebol, a amora, etc.

Os italianos trouxeram para o Brasil, também, a sua forma típica de construir: casas de pedras e madeira altas, piso de chão batido, que possuíam uma parte bem abaixo do nível do solo, geralmente aproveitando o declive dos terrenos, popularmente chamado de porão. Esta área da casa era naturalmente mais fria, local onde os imigrantes armazenavam bebidas como vinho, cachaça, graspa, sucos e alimentos como o vinagre, salames, ossocol e tantos outros.

Havia também o sótão, ou jirau, localizado na parte de cima da casa, entre o teto e o telhado, um local normalmente mais quente, onde eram conservados alimentos que deveriam ser conservados secos.

*Nota: O ossocol é um embutido de suíno, envolto em peritônio de boi ou de porco, amarrado por uma rede elástica, curtido durante, aproximadamente, 3 a 6 meses em ambiente fresco e arejado, protegido do sol. Seu nome deriva de osso colo, que na língua vêneta significa “osso do pescoço”, já que era feito originalmente com a carne do pescoço. No Brasil, é produzido e apreciado em locais colonizados pelos italianos, oriundos da província do Vêneto, como na cidade de Venda Nova do Imigrante, no Estado do Espírito Santo.

Na gastronomia os italianos gostam de “stare a tavola” ou sentar-se à mesa, comendo, comemorando, confraternizando, rindo, discutindo, se alegrando. Além de inúmeros hábitos, como o de se tomar e produzir vinhos, diversos pratos e costumes da cultura italiana foram incorporados à alimentação brasileira, como o hábito de comer panetone no Natal, pizza e espaguete, principalmente no Sudeste.


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Os italianos que permaneceram no Brasil e aqui reconstruíram suas vidas, influenciaram a formação dessa nação em diversos aspectos e contribuíram para o desenvolvimento do país social e economicamente.

A Tarantela

Na ilustração representei a Tarantela, caracterizada pelas danças em pares, e troca rápida de casais. Forma-se um circulo de dançantes no sentido horário, até a música se tornar muito rápida, quando todos trocam de direção. Eventualmente ficando tão rápida que fica difícil manter o ritmo. É associada à tarântula (aranha), cujo veneno induziria à dança frenética.

Normalmente são dançadas com roupas mais sóbrias.  Como gosto de colorir tudo, dei cores aos trajes de forma variada, por ser uma dança alegre.

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Os Ingleses”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Ingleses", da série "Imigrantes do Brasil". 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
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Ingleses

Os ingleses começaram a chegar ao Brasil muito antes da abertura dos portos às nações amigas, decretada pelo príncipe regente D. João VI, em janeiro de 1808, após sua chegada à cidade de Salvador. Nesse contexto, sua presença em terras brasileiras não era como imigrantes, mas “sob a forma de piratas, aventureiros e negociantes”, que desembarcavam nas praias descobertas por portugueses. O decreto promulgado pelo príncipe português na Colônia, marcou o início da imigração e fundação de colônias inglesas no Brasil, que acabou influenciando não só a economia, como também a vida social e cultural do povo local.

Foram, então, dados alguns direitos, dentre eles o direito de construir cemitérios e templos protestantes, direitos que favoreceram o aumento da influência econômica dos ingleses no comércio e, posteriormente, no processo industrial brasileiro, possibilitando a criação das primeiras fundições modernas, primeiras estradas de ferro, primeiros telégrafos, primeiras moendas de engenho moderno de açúcar, primeira iluminação a gás. O Brasil recebeu uma comunidade expatriada de britânicos que vieram como investidores, bancários e industriais.

Segundo Gilberto Freire, um dos mais importantes sociólogos do século XX, a comunidade britânica mantinha-se nas zonas costeiras, intermediando as relações comerciais do Brasil monárquico, e cita como influência da cultura britânica no Brasil, o terno branco, o chá, a cerveja, o uísque, bife com batatas, o rosbife, o pijama de dormir, o tênis, a capa de borracha, os piqueniques, o escotismo, o lanche e o sanduíche.

Isso sem contar as inúmeras palavras inglesas inseridas à nossa língua. São ingleses o croque, o turfe, o iate, o esnobe, o rum, o cheque, o alô, o pudim, o revolver. As festas de fechar ruas são também típicas dos ingleses

Também foi um brasileiro de ascendência inglesa chamado Charles Miller quem trouxe o futebol para o Brasil. Na mala ele trouxe duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do jogo, uma bomba de encher bolas e alguns uniformes usados.

No estado de São Paulo, o primeiro projeto para a construção de uma estrada de ferro foi feito por um inglês, o engenheiro Robert Stephenson, filho de George Stephenson, que foi o inventor da primeira locomotiva e construtor da ferrovia que liga Manchester a Liverpool, precursora das estradas de ferro no mundo. O projeto parado, por conta da complexidade do local para se implantar uma ferrovia, sendo retomado 20 anos depois por José Evangelista de Souza ou, como é mais conhecido, o Barão de Mauá.



