Venham sem demora
Eu sou o cometa
Que vai logo embora
Eu sou o mascate
Eu sou barateiro
Vendo tudo a prazo
Eu detesto dinheiro
Minha Senhora, eis suas baixelas
Diretamente de Bruxelas
Senhorita, O Carmim da China
Para ruborizar sua face de menina
Eu sou o mascate
Sou o mercador
Renda pra Senhora
Na renda do Senhor
Três balaios de unguentos
Carreteis de linhas, duzentos
E uma caixinha de sombra chinesa
Ali para a mocinha com cara de princesa
Eu sou o mascate
Sou bufarinheiro
Compro até alfinete
E vendo o mundo inteiro
Pílulas lilases, baratas e eficazes
E essências orientais
Para vossos banhos semanais
Eu sou o mascate
Eu sou varejista
Paguem quanto possam
Que eu entrego a vista
Façam vossas encomendas para o próximo trimestre
Que por enquanto só existe transporte terrestre
Deem-me vossas listas com qualquer pedido
Que mulher não paga – só o marido
Eu sou o mascate
Eu já me vou
E o que eu vendo aqui
Me custou o dobro
Em Roma e Madri
Me custou o triplo
In London e Parrí.
O Mascate
Carlos Lyra
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Vendedores Ambulantes
São tipos humanos que encontramos pelas ruas, folclóricos pela forma de serem e exporem seus produtos. São encontrados por todo o canto, desde uma cidade grande até pequena, vilarejos e ilhas, no meio do mar, vendendo de tudo em seus carrinhos, tabuleiros, cestos, assadeiras, pendurado em suas costas!
Equilibram mercadorias na cabeça, as carregam em pedaços de paus nos ombros, penduram em cavalos, carregam nas mãos, montam tabuleiros em vários locais, apresentam seus produtos em lonas no chão, transportam barracas cheias de bugigangas sobre bicicletas, burros, penduram em cercas, penduram em si próprios.
São uma parte importante das cidades do mundo todo, tornando-se membro vital da vida social e econômica de uma cidade. São muito apreciados pelos turistas que podem usufruir de uma experiência autentica de contato com o povo e a cultura de um local.
Os mascates transportam o mundo, se preciso for, para levar coisas dos mais diversos tipos para qualquer lugar onde tem gente. São comerciantes ativos, presentes, observadores e espertos. A alma do mascate habita uma pessoa que sabe o que quer para si.
Os mascates ou vendedores ambulantes são antigos no Brasil.
A origem do termo “mascate” vem do árabe El-Matrac. Chamado, também, de “turcos da lojinha”, pois muitos imigrantes árabes tornaram-se vendedores.
No final do século XIX, chegaram sírios, libaneses, palestinos que vinham não para trabalhar nas lavouras de café, mas para vender objetos para os moradores das roças e fazendas. Caminhavam de fazenda em fazenda. E vendiam. Com o tempo, os árabes foram ficando famosos e conhecidos como vendedores itinerantes, com grande predominância e relevância no comercio.
Mascate também foi o nome depreciativo que os portugueses, estabelecidos na cidade de Olinda, deram aos portugueses que estavam em Recife, de onde originou a Guerra dos Mascates, uma guerra de interesses políticos e econômicos, entre as duas cidades, em 1710.
Mas, o mascate, possivelmente, surgiu na Idade Média, com o desenvolvimento dos burgos. Seus apelidos são inúmeros como pano de linho, marinheiro, bufarinheiro, matraca, canastreiro, miçangueiro, barateiro, corneta, turco da prestação, gringo, pechilingueiro, russo ou judeu da prestação, contrabandista, italiano.
Também conhecidos por caixeiros viajantes, levam seus produtos de um local distante para outro, tornando-os acessível para as pessoas. Inicialmente os mascates visitavam as cidades do interior e as fazendas de café, levando apenas miudezas e bijuterias. Com o tempo e o aumento do capital, começaram também a oferecer tecidos, roupas prontas e outros artigos.
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Um mundo de objetos é vendido pelos mascates: perfumes, frutas, ovos, verduras, potes plásticos, bijuterias, enfeites, panelas, chapéus, tapetes, tecidos, remédios, roupas, sonhos, até sonhos… e promessas, quantas promessas.
Os Lambe-lambes vendiam fotos, as ciganas liam as mãos e os pais de santo vendiam leitura de búzios…. Será que estes tipos são considerados mascates?
Encontramos citações destes personagens na literatura de Carlos Drummond de Andrade, nos romances de Jorge Amado, nos contos de Cornélio Pires.
Encontramos os mascates nas ruas, em praças, chamando as pessoas, pregando sobre seus produtos, benefícios, suas mágicas soluções. Caminham por ruelas, estradas. Vão de balsa, barco, ônibus, carro, pela praia, a pé, de bicicleta, patins, skate. Atinge o mundo das formas mais diversas apenas porque querem vender. Fazem teatro, usam bonecos, alegram as pessoas.
E com a entrada dos produtos chineses, então, vendem a mesma coisa em 100 ou mais barracas, valendo única e exclusivamente da empatia de cada um, da alegria inerente ao seu espirito! Hoje menos, mas antigamente, víamos nas saídas dos metrôs, inúmeras pequenas mesinhas, com uma pessoa em cada uma, vendendo passe de ônibus ou metrô, cartão ou fichas de telefone. Todas exatamente iguais, vendendo a mesma coisa. O que vale a venda é o olho no olho, aquela coisa bonita do “Seja bem-vindo!”. O vendedor que ama o que faz, tem esse brilho pronto em sua forma de ser.
O mascate continua aí, nas ruas, agora como vendedores ambulantes, muitos deles preferindo o emprego informal e o ganho irregular, à prisão do emprego fixo e aos constantes desrespeitos que sofrem. São pessoas que valorizam a liberdade, a liberdade de estar na rua, em contato com o mundo, as pessoas, o dia, a noite, a vida que pulsa ao seu redor.
Infelizmente ainda a sociedade não percebe a importância que o vendedor ambulante exerce. Ele é parte importante da sociedade, pois cria seu próprio emprego reduzindo, dessa forma, a pobreza social e contribuindo para o crescimento econômico das cidades.
São parte integrante de nossa cultura, de nossa tradição. Por isso, ganhou seu dia: dia 14 de novembro é o dia internacional do vendedor(a) ambulante.
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Por Lu Paternostro
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