Entre serra e mar, Das tardes num rio a se banhar, Os pensamentos vagueiam num dourado céu de acolá. Vales e montanhas, verde e azul de uma terra ao léu… Dorme um sonho de quem acredita naquele lugar. Em roda da pedra ou na Barra Um congo a cantarolar, a dançar…
Ticumbí nas dunas, Jongo e Folia vêm lá. Gente que planta a semente, Sopro de vida de um ser maior… Cala a palavra e o que fala é a vida ao luar Em roda da pedra… Entre serra e mar…
Mar e Montanha Grupo Moxuara
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Ticumbi
O
ticumbi é um baile de congos, típico do norte do Estado do Espírito Santo, encontrado
no Vale do Cricaré, região entre as cidades de Conceição da Barra e São Mateus.
Trata-se de um folguedo tradicional que acontece no começo do ano, encenado
para homenagear São Benedito, padroeiro dos negros, pobres e oprimidos, e São
Sebastião.
A procissão leva a imagem de São Benedito do Córrego das
Piabas, no distrito de Meleiras até a Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Conceição, no centro da cidade, onde os membros do Ticumbi se apresentam,
iniciando o primeiro mês do ano. A festa continua no Baile de São Benedito e
São Sebastião, na segunda semana de janeiro.
Trata-se
de uma dança coreografada, com enredo onde, conta a história, que o “Rei de
Congo”, cristão, queria fazer a festa de São Benedito sozinho, separado do “Rei
de Bamba”, pagão. Como não há acordo entre as duas nações, a guerra é travada e
seus secretários se desafiam fazendo embaixadas, em coreografias agitadas, na
forma de uma luta bailada. Essa guerra inicial é denominada “primeira guerra de
reis congo” ou “guerra sem travá”. Quando os reis entram para guerrear,
realiza-se a “guerra travada”, onde os reis batem as espadas junto com seus
secretários.
Os
personagens que fazem parte do folguedo são o Rei de Congo, os Rei de Bamba,
seus secretários próprios, e o corpo de dança de cada nação, composto por dois
guias, dois contra guias e um número de congos que pode variar, representando
os guerreiros das duas nações. Há ainda o violeiro, que participa das encenações.
O
Ticumbi tem uma característica própria muito interessante: cada ano os versos
são alterados para contar algum fato novo que aconteceu ou alguma história
local, nacional ou internacional, que acaba marcando a história da cidade. São
cantados na praça, um local público.
Suas vestimentas são bem característica, formadas por longas batas brancas rendadas, calça branca larga com um friso de fita ao lado das pernas, duas fitas trançadas no peito, espadas e na cabeça um chapéu cheio de flores com fitas longas, tudo muito colorido. Os reis aparecem com coroas de papelão, enfeitadas com papel dourado ou prateado, peitoral de espelhinhos e flores de papel, uma capa comprida e, nas mãos ou na cintura, uma longa espada.
Os
instrumentos que fazem o ritmo são os pandeiros e os “Ganzás” ou “Canzás”,
chocalhos feitos de latas. A viola entra junto com os participantes sendo a
vestimenta do violeiro bem parecida com a dos dançantes.
A
encenação acontece na frente da igreja de Itaúnas.
A
vila de Itaúnas, distrito de Conceição da Barra, localiza-se no extremo norte
do estado do Espirito Santo, pertinho da divisa com o estado da Bahia. É um vilarejo
simpático, rustico e bucólico, de terra batida, onde vive um pouco mais de 2.000
pessoas.
Na
vila reinam a diversidade de manifestações de cultura tradicional que vão das
danças e folguedos, até ritmos, formas de fazer objetos utilitários, barcos,
artesanato, gastronomia.
A
vila antiga, sumiu sob as areias que foram se instalando aos poucos, num
processo longo mas constate. A igreja e o cemitério sumiram em primeiro lugar.
Mas, por amor de seu povo, ela foi sendo reconstruída, aos pouquinhos,
buscando-se a semelhança com a anterior, mas atravessando lentamente o rio
Itaúnas, indo parar na sua margem oposta.
