Ilustração “Festas Juninas”. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira. Série Traços do Brasil.

Ilustração "Festas Juninas", da série "Manifestações da Cultura Brasileira. 
 Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
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A fogueira tá queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapapé neste salão 

Dança Joaquim com Isabé
Luiz com Iaiá
Dança Janjão com Raqué
E eu com Sinhá
Traz a cachaça, Mané
Eu quero vê, quero vê páia voar

São João na Roça
Luiz Gonzaga

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As Festas Juninas

As festas juninas, antigamente chamadas de joaninas, são multiculturais e comemoradas em vários países da Europa católica. Provavelmente sua origem venha da Idade Média, quando se celebrava os “santos populares” ou Santo Antônio, São João e São Pedro.

A festividade, de acordo com os historiadores, foi introduzida no Brasil pelos portugueses, no período colonial, trazendo em sua forma de comemorar, traços característicos encontrados da Europa até a China. Com o passar do tempo foram incorporando as características das várias regiões do Brasil. Popularizou-se mesmo no Nordeste no País, tornando-se internacionalmente conhecidas, tanto por sua grandiosidade, com por sua tradição.

Nesta época do ano todas as cidades se enfeitam, as pessoas vão para as ruas, formam-se quermesses, criam-se arraiais. São 31 dias de muita alegria pelo País todo.

As festas são compostas por vários símbolos característicos de sua multiplicidade de culturas.

Além de aquecerem no inverno, as fogueiras, um item que não pode faltar num arraial, existem em todas as festas de São João europeias cristãs. Eram usadas, tradicionalmente, para festejar a chegada do solstício de verão, no hemisfério norte. Os fogos de artificio, que segundo a tradição popular serve para acordar São João, vieram da China que tinha como legado a manipulação da pólvora para fabricar fogos.



Os balões, soltos de 5 a 7 para avisar que a festança estava para começar, os enfeites de papel e as bandeirinhas, vêm de Portugal.  As danças de fitas, provavelmente, vêm da península ibérica. O levantamento do mastro com a imagem do santo ou dos santos é ancestral e, embora um símbolo marcadamente católico, tem origem pagã. As quadrilhas vieram das danças de salão francesas, danças nobres, para quatro pares, ou quadrille, muito em voga no início do século XIX, e que veio para o Brasil pelas elites portuguesas e brasileiras. Com o tempo foi se transformando, ganhando influencias afro-brasileiras e indígenas, aumentando o número de participantes e abandonando os passos e ritmos franceses. Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é ele quem determina as coreografias temáticas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança como o “garranchê”.

As festas juninas se popularizaram no meio rural, daí sua vestimenta campesina ou à caipira onde se vê os homens com camisa xadrez, calça remendada com panos coloridos, chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita e chapéu de palha.

Desde tempos anteriores aos colonizadores, os índios tinham por habito fazer festas e cantorias para que a colheita fosse farta, nesta época do ano. As comidas típicas que vemos nas festas juninas são feitas de grãos e raízes como amendoim e o pé-de-moleque, a bata-doce, a mandioca em doces e bolos e o milho verde, que se transforma em canjica, bolo de milho, curau, pipoca, pamonha, broa de milho, bolo de fubá, cuscuz e no delicioso milho cozido. No Nordeste, por causa da seca, pede-se, também, para que a chuva caia e dê boa colheita.

Os instrumentos musicais que acompanham as quadrilhas, são a sanfona ou acordeom, o pandeiro, a zabumba, o violão ou a viola, o triangulo, o cavaquinho sendo introduzidos também, de forma inovadora, os violinos no forró!

Para inúmeras cidades brasileiras do Norte e Nordeste do Brasil, as festas levam progresso para a economia local. Destacamos as maiores como a de Caruaru, no estado do de Pernambuco, considerada a maior festa country ao ar livre do mundo e Campina Grande, no estado da Paraíba, que foi intitulada como o Maior São João do Mundo, num arraial gigante e que atrai, em média, 2 milhões de visitantes todos os anos. A festa gera trabalho e renda para cerca de dez mil pessoas na cidade. 


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As festas juninas acontecem nas comunidades, escolas, paróquias, festas particulares, praças, cidades inteiras, e podem ser únicas, tradicionais, pequenas e grandiosas, mas levam sempre, e mais fortemente durante um mês inteiro, uma alegria genuína para todos os cantos do Brasil.

Comemora-se Santo Antônio no dia 13 de junho, São João Batista no dia 24 e São Pedro no dia 29 de junho.  

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Festa de Iemanjá”. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira. Série Traços do Brasil.

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É água no mar, é maré cheia ô
mareia ô, mareia
É água no mar…

Contam que toda tristeza
Que tem na Bahia
Nasceu de uns olhos morenos
Molhados de mar.