De construção do difícil e quase intransponível trecho de serra, foram chamados técnicos reconhecidamente capacitados como engenheiro ferroviário inglês James Brunlees e o engenheiro, Daniel Makinson Fox, responsável pela construção de ferrovias nas montanhas ao Norte do País de Gales e nas encostas dos Pireneus. Foi iniciada, então, depois de dois anos de estudos, em 1860, a construção da São Paulo Railway Company. Em 1946 foi incorporada ao patrimônio da União, com o nome de Estrada de Ferro Santos – Jundiaí e, em 1950, a rede passa a unir-se à Rede Ferroviária Federal.

Em 1874 foi inaugurada a Estação do Alto da Serra, que, mais tarde, seria denominada Paranapiacaba. Para acompanhar as obras foi criada a Vila Ferroviária de Paranapiacaba, localizada na cidade de Santo André, também no estado de São Paulo.

A Vila Ferroviária de Paranapiacaba, era o centro de controle operacional e residência para os funcionários da companhia inglesa de trens São Paulo Railway, que tinham a função de manter os funcionários próximos aos locais de trabalho e, ao mesmo tempo sob supervisão da chefia. A vila e seu entorno formam uma porção de território de grande importância histórica e ambiental, que registra uma época da influência da cultura inglesa, com destaque para a arquitetura e a tecnologia, sendo tombada pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, em 2008.

Ainda no estado de São Paulo, temos a cidade de Santos que, por ser uma vila portuária, recebeu piratas, comerciantes, aventureiros e viajantes escritores ingleses, que gravaram em seus livros a descrição sobre a região. A estação da “Inglesinha” ou a Estação do Valongo, inaugurada em 1867 pela São Paulo Railway, ainda conserva em sua fachada os três leões importados da Inglaterra, para a inauguração da ferrovia. 


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Na capital de São Paulo, dentre outros, encontramos a Vila do Ingleses, um conjunto de 28 sobrados, localizada no bairro da Luz, construído em 1918, e que eram alugados aos operários inglese como moradia para engenheiros que construíram a estação da Luz e a estrada de ferro Santos-Jundiaí.  A vila está localizada numa travessa da Rua Mauá e é um dos principais remanescentes do tipo de construção vitoriana, bastante popular na capital paulista no século XX. Com o passar dos anos a mão de obra que vinha da Inglaterra diminuiu e, em 1930, a vila passou a ser ocupada por famílias paulistanas. 

A Estação da Luz, erguida próxima ao jardim da Luz, reflete o momento histórico em que foi construída, evidenciando o poder do café na trajetória de expansão da cidade. Por décadas a sua torre dominou parte da paisagem central paulistana, sendo o seu relógio, a principal referencial para acerto dos relógios da cidade. Seu estilo arquitetônico é inglês e foi construído pela empresa inglesa que foi a dona da E. F. Santos a Jundiaí desde a sua construção, nos anos 1860 até 1946.

No Estado do Paraná, em 1925, o inglês Lord Lovat criou a companhia de Terras Norte do Paraná, no norte do estado do Paraná, cujo objetivo era iniciar um trabalho de colonização orientado pelos ingleses. Na região havia uma neblina, um fog, muito semelhante ao que é encontrado em Londres. Como homenagem deram o nome da região de Londrina, que significa “originária de Londres”, também conhecida como a Capital Mundial do Café.

Com a proclamação da República, em 1889, Manaus é elevada a capital do Estado do Amazonas, época em que a borracha, o ouro negro, matéria-prima da indústria mundial, era cada vez mais requisitada. Era o chamado Período Áureo da Borracha, que aconteceu em 1890-1910. Por meio dela, o Norte do Brasil se tornou um eixo econômico, possibilitando ao país, embora temporariamente, uma supremacia econômica mundial.



A cidade, então, passou a receber brasileiros e estrangeiros como ingleses, franceses, judeus, gregos, portugueses, italianos e espanhóis. Esse crescimento demográfico gerou mudanças significativas na cultura local e na cidade. A riqueza gerada pela exploração da borracha trouxe da Europa vários arquitetos e paisagistas para a execução de um ambicioso plano urbanístico, que resultaria em uma cidade com perfil arquitetônico europeu, embora dentro da selva.