No
começo de todos os anos, os moradores comemoram o dia de São Benedito e São
Sebastião, presentes também no calendário anual de Conceição da Barra e do estado
do Espírito Santo. Nos meses de outubro e novembro, começam os ensaios dos
grupos de ticumbi nas roças, para a encenação em homenagem a São Benedito.
O
ticumbi, encenado nas homenagens aos santos, é um registro vivo das histórias
contadas pelos seus moradores antigos. Na forma da dança e das letras estas
historias passam de pai para filho.
“De acordo com alguns relatos, o ticumbi é criação de Silvestre Nagô, negro escravo que, para animar seus pares, inventou os folguedos, rapidamente transformados em modo de lembrar e reviver o passado, fortalecer laços e identidades, manter e reconstruir memórias e de mobilização da própria comunidade que o produzia. ” (ALVARENGA, 2011)
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Por Lu Paternostro NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores
Ilustração “Festas Juninas”, da série “Manifestações da Cultura Brasileira. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
A fogueira tá queimando Em homenagem a São João O forró já começou Vamos gente, rapapé neste salão
Dança Joaquim com Isabé Luiz com Iaiá Dança Janjão com Raqué E eu com Sinhá Traz a cachaça, Mané Eu quero vê, quero vê páia voar
São João na Roça Luiz Gonzaga
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As Festas Juninas
As festas juninas, antigamente chamadas de joaninas, são
multiculturais e comemoradas em vários países da Europa católica. Provavelmente
sua origem venha da Idade Média, quando se celebrava os “santos populares” ou
Santo Antônio, São João e São Pedro.
A festividade, de acordo com os historiadores, foi introduzida
no Brasil pelos portugueses, no período colonial, trazendo em sua forma de
comemorar, traços característicos encontrados da Europa até a China. Com o
passar do tempo foram incorporando as características das várias regiões do
Brasil. Popularizou-se mesmo no Nordeste no País, tornando-se
internacionalmente conhecidas, tanto por sua grandiosidade, com por sua
tradição.
Nesta época do ano todas as cidades se enfeitam, as pessoas vão
para as ruas, formam-se quermesses, criam-se arraiais. São 31 dias de muita
alegria pelo País todo.
As festas são compostas por vários símbolos característicos
de sua multiplicidade de culturas.
Além de aquecerem no inverno, as fogueiras, um item que não
pode faltar num arraial, existem em todas as festas de São João europeias
cristãs. Eram usadas, tradicionalmente, para festejar a chegada do solstício de
verão, no hemisfério norte. Os fogos de artificio, que segundo a tradição popular
serve para acordar São João, vieram da China que tinha como legado a
manipulação da pólvora para fabricar fogos.
Os balões, soltos de 5 a 7 para avisar que a festança estava para começar, os enfeites de papel e as bandeirinhas, vêm de Portugal. As danças de fitas, provavelmente, vêm da península ibérica. O levantamento do mastro com a imagem do santo ou dos santos é ancestral e, embora um símbolo marcadamente católico, tem origem pagã. As quadrilhas vieram das danças de salão francesas, danças nobres, para quatro pares, ou quadrille, muito em voga no início do século XIX, e que veio para o Brasil pelas elites portuguesas e brasileiras. Com o tempo foi se transformando, ganhando influencias afro-brasileiras e indígenas, aumentando o número de participantes e abandonando os passos e ritmos franceses. Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é ele quem determina as coreografias temáticas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança como o “garranchê”.
As festas juninas se popularizaram no meio rural, daí sua
vestimenta campesina ou à caipira onde se vê os homens com camisa xadrez, calça
remendada com panos coloridos, chapéu de palha, e as mulheres com vestido
colorido de chita e chapéu de palha.
Desde tempos anteriores aos colonizadores, os índios tinham
por habito fazer festas e cantorias para que a colheita fosse farta, nesta
época do ano. As comidas típicas que vemos nas festas juninas são feitas de grãos
e raízes como amendoim e o pé-de-moleque, a bata-doce, a mandioca em doces e
bolos e o milho verde, que se transforma em canjica, bolo de milho, curau,
pipoca, pamonha, broa de milho, bolo de fubá, cuscuz e no delicioso milho
cozido. No Nordeste, por causa da seca, pede-se, também, para que a chuva caia
e dê boa colheita.