Não sei se é conto de areia
Ou se é fantasia
Que a luz da candeia alumia
Pra gente contar.

Um dia morena enfeitada
De rosas e rendas
Abriu seu sorriso de moça
E pediu pra dançar.

A noite emprestou as estrelas
Bordadas de prata
E as águas de Amaralina
Eram gotas de luar.

Era um peito só
Cheio de promessa era só
Era um peito só cheio de promessa

Quem foi que mandou
O seu amor
Se fazer de canoeiro
O vento que rola das palmas
Arrasta o veleiro
E leva pro meio das águas
de Iemanjá
E o mestre valente vagueia
Olhando pra areia sem poder chegar
Adeus, amor

Adeus, meu amor
Não me espera
Porque eu já vou me embora
Pro reino que esconde os tesouros
De minha senhora

Desfia colares de conchas
Pra vida passar
E deixa de olhar pros veleiros
Adeus meu amor eu não vou mais voltar

Foi Beira-Mar, foi Beira-Mar quem chamou
Foi Beira-Mar ê, foi Beira-Mar

Conto de Areia
Clara Nunes


Iemanjá

É um orixá africano cujo nome deriva da expressão ioruba Yéyé omo ejá , ou seja “Mãe cujos filhos são peixes”. No Brasil é considerada a rainha das águas e marés, senhora dos oceanos, sereia sagrada. Considerada rainha das águas salgadas, é protetora dos pescadores e jangadeiros. No Brasil, ainda é associada à Virgem Maria e Nossa Senhora dos Navegantes.

A mais popular divindade das religiões africanas é representada geralmente como uma mulher de longos cabelos escuros e túnica azul que também assume a forma de sereia que mora nas profundezas do mar.

Cantada e homenageada em inúmeras composições brasileiras, é conhecida por vários nomes como Janaína, Rainha do Mar, Dona Janaína, Inaê, Mãe da Água, Princesa do Aiocá, Deusa das Pérolas e também Maria, no paralelismo com a religião católica, dentre outros.

Associados a ela estão como cor, o azul, metal é a prata, seu dia da semana é sábado, seu ponto de domínio na natureza é o mar, suas flores, rosas e palmas brancas, angélicas, orquídeas, suas pedras a pérola e a água marinha.

Iemanjá goza de grande prestígio entre os seguidores das religiões afro-brasileiras, por isso suas festas são repletas de fieis que devotam oferendas e presentes à rainha das ondas.  

Comemora-se Iemanjá no dia 2 de fevereiro, também dia de Nossa Senhora dos Navegantes para os católicos, e costuma-se festejar seu dia com uma grande procissão fluvial.



No Rio Grande do Sul comemora-se a tradicional procissão marítima da Lagoa dos Patos entre Rio Grande e São José do Norte, realizada há mais de 200 anos.  (CORTA AQUI E VAI PARA IMAGENS)

Porém, uma das mais populares festas de celebração pública do candomblé, acontece na praia do Rio Vermelho em Salvador, estado da Bahia, onde milhares de fiéis, sejam baianos ou turistas, vestidos de branco fazem oferendas a ela, agradecendo ou pedindo alguma benção.

Conta-se que tudo começou em 1923, quando ocorreu uma diminuição na oferta de peixes da Vila dos Pescadores do Rio Vermelho e estes, desesperados, pediram ajuda para Iemanjá ofertando-lhe presentes que eram levados ao mar por suas embarcações, tornando-se tradição até os dias de hoje.

As homenagens começam de madrugada, onde devotos de várias religiões colocam bilhetes com seus pedidos e presentes em cestos, que são levados por embarcações para o alto mar.  Dizem que os pedidos recusados não afundam ou voltam para praia.

Os presentes são flores brancas, perfumes, velas, espelhinhos, bijuterias, sabonetes, comidas, oferendas que agradam à rainha do mar e obter, desta forma, sua proteção. Em casa, por ocasião do seu dia, coloca-se sobre uma mesa um vaso de rosas brancas ou cestas com frutas, ou acende-se uma vela azul ou branca num local especial.


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A celebração ao dia de Iemanjá acontece em todos os estados brasileiros, muito deles junto com a Nossa Senhora dos Navegantes, a forma sincrética do orixá, no catolicismo.

No candomblé as comidas associadas ao orixá são o manjar branco, acaçá, uma massa feita de milho branco ou vermelho embrulhada em folhas de bananeira, peixe de água salgada, bolo de arroz, melancia, cocada branca, o ebôya ou fava de Iemanjá, ebô, um preparado de milho branco sem tempero.

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Por Lu Paternostro
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Ilustração “Reisado”. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira. Série Traços do Brasil.

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Lá vem chegando o Reisado
Cheio de