A Praça Dom Pedro II possui um coreto em ferro, concluído em 1888, feito pela empresa inglesa Francis Morton & Cia. Limited Engineer, de Liverpool, e um chafariz também de ferro. Outra construção que leva a marca dos ingleses em Manaus, é o prédio da Biblioteca Publica do Estado. Em sua arquitetura de estilo eclético, com predominância de elementos clássicos, destaca-se a escadaria interna, de ferro forjado em rendilhado, procedente de Liverpool, Inglaterra. No prédio do “Centro de Artes Chaminé” funcionou a antiga estação de tratamento de esgotos, sob responsabilidade da empresa inglesa Manaos Improvements Limited Company. Sua construção foi concluída em 1910. Em 1993, tornou-se o “Centro de Artes Chaminé”.

A ilustração representa a dança chamada Strathspey. 

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Os Holandeses”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Holandeses", da série "Imigrantes do Brasil". 
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Holandeses

Não se tem dados corretos do número de holandeses que entraram no país, pois a Holanda tem uma lei para garantir a privacidade de seus cidadãos fora do país, garantindo-lhes o direito da não obrigatoriedade de registro. Sabemos que estão em todas as regiões do Brasil, envolvidos em diferentes atividades econômicas e sociais, compondo mais uma peça da complexa e miscigenada cultura brasileira.

Os estados de São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul abrigam os maiores grupos de holandeses ou descendentes.

A história dos holandeses no Brasil, vem do início do Brasil Colônia, deixando fortes influências culturais, principalmente na região nordeste. Foram 30 anos, de 1624 a 1654, do domínio holandês na região. Vieram para o Brasil atraídos pelo chamado “ouro branco”, o açúcar. Porém foram eles, os maiores responsáveis pela produção de grande quantidade de registros de paisagens e tipos humanos da época colonial.



Nos séculos XVII e XVII, a Holanda era uma das grandes potências marítimas da Idade Moderna, ao lado de França, Portugal, Espanha e Inglaterra, havendo muito interesse no potencial produtivo no Brasil, na época colonial.

Para comercializar com a colônia, a Holanda criou a “Companhia das índias Ocidentais”, uma expedição voltada para comercializar com a colônia.

À frente da “Companhia das Índias Ocidentais” estava Mauricio de Nassau, um conde alemão calvinista, que chega ao estado de Pernambuco com a intenção fazer de Recife, hoje capital do estado, um centro de poder e tolerância religiosa. Na época foi construída a primeira sinagoga das américas, o primeiro templo sagrado que os judeus construíram no continente americano, e se encontra lá até hoje.

Mauricio de Nassau investiu na arquitetura e no urbanismo da cidade de Recife. Queria fazer de Recife um polo de conhecimento urbano, o centro político da capitania de Pernambuco. Na época a cidade recebeu um grande plano urbanístico com grande quantidade de jardins, palácios, museus, fortificações, centros de ciência e arte.

Dentre outras melhorias e benfeitorias, a criação de canais permitiu levar as aguas do mar para dentro da cidade, fazendo dos barcos um meio de transporte. Recife passa a ser um grande porto do Atlântico Sul. Foram criadas pontes sobre canais como a ponde Mauricio de Nassau, construída em 1643, até hoje sendo utilizada pela população. Olinda, outra cidade em crescimento na época, foi construída para ser uma réplica da cidade de Amsterdã nos trópicos.

Todas estas benfeitorias eram muito custosas para a Holanda, que decidiu não investir mais no Brasil e exigiu a volta de Mauricio de Nassau. Ao sair, porém, deixou em péssima situação os senhores de engenhos que contavam, com a ajuda da Holanda para a negociação de suas dívidas. Como isso não aconteceu, os senhores de engenho passaram a entender os holandeses como invasores e não querer mais sua presença em Pernambuco.

Liderada por Felipe Dias e por Felipe Camarão, acontece, então, a Insurreição Pernambucana entre 1648 e 1649, no monte Guararapes. A Insurreição Pernambucana é considerada pela corrente historiográfica militar tradicional brasileira, como o primeiro movimento patriótico do Brasil.


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A rendição é assinada 1654, onde os holandeses deixam definitivamente o país. Porém, um tratado de paz definitivo será assinado somente em 1661, após parte da armada holandesa ameaçar Lisboa, exigindo o pagamento de uma indenização pela perda dos territórios.

O período da ocupação holandesa do Brasil com Mauricio de Nassau, foi conhecida como a Idade do Ouro no Brasil, no século XVII.

Uma curiosidade: o território dominado pelos holandeses aqui no Brasil, chegou a ter até uma bandeira própria, já que estes consideravam as regiões conquistadas como a “Nova Holanda”. Era a Bandeira do Brasil Holandês, utilizada pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais para os territórios que estiveram sob seu controle no Brasil, de 1630 a 1654.