Os instrumentos musicais que acompanham as quadrilhas, são a
sanfona ou acordeom, o pandeiro, a zabumba, o violão ou a viola, o triangulo, o
cavaquinho sendo introduzidos também, de forma inovadora, os violinos no forró!
Para inúmeras cidades brasileiras do Norte e Nordeste do
Brasil, as festas levam progresso para a economia local. Destacamos as maiores
como a de Caruaru, no estado do de Pernambuco, considerada a maior festa
country ao ar livre do mundo e Campina Grande, no estado da Paraíba, que foi
intitulada como o Maior São João do Mundo, num arraial gigante e que atrai, em
média, 2 milhões de visitantes todos os anos. A festa gera trabalho e renda
para cerca de dez mil pessoas na cidade.
As festas juninas acontecem nas comunidades, escolas,
paróquias, festas particulares, praças, cidades inteiras, e podem ser únicas,
tradicionais, pequenas e grandiosas, mas levam sempre, e mais fortemente durante
um mês inteiro, uma alegria genuína para todos os cantos do Brasil.
Comemora-se Santo Antônio no dia 13 de junho, São João Batista no dia 24 e São Pedro no dia 29 de junho.
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Por Lu Paternostro NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores
Ilustração “Festa de Iemanjá”, da série “Manifestações da Cultura Brasileira. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
É água no mar, é maré cheia ô mareia ô, mareia É água no mar…
Contam que toda tristeza Que tem na Bahia Nasceu de uns olhos morenos Molhados de mar.
Não sei se é conto de areia Ou se é fantasia Que a luz da candeia alumia Pra gente contar.
Um dia morena enfeitada De rosas e rendas Abriu seu sorriso de moça E pediu pra dançar.
A noite emprestou as estrelas Bordadas de prata E as águas de Amaralina Eram gotas de luar.
Era um peito só Cheio de promessa era só Era um peito só cheio de promessa
Quem foi que mandou O seu amor Se fazer de canoeiro O vento que rola das palmas Arrasta o veleiro E leva pro meio das águas de Iemanjá E o mestre valente vagueia Olhando pra areia sem poder chegar Adeus, amor
Adeus, meu amor Não me espera Porque eu já vou me embora Pro reino que esconde os tesouros De minha senhora
Desfia colares de conchas Pra vida passar E deixa de olhar pros veleiros Adeus meu amor eu não vou mais voltar
Foi Beira-Mar, foi Beira-Mar quem chamou Foi Beira-Mar ê, foi Beira-Mar
Conto de Areia Clara Nunes
Iemanjá
É um orixá africano cujo nome deriva da expressão ioruba Yéyé omo ejá , ou seja “Mãe cujos filhos
são peixes”. No Brasil é considerada a rainha das águas e marés, senhora dos
oceanos, sereia sagrada. Considerada rainha das águas salgadas, é protetora dos
pescadores e jangadeiros. No Brasil, ainda é associada à Virgem Maria e Nossa
Senhora dos Navegantes.
A mais popular divindade das religiões africanas é
representada geralmente como uma mulher de longos cabelos escuros e túnica azul
que também assume a forma de sereia que mora nas profundezas do mar.
Cantada e homenageada em inúmeras composições brasileiras, é
conhecida por vários nomes como Janaína, Rainha do Mar, Dona Janaína, Inaê, Mãe
da Água, Princesa do Aiocá, Deusa das Pérolas e também Maria, no paralelismo
com a religião católica, dentre outros.
Associados a ela estão como cor, o azul, metal é a prata,
seu dia da semana é sábado, seu ponto de domínio na natureza é o mar, suas
flores, rosas e palmas brancas, angélicas, orquídeas, suas pedras a pérola e a
água marinha.
Iemanjá goza de grande prestígio entre os seguidores das
religiões afro-brasileiras, por isso suas festas são repletas de fieis que
devotam oferendas e presentes à rainha das ondas.
Comemora-se Iemanjá no dia 2 de fevereiro, também dia de
Nossa Senhora dos Navegantes para os católicos, e costuma-se festejar seu dia
com uma grande procissão fluvial.
No Rio Grande do Sul comemora-se a tradicional procissão
marítima da Lagoa dos Patos entre Rio Grande e São José do Norte, realizada há
mais de 200 anos. (CORTA AQUI E VAI PARA IMAGENS)
Porém, uma das mais populares festas de celebração pública
do candomblé, acontece na praia do Rio Vermelho em Salvador, estado da Bahia,
onde milhares de fiéis, sejam baianos ou turistas, vestidos de branco fazem
oferendas a ela, agradecendo ou pedindo alguma benção.
Conta-se que tudo começou em 1923, quando ocorreu uma
diminuição na oferta de peixes da Vila dos Pescadores do Rio Vermelho e estes, desesperados,
pediram ajuda para Iemanjá ofertando-lhe presentes que eram levados ao mar por
suas embarcações, tornando-se tradição até os dias de hoje.
As homenagens começam de madrugada, onde devotos de várias
religiões colocam bilhetes com seus pedidos e presentes em cestos, que são levados
por embarcações para o alto mar. Dizem
que os pedidos recusados não afundam ou voltam para praia.
Os presentes são flores brancas, perfumes, velas,
espelhinhos, bijuterias, sabonetes, comidas, oferendas que agradam à rainha do mar
e obter, desta forma, sua proteção. Em casa, por ocasião do seu dia, coloca-se
sobre uma mesa um vaso de rosas brancas ou cestas com frutas, ou acende-se uma
vela azul ou branca num local especial.
A celebração ao dia de Iemanjá acontece em todos os estados
brasileiros, muito deles junto com a Nossa Senhora dos Navegantes, a forma
sincrética do orixá, no catolicismo.
No candomblé as comidas associadas ao orixá são o manjar branco, acaçá, uma massa feita de milho branco ou vermelho embrulhada em folhas de bananeira, peixe de água salgada, bolo de arroz, melancia, cocada branca, o ebôya ou fava de Iemanjá, ebô, um preparado de milho branco sem tempero.
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Por Lu Paternostro NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores
Ilustração “Reisado”, da série “Manifestações da Cultura Brasileira. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Lá vem chegando o Reisado Cheio de graça e folia Oh senhor dono da casa abre a porta e deixe entrar Essa bandeira sagrada vem aqui lhe visitar Bendito louvado seja Pra hoje e sempre o amor Se essa vida é tirana e causa tamanha dor Quanto mais se for sozinha a lida do cantador
Por isso meus companheiros cantem comigo que não canto só Pra encontrar em cada rosto um destino bem “mió”
Reisado Chico Lobo
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Reisado
Segundo Luis da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do
Folclore Brasileiro, Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam
e dançam na véspera e Dia de Reis.
Festa popular de tradição cristã, foi introduzida pelos
portugueses na época do período colonial. O nome é dado aos festejos realizados
por grupos que cantam os chamados ternos e ocorrem entre o Natal e o dia de
Reis Magos ou dia de Reis, em 6 de janeiro, ocorrendo, em alguns estados
brasileiros, o ano todo.
O Reisado tomou feições as mais variadas, incorporando
elementos das mais diferentes procedências e ganhando características locais,
refletindo um universo multicultural em suas manifestações. Mistura folclore e
religiosidade.
O reisado acontece em torno do nascimento do menino Jesus,
relembrando a visita dos três reis magos. Os brincantes fazem apresentações nas
praças e visitam os moradores por onde passam levando alegria, louvor e
encantamento. As pessoas visitadas retribuem com algum agrado como vinho ou
dinheiro para o grupo.
“Ele é, a um só tempo, tiro, auto-épico, brincadeira de
terreiro, cortejo de brincantes, ópera popular e teatro tradicional. É rito
porque encena o mito de origem do mundo cristão popular, com o nascimento do
Divino. Auto-épico porque se dá em roda, com a participação ativa da
comunidade. Cortejo popular porque as diversas linguagens artísticas (música,
teatro, dança, artes visuais – nos figurinos e adereços), numa só apresentação.