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As artes, as ciências e as letras tiveram um grande desenvolvimento com a chegada dos holandeses ao Brasil. Os artistas que vieram juto com Mauricio de Nassau na expedição da Companhia das Índias Ocidentais, produziram as primeiras imagens da natureza, das cidades e das pessoas da América. Os mais conhecidos e relevantes foram o pintor Franz Post e Albert Eckhout que retrataram paisagens, os engenhos, portos, fortificações, naturezas mortas, frutas, plantas, animais e tipos humanos brasileiros, levando para toda a Europa as belezas e riqueza dos trópicos.

Quando voltou para a Holanda, Mauricio de Nassau, em 1647, lançou o livro “Rerumper Octennuim in Brasilia”, editado por Gaspar Barlaeus, uma crônica ilustrada, contanto seus feitos, e que pode ser considerada a primeira obra de caráter científico sobre a natureza brasileira.

Encontramos aspectos da tradição holandesa distribuídas em várias áreas de nossa cultura, porém a maior contribuição da colônia holandesa é no cultivo das flores.

No estado de São Paulo localiza-se uma cidade genuinamente holandesa, a cidade de Holambra cujo nome vem de Holanda, América e Brasil. A cidade se formou em virtude de uma colônia neerlandesa que se firmou numa antiga fazenda. O município destaca-se como o maior centro de produção de flores e plantas ornamentais da América Latina e anualmente promove a maior exposição de flores da América Latina, a Explofora.

Em Holambra, seus habitantes preservam as tradições deste povo nas apresentações de danças. As danças holandesas retratam cenas do cotidiano, como afazeres domésticos, colheita, profissão, etc. A “Valsa Holambresa” surgiu do encontro entre uma melodia e uma coreografia: é dançada em pares que formam rodas com outros pares e todos formam uma grande coreografia única.



A vestimenta típica tem por tradição, os tamancos entalhados em madeira, os “Klopem”.

Os holandeses usam os “Klopem” desde a Idade Média. Em sua origem tinham este formato grande para proteger os pés das atividades do trabalho, do frio e da umidade. Nas danças eles são mais leves; os participantes pulam e batem os tamancos no chão, marcando o ritmo das melodias, dando mais ritmo para a coreografia. 

A quadrilha, introduzida no Brasil durante o período colonial, é uma contradança de origem holandesa com influência portuguesa, da ilha de Açores, além de inglesa. Tornou-se popular nos salões aristocráticos e burgueses do século XVII em todo o mundo ocidental. 

Há uma imensa variedade de pratos feitos com carnes e vegetais, porém, quando falamos em culinária holandesa, pensamos em batata. Vários pratos levam o ingrediente como o “Stampot”, um purê de batata com verduras que podem ser espinafre, chicória, etc, e o “Hutspot”, batata com cenoura. Come-se a batata frita como snaks, em saquinhos em formato de cones, com muita maionese. Uma iguaria recém-chegada ao Brasil, popular como a alface, é a endívia. Há os queijos com o Edam, queijo bola vermelho e o Gouda.

Na cidade de Carambei, no estado do Paraná, existe “Vila Histórica de Carambeí”, um museu a céu aberto, réplica de uma típica cidade holandesa, com estação de trem, moinho d’água, casas típicas, tulipas enfeitando as janelas e varandas, criada por Holandeses que chegaram no local em 1911.

Na cidade de Castro, também no Paraná, existe a Castrolanda, uma colônia fundada por imigrantes neerlandeses ou holandeses, entre 1951 à 1954, que tornou-se uma das mais importantes bacias leiteiras da região. La encontra-se e Sociedade Cooperativa Castrolanda, que, unida à Cooperativa Batavo e à Cooperativa Agrícola de Arapoti, formaram a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná, responsável por uma das maiores bacias leiteiras do Brasil, localizada em Carambeí.

Em Recife, no estado do Pernambuco, temos o plano urbanístico, cultural e religioso de Mauricio de Nassau para a cidade, anteriormente chamada Mauritstad ou “Cidade Maurícia”, onde foram construídas pontes, canais, diques, havendo grande presença da cultura holandesa espalhada por lá.



Olinda, também no estado do Pernambuco, considerada uma das mais bem preservadas cidades coloniais do Brasil, foi tomada pelos holandeses em 1630 e que a incendiaram um ano depois, pois queriam que Recife fosse hegemônica. Os portugueses, então, retomaram o poder e expulsaram os holandeses dali. Mesmo assim houve uma miscigenação entre as culturas, podendo ser percebida nos olhos verdes de diversos cidadãos de Pernambuco.              


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E, como dito anteriormente, a cidade de Holambra, no estado de São Paulo, tornou-se o maior centro de produção de flores e plantas ornamentais da América. Construído em 2008, o visitante encontra na cidade o Moinho Holandês de Holambra, o maior moinho da América Latina, chamado “Povos Unidos” que, com seus 38 metros de altura, é uma réplica fiel de um tradicional moinho holandês moedor de grãos e foi construído de acordo com os moinhos holandeses. Também em Holambra há o “Museu Histórico e Cultural”, que expõe a história da imigração neerlandesa na cidade, através de um acervo de duas mil fotos antigas. Lá pode-se, também, conhecer as máquinas agrícolas utilizadas pelos imigrantes no passado.