Teatro tradicional porque se trata de manifestação cênica construída
secularmente pela coletividade”. (BARROSO, 2011)
Por todo o território brasileiro o reisado pode assumir
diversos nomes como Terno de Reis, Tiração de Reis, Folia de Reis, Reisado de
Congo, de Caretas ou de Couro, de Caboclos, de Bailes, Boi, Rancho de Reis,
Guerreiros e outros. Assume diversas formas de manifestação, enredos,
vestimentas e personagens, mesclando-se com a realidade de cada local.
A maioria dos reisados festejados no Brasil segue um
roteiro: a abertura da porta ou pedição de sala, marcha de entrada, louvação do
Divino ou aos donos da casa, louvação ao Menino Jesus, parte das figuras,
entremeios (falas do Caboclo e da Dona do Baile), cantigas de amor, chula (só
dança), entrada do Boi e retirada ou despedida.
Há vário tipos de apresentação, mas alguns grupos lembram em
suas vestimentas, as roupas dos gladiadores romanos, havendo momento de
verdadeira luta entre eles.
De forma geral os personagens principais são os Reis, em
número de oito ou dez elementos de cada lado, que representam os gladiadores
romanos, vestindo-se a caráter com saiotes, capacetes, espadas e uma armadura
no peito. Usam ainda meiões e sapatos de borracha. Os trajes são bastante
coloridos, com predominância do vermelho e, geralmente, com lantejoulas, fitas
coloridas, areia prateada e espelhinhos, e as coroas no mesmo estilo. O Mestre
e Contra-Mestre vestem-se igualmente, porém de forma mais requintada. Os
Caretas são as figuras cômicas das apresentações e apresentam-se mascarados.
A figura do Mateus e Catirinas dão humor e representam os
bufões dos reis. Pulam, brincam, para provocar o riso. Durante o
desenvolvimento do auto, vão aparecendo as figuras da Burrinha, representando o
animal que levou Maria para dar luz, do Jaraguá, da Ema, do Caipora e do Boi,
dentre outras, que têm uma função idêntica àquela desempenhada no auto do
Bumba-meu-boi, miscigenando-os.
Os instrumentos musicais tradicionais de um terno são o violão, a viola, a rabeca ou violino popular, a zabumba ou tambor, o triângulos, pandeiros e cavaquinhos dependendo dos grupos e da região. Torna-se rico quando da presença da Banca Cabaçal, um conjunto de percussão e sopro formado pela zabumba, uma caixa-tarol, pratos e pifes de taboca ou os pífanos.
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Por Lu Paternostro NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores
Ilustração “Maracatu Rural”, da série “Manifestações da Cultura Brasileira. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
“O Caboclo de Surrão Que sabe bem o que quer na cama Deixa a mulher para Ele dormir no chão Para não manchar a nação, Três dias de carnaval Capricha no ritual, no cravo Bota um mistério, que não tem nada mais sério Que o Maracatu Rural”
Mestre Barachinha. A poesia e a rima o tornaram um grande mestre do Maracatu.
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Maracatu
Ritmo tradicional nordestino de origem afro-brasileira é um cortejo carnavalesco típico do Estado do Pernambuco que acontece na época do Carnaval.
Nasceu dos trabalhadores rurais, das fazendas de cana de açúcar, na época do Brasil Império, no interior de Pernambuco.
O Maracatu é uma mistura de teatro, música e dança. Divide-se em dois tipos bem distintos: o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto e o Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado.
O caboclo de lança é o guerreiro de Ogum. Formado por trabalhadores rurais, portam lanças de madeira adornadas com fitas coloridas e na cabeça portam ricos e exuberantes capacetes. Usam mantos também muito coloridos que representam a armadura na encenação da batalha. Alguns usam grandes óculos e uma flor branca na boca, sendo o cravo a mais tradicional.
Tanto o Maracatu Rural como o Maracatu Nação encontram-se em processo de Registro como patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
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Ritmo tradicional nordestino de origem afro-brasileira é um cortejo
carnavalesco típico do Estado do Pernambuco que acontece na época do Carnaval. Cada
grupo tem os seus personagens e formas de apresentar como viviam os homens na
época do Brasil Império.
Nasceu dos trabalhadores rurais, das fazendas de cana de açúcar, na
época do Brasil Império, no interior de Pernambuco. Em sua origem foi criado
para camuflar a história e cultos africanos, pois estes eram proibidos pelo rei
e a igreja católica. No começo do século XIX veio para Recife e hoje é um dos
grandes momentos do Carnaval, principalmente na cidade de Nazaré da Mata,
município localizado há 70 km de Recife, considerada a Cidade dos Maracatus.
O Maracatu é uma mistura de teatro, música e dança. Divide-se em dois
tipos bem distintos: o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto e o Maracatu
Nação ou Maracatu de Baque Virado.
O Maracatu Nação ou de Baque Virado participam de 30 a 50 brincantes.
Desde sua origem, tinha como tema central a coroação dos reis africanos,
uma forma e perpetuar a historia de seus ancestrais negros para a geração que
nasceu no Brasil.
Dentre os participantes encontramos o rei e a rainha, acompanhados de
uma corte composta por damas de honra, príncipe e princesa, duque e duquesa,
barão e baronesas, embaixador, porta estandarte. No estandarte encontra-se o
nome da agremiação que representam ou a imagem de algum animal. Ainda vemos a
dama de corte, o vassalo que carrega o pátio ou guarda-sol, as damas ou damas
de passo, também chamadas de Yabás ou baianas que carregam a Calunga, uma
boneca negra que representa as rainhas antepassadas da corte.
Inserindo a tradição brasileira, em alguns cortejos, entra o caboclo de
pena, sendo a representação dos índios guerreiros. Acompanham o cortejo os
batuqueiros. No Maracatu de Baque Virado a orquestra é composta de instrumentos
de percussão como gonguê, ganzar, xequerê, maracá, as caixas e alfaias, estas para
a marcação grave dos ritmos. As musicas cantadas são as toadas e quem as canta
é o tirador de loas ou versos, que apita no início e no final de cada estrofe.
Além de
ser um folguedo, o Maracatu preserva sua origem religiosa; é parte do cortejo
fazer a dança das calungas na frente das igrejas como forma de prestar
homenagem à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, divindades negras
católicas. Porém se entram em algum terreiro, os homenageados são os orixás o que
denota o caráter sincrético desta tradição.
O
Maracatu de Baque Solto é criado posteriormente ao de baque virado. Surge na
zona da mata pernambucana, nos séculos XIX e XX. Foi criado por agricultores
das canas e sofreu influência e mescla de muitos outros folguedos do estado do
Pernambuco como bumba-meu-boi, folia de reis, cavalo marinho, etc.
Seus
personagens são o rei e a rainha, a porta bandeira ou baliza, o Mateus, a
Catirina, o burro, o caçador, as porta-buquês, as baianas, a boneca Aurora, os
caboclos de pena e seus machados. Carregam na cabeça um grande cocar de penas.
Há também o vassalo ou o “menino da sombrinha” e o personagem principal, o
caboclo de lança.
O
caboclo de lança é o guerreiro de Ogum. Formado por trabalhadores rurais,
portam lanças de madeira adornadas com fitas coloridas e na cabeça portam ricos
e exuberantes capacetes. Usam mantos também muito coloridos que representam a
armadura na encenação da batalha. Alguns usam grandes óculos e uma flor branca
na boca, sendo o cravo a mais tradicional.
No
Maracatu de Baque Solto não há cortejo e quem comanda os movimentos é o apito
do mestre, também responsável pelas cantorias das toadas. Ele acontece em dois
círculos concêntricos. No circulo de fora os caboclos de lança correm e fazem
algazarras encenando a batalha, golpeando com suas lanças de dois metros de
altura. Carregam chocalhos nas costas que marcam o ritmo do Maracatu Rural. No
circulo menor vemos dançando as damas de buquê, baianas, caboclo de pena,
boneca e estandarte.