Uma curiosidade: Em 12 de julho de 2008, foi fechada uma cápsula do tempo que contém mensagens deixadas pela população holambrense. Sua abertura é programada para 100 anos após o seu fechamento oficial, com data prevista para 12 de julho de 2108.

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Os Franceses”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

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Franceses

Como vários imigrantes que aqui chegaram, os franceses vieram para trabalhar na lavoura, na segunda metade do século XIX.

A história dos franceses no Brasil vem desde o século XVI. Existem duas tentativas de colonização francesa: uma no Rio de Janeiro, em 1555, na Bahia de Guanabara, conhecida como França Antártica, e a outra tentativa foi ao norte, no que seria, posteriormente, o estado do Maranhão, com a fundação de São Luís, chamada de França Equinocial, comandada por padres cappuccinos, que ocorreu entre 1612 e 1615. Era a época do Primeiro Império Colonial Francês.

Porém, foram expulsos da Bahia de Guanabara em 1664, por uma armada de Estácio de Sá, que resultaria na fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, ou seja, a fundação da atual cidade do Rio de Janeiro.

Mas foi no campo das ideias que os franceses mais tiveram ação sobre os brasileiros. Eles estavam por trás de grandes revoltas como a Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates, na Bahia, a Insurreição Pernambucana, a Confederação do Equador e de inúmeras outras rebeliões onde existiam ideias de liberdade.

Cessada a luta pela ocupação territorial, a influência francesa no Brasil se daria no campo das artes, costumes e ideias. Os brasileiros, de forma geral, cultuam a gastronomia, a moda, os prazeres da vida dos franceses.


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Alguns historiadores colocam que Don João VI tinha entre suas ações, os “empreendimentos civilizatórios”. Nesse caso, a meta era promover as artes, cultura e, assim, tentar infundir algum traço de refinamento e bom gosto nos hábitos atrasados da colônia.

Foi contratada a Missão Artística Francesa que chegou ao Brasil em março de 1816. A missão era composta por artistas plásticos, arquitetos, músicos, carpinteiros, serralheiros, artesãos. Chefiada por Joachim Lebreton, tinha como objetivo instalar o ensino das artes e ofícios no Brasil, através da construção da Academia de Belas Artes. Nomes como o de Jean-Baptiste Debret, Grandjean de Montigny, Auguste Marie Taunay, Nicolas-Antoine Taunay, Segismund Neukom e Zephiryn Ferrez estavam presentes na missão.

Independente dos fatos que acorriam na França, fatos estes que trouxeram os integrantes da missão ao Brasil, os artistas, quando aqui chegaram, encontraram uma natureza exuberante e ao mesmo tempo a violência de uma escravidão institucionalizada. Os artistas pintavam, desenhavam, esculpiam à moda europeia. O estilo que predominava na arquitetura era o neoclássico.

Na cidade do Rio de Janeiro há vários exemplos da arquitetura neoclássica como a Casa França-Brasil, o Solar Grandjean de Montigny, a Academia Imperial de Belas Artes, o Chafariz da Carioca, entre outros. Os artistas franceses deixaram grandes frutos em terras brasileiras.

Na época da corte de Dom João VI, a influência francesa era marcante no Rio de Janeiro. As lojas estavam repletas de novidades que chegavam de Paris. Incluíam vestidos e chapéus da última moda, perfumes, água-de-colônia, luvas, espelhos, relógios, tabaco, livros e uma infinidade de mercadorias até então proibidas e ignoradas na antiga colônia.



Desta forma a França é responsável pelo afloramento das artes, mudança de hábitos culturais e sociais, levando mais este aspecto para a identidade brasileira, exercendo uma colonização cultural, desde certas regras de comportamento das elites, até a filosofia, a gastronomia, a literatura, a moda, a arquitetura.

No estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Pelotas é um exemplo. Lá pode-se encontrar vários aspectos da cultura europeia e francesa, que influenciou a forma de ser da elite local, atraindo mais europeus. Até hoje encontramos vestígios da influência francesa na arquitetura como os casarões em estilo neoclássico e ecléticos, no urbanismo, nas confeitarias. La também podemos encontrar o “Museu e Espaço Cultural da Etnia Francesa”, um museu etnográfico, cujo objetivo é servir como um ponto cultural de expressão da memória dos franceses em Pelotas.

Dentre tantas influencias, podemos citar as na nossa língua. Aqui no Brasil, no ensino fundamental, se ensinava o francês! Os galicismos, ou as palavras importadas em francês, acabou fazendo parte da nossa forma de falar. Encontramos cotidianamente palavras como echarpe, butique, bureau, buquê, purê, cabaré, bistrô, etc. Embora no final da Primeira Guerra Mundial a economia francesa tenha entrado em declínio, sua representação como centro cosmopolita permanece no imaginário da cultura brasileira até hoje.

Em 2005 tivemos aqui o ano do Brasil na França. Esse evento foi criado para que franceses e turistas de todo o mundo conhecessem a riqueza e a diversidade da cultura brasileira.

Nas manifestações culturais encontramos as quadrilhas, uma dança de origem europeia, que no século XIX passou a fazer parte dos salões da aristocracia e da classe média do Brasil. Podemos encontrar alguns termos franceses durante a dança.



Mas na gastronomia, a França ganha uma presença extra, compreendendo uma grande variedade de pratos e de grande prestígio no mundo, principalmente no ocidente, como a variedade de queijos, vinhos, carnes e doces.

Quando a rainha da França Catarina de Medici veio para o Brasil, novos hábitos e elementos da cozinha francesa foram incorporados, como o uso dos talheres nas refeições, pois até mesmo a corte existente em solo brasileiro, tinha o hábito de comer com as mãos.

Hoje, a culinária francesa encontra-se enredada na cultura brasileira, como o uso do chantilly, os rissoles, croissant, crepes salgados e doces, o Petit Gâteau, o mousse, o tão conhecido baguete, dentre outros. Desta forma o menu tornou-se variado e novos alimentos foram inseridos da cultura alimentar francesa, como: o azeite de oliva, o espinafre, a alcachofra entre outros, iniciando uma nova fase da culinária francesa, com o requinte e o glamour que a consagrou e que permanece, até os dias atuais.

Entre os séculos XVI e XVII surge o “service à la française”, que viria a dividir as refeições em sopas, entradas e caldos; assados acompanhados de legumes e saladas; sobremesas doces e frutas. A pujança torna-se grosseria à mesa e a parcimônia ‘bem apresentada’. A delicadeza da mesa foi aumentada pouco a pouco, reconstruída pelo gosto requintado de vários senhores, que contribuíram para aperfeiçoarem seus chefs de cozinha.

A disseminação de restaurantes franceses a partir do final do século XIX, também contribuiu para divulgar a cultura gastronômica francesa em terras brasileiras.



A Alta Gastronomia, tal qual é conhecida na atualidade, começou a se desenvolver no Brasil com a chegada dos chefs franceses, no final da década de 1970, no Rio de Janeiro, e no início da década de 1990 em São Paulo.
A Nouvelle Cuisine que em português significa a “Nova Cozinha Francesa”. Trata-se de uma maneira de cozinhar e apresentar usada na cozinha francesa a partir da década de 1970, caracterizada pela leveza e delicadeza dos pratos. Tem como princípios básicos o envolvimento da totalidade dos sentidos humanos, influenciando o ato de comer.

Na França se consome muitos vinhos e com muita frequência, sendo uma refeição sem vinhos, uma refeição incompleta.

Para finalizar, podemos citar mais alguns pratos que fazem parte da nossa vida e que são de origem francesa como o Cassoulet; o Caviar; o Coquilles; os Ovos Pochês; Fondue de Queijo; o Quiche Lorraine; o Fillet au Poivre; o Cocq au Vin; os Escargots;  os Raclette; o Ratatouille; a Sopa de Cebola; o Blanquette de Vitela; a Bouillabaisse ou a sopa de Peixe; o Croque Monsieur, um tipo de sanduiche.


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Nos doces temos os Creme Brulèe; Profiteroles; Tarti Tartin; Crepe Suzette; Madeleine com Especiarias ou biscoitinhos amanteigados e os Macarons.

Bom Appetit!

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Por Lu Paternostro
NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores

Ilustração “Os Espanhóis e o Flamenco”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Espanhóis e o Flamenco", da série "Imigrantes do Brasil". 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
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Espanhóis

A presença espanhola em terras brasileiras acontece desde o início da colonização do Brasil, durante a União Ibérica. Entre 1580 e 1640, muitos espanhóis se estabeleceram no país gerando famílias “quatrocentonas”, muitas delas descendentes dos pioneiros Bandeirantes. 

Portanto a presença espanhola em terras brasileiras é muito antiga, sendo um de seus representantes de grande importância para a História de São Paulo, o jesuíta José de Anchieta que, em 1554, contribuiu para a fundação da cidade. 

Mais de 750 mil espanhóis entraram no Brasil a partir do fim do século XIX até os anos 1960.

A primeira e mais numerosa leva de imigrantes espanhóis, até os anos 1930, dirigiu-se, principalmente, para o campo, atraídos pelas oportunidades de trabalho nas fazendas de café do interior do estado paulista, em regime de colonato e, assim, substituir a mão de obra escrava. Mas os que vieram depois da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) encontraram nas cidades e nas indústrias as maiores oportunidades para refazer sua vida, principalmente como mão-de-obra especializada para a indústria nascente e a siderurgia. Ganhavam pouco nas fábricas e o envolvimento de espanhóis em movimentos operários é bastante significativo: foram participantes ativos nas greves de 1917, em São Paulo.


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Na capital paulista, os espanhóis fixaram-se principalmente nos bairros da Mooca, Ipiranga, Cambuci e Brás. Municípios como São Bernardo, São Caetano e Santos também possuem importantes núcleos de imigrantes dessa nacionalidade.

As cidades de Santos, do Rio de Janeiro e de Salvador foram os principais centros de recepção dos “braceros” no Brasil. A cidade de Santos não só abrigava uma numerosa colônia espanhola, que se espraiava nas cercanias da zona portuária – o que lhe valeu, no início do século XX, o apelido de “Barcelona Brasileira”, mas também se tornou um centro de agitação e organização operárias, dominado pelos imigrantes ibéricos. Na cidade do Rio de Janeiro, os espanhóis se fixaram principalmente nas áreas centrais da cidade, inclusive na zona portuária. Lá foram amparados pelas caixas de socorro mútuo, organizações particulares mantidas pelos imigrantes mais prósperos

A imigração espanhola foi muito importante para a formação da população brasileira, sendo o terceiro maior grupo de imigrantes, depois dos italianos e portugueses, a vir para o Brasil.

Espanhóis das províncias da Galícia, Catalunha, Valência, Navarra e das cidades de Sevilha, Cadiz, Córdoba, Almeria, Granada e Málaga formam o principal grupo de imigrantes que se dirigiram ao Brasil. 

Tradições

Dos espanhóis também temos as danças e a culinária típica, com seus vinhos, massa, azeites, o tão apreciado churro.

Na culinária temos a Paella, talvez um dos pratos mais conhecidos, feito de arroz, azeite e açafrão, carne de porco e vaca que, com a popularização do prato na costa do país, foram acrescidos diversos frutos do mar, como camarão, lula, mexilhão e polvo; o Cozido Madrileño, um dos mais típicos pratos de Madrid, capital da Espanha, cuja base é o grão de bico, leva linguiça, frango, batata, acelga, repolho, vagem; o Gaspacho, uma sopa fria feita de pepino, tomate, alho; a Tortilha de Batata, típica, uma espécie de omelete, feita com ovos e batatas, havendo inclusão de ingredientes, conforme a região, como champignons, pimentão e linguiça; o Pisto, um prato feito de pimentões, tomates, ou legumes da época, acompanhado de um ovo frito.



Outro alimento típico encontrado por toda a Espanha são as Tapas, aperitivos variados para se comer conversando e bebericando, encontrado em inúmeros restaurantes da Espanha e em restaurantes espanhóis de vários locais do mundo.

A dança mais conhecida aqui no Brasil é o Flamengo, estilo musical proveniente da Região da Andaluzia, ao sul da Espanha, de grande influência árabe.

Com eles aprendemos o cultivo do centeio e da alfaia.

Uma das contribuições mais visíveis é o festival tradicional que ocorre em Recife, conhecido como Festival de Cinema Espanhol.

O Flamenco

Com seus gestos fortes, ritmos bem pontuados, com muito destaque para a figura feminina, ricamente vestida, aqui na imagem represento o Flamenco,  estilo musical proveniente da Região da Andaluzia, ao sul da Espanha, de grande influência árabe.

Como gosto muito de enfeitar as figuras com detalhes, encontrei nos leques o elemento propicio para isso!



Além da dança, tradicionalmente com as castanholas, o Flamenco é o canto, a música. A origem remonta ás culturas ciganas e mouriscas, com influencias árabes e judaicas. Originalmente, era somente o canto que passou, com o tempo, a ser acompanhado pela guitarra, palmas, sapateados e dança.

A imagem toda tem os ritmos, os movimentos profusos, e optei pelas cores quentes, da estética mais conhecida do Flamenco. Os traços soltos, voam e tudo vibra ao mesmo tempo. Os leques se mexem e deslocam a energia do fundo da imagem. Tudo é movimento, porque o Flamenco é uma dança que não para. Um desafio constante e uma riqueza inimaginável de movimentos.  

Normalmente, por serem músicas com temáticas de sofrimento, as mulheres dançam muito sérias, tendo seus semblantes pesados. Aqui a fiz sorrir, não sorriso solto, mas com um pouco mais de alegria!

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Por Lu Paternostro
NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores.

Ilustração “Armênios e a Dança Kochari”. Imigrantes Brasileiros. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Armênios e a Dança Kochari", da série "Imigrantes do Brasil". 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
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Armênios

A Arménia é um país sem costa marítima, localizado na região da Transcaucásia e tem como capital, Erevã. Faz fronteira com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e com o Irão e o enclave de Nakhchivan (pertencente ao Azerbaijão) ao sul. Apesar de geograficamente estar inteiramente localizada na Ásia, a Armênia possui extensas relações sociopolíticas e culturais com a Europa. O país recebeu influência de todos os países vizinhos.

Os armênios têm sua própria língua e alfabeto, que consiste em 38 letras, duas delas adicionadas durante o período ciliciano. 96% da população fala o idioma armênio e cerca de 75,8% fala também o russo, mas o inglês vem, cada vez mais, ganhando espaço entre a população.

Em 1915, mais de um milhão e meio de armênios são assassinados, mais precisamente degolados, num assassinato em massa cometido pelo Império Otomano. Esse episódio é negado até hoje pela República da Turquia. Este massacre foi considerado o primeiro genocídio do século XX. Até hoje a memória do Genocídio Armênio é relembrada no dia 24 de abril pelas comunidades Armênias do mundo todo, inclusive aqui no Brasil.


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Os sobreviventes do massacre refugiaram-se na Síria, Egito, Chipre, Iraque, Grécia e Líbano, na época, território francês. Durante toda a década de 1920, os armênios emigraram, em massa, para várias partes do mundo sendo, em maior número para Europa, América do Norte e América do Sul. Era a Diáspora Armênia.

No Brasil acabaram indo para a cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, mas a maioria veio para a cidade de São Paulo, onde mais de 40 mil descendentes se estabeleceram. Na cidade de São Paulo muitos foram para a cidade de Osasco, outros para a cidade de Presidente Altino, afim de trabalhar na Cerâmica Hervy e no Frigorífico Wilson. Porém grande parte ficou na região central, próximo ao Mercado Municipal. Chegavam sem emprego e se viraram nas suas, vendendo como mascates, camelôs, em feiras. Muitos tornaram-se comerciantes e, posteriormente, grandes industriais. Na cidade de Osasco foi criada a “CAO – Comunidade Armênia de Osasco”. Em homenagem a esta etnia, ainda em São Paulo, existe a Estação Armênia do Metrô e um portal na web, o “Portal da Estação Armênia”, com notícias da comunidade, cultura, rádios, etc.

Por conta da geografia e história, a culinária Armênia é representada pela culinária mediterrânea e caucasiana, com fortes influências da Europa Oriental e do Oriente Médio, portanto influenciadas por seus países vizinhos.

Caracteriza-se pelos recheios, purês e coberturas na preparação de um grande número de carnes, peixes e legumes. Podemos encontrar muitos pratos da culinária árabe como as esfirras abertas de carne, esfirras fechadas de queijo, abobrinhas e berinjelas recheadas, os rolinhos de folha de uva, o quibe, a qualhada seca. O café árabe também é tomado na comunidade.



A Basturma, é um símbolo da gastronomia Armênia, uma carne de vaca seca ao sol, prensada, envolvida por condimentos. Ela foi criada quando, nos primórdios da civilização, os guerreiros e viajantes penduravam um pedaço de carne salgada no lombo dos cavalos para secar e conservar por longos períodos. Existem aproximadamente 23 tipos de Basturma feito com cavalo, carneiro, cabrito e aves em geral, entre outros. A peça fica parecida com um presunto cru e é comida em laminas fatiadas muito finas, quase transparentes. Na tradição armênia é consumido com ovos

A Sujuk é uma linguiça de carne de vaca também seca e picante, com temperos como cominho, pimenta vermelha e outros. Come-se como um salame, em fatias finas.

A Dança Kochari

Os Armênios formavam uma minoria com longa tradição cristã no Império Otomano Muçulmano.

A agressiva e vigorosa Dança Kochari remonta à esta época na qual estavam em desacordo com os governantes, é uma dança de intimidação executada tanto por homens como por mulheres.



A cultura Armênia é muito rica e profusa de danças e trajes com bastante bordados. Foi difícil escolher uma que a representasse.

Na imagem, em frente ás cores da bandeira Armênia, um casal representa a Kochari, dança que tornou-se patrimônio nacional e cultural do povo Armênio. É dançada em grupo, todos com as mãos dadas, mas destaquei o casal a fim de mar coerência formal para as ilustrações. Os homens levam um lenço nas mãos.

Ao fundo a esquerda, um homem toca o Nagara, um tambor, normalmente tocado com as mãos.

Os símbolos foram invenções minhas, não tendo relação direta com a cultura armênia, uma “licença poética”. 

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Por Lu Paternostro
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