Seu
conjunto de instrumentos é maior do que o Maracatu de Baque Virado, sendo
conhecido como Maracatu Orquestra. Nele encontramos o tarol ou a caixa, a porca
ou cuíca, a zabumba, o surdo, o ganzá, chocalho e metais como clarinetes,
saxofone, trombone e pistom. No coro ouvimos vozes femininas e seu ritmo é bem
mais rápido que o Maracatu de Baque Virado.
Tanto o Maracatu Rural como o Maracatu Nação encontram-se em processo de Registro como patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
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Por Lu Paternostro NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores
Ilustração “Marabaixo”, da série “Manifestações da Cultura Brasileira. Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
Aonde tu vais rapaz?
Neste caminho sozinho
Eu vou fazer minha morada
Lá nos campos do laguinho
As ruas do Macapá Estão ficando um primor Tem hospitais, tem escolas Pros fíos do trabalhadô Mas as casas que são feitas É só prá morar os doutô Dia primeiro de junho…
Marabaixo Luiz Gonzaga Música e poesia
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O ciclo do Marabaixo é a maior manifestação cultural do estado do Amapá. É um ritual de origem africana, que compõe algumas festas católicas populares em comunidades negras da área metropolitana da cidade de Macapá, capital do estado.
A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano da Festa do Divino e acontecem integradas a esta comemoração.
O Marabaixo acontece no ritmo de tambores ou das caixas, instrumentos de percussão construídos com madeira e pele de animais. As mulheres dançam de forma vigorosa, com suas saias de cores vivas, no ritmo forte e intenso dos batuques. Durante o ritual são servidas bebidas, sendo a mais típica a gengibirra.
No dia 16 de junho comemora-se
o dia estadual do Marabaixo no Amapá.
O ciclo do Marabaixo é a maior manifestação cultural do Estado do Amapá.
É um ritual de origem africana, que compõe algumas festas católicas populares
em comunidades negras da área metropolitana da cidade de Macapá, capital do Estado.
Embora sua origem seja pouco definida, o Marabaixo é uma dança da
cultura africana, provavelmente trazida pelos negros que chegaram ao Estado do
Amapá no século XVIII, para a construção da Fortaleza de São José. Além destes,
aportaram na região, famílias vindas da África, fugidas das guerras entre
mouros e cristãos.
A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano da Festa do
Divino e acontecem integradas a esta comemoração.
As celebrações têm início no domingo de Páscoa e, a partir daí, se desenvolvem durante um espaço de tempo de aproximadamente sessenta dias, onde acontecem danças e cantorias do Marabaixo junto com levantamento de mastros para o Divino e a Santíssima Trindade, missas, novenas, procissões. No final os mastros são derrubados, finalizando o ciclo anual do Marabaixo.
O Marabaixo acontece no ritmo de tambores ou das caixas, instrumentos de
percussão construídos com madeira e pele de animais. Durante o ritual são
servidas bebidas, sendo a mais típica a gengibirra, comumente servida nas rodas
de batuques e Marabaixo, feita com gengibre e cachaça. A gengibirra embala os
foliões que chegam a dançar a noite toda “jogando
ladrão”, ou seja, as musicas que são
cantaroladas pelas dançarinas e que entoam versos espontâneos durante as
reuniões
As mulheres dançam de forma vigorosa, com suas saias de cores vivas, no
ritmo forte e intenso dos batuques. Levam uma toalha nos ombros para limpar o
suor, que acabou tornando-se um adorno típico de suas vestimentas. Os homens
fazem gestos da queda de corpo e da capoeira que era jogada, antigamente, em
frente à secular Igreja de São José.
No dia 16 de junho comemora-se o dia estadual do Marabiaxo onde há missas e batuqueradas com participação de vários grupos de danças folclóricas. No Amapá, o Ciclo do Marabaixo é comemorado todos os anos por grupos organizados, que trabalham para manter vivas as tradições de raiz de seu povo e ancestrais.
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Por Lu Paternostro NOTA LEGAL: Proibida a reprodução total ou parcial sem autorização expressa dos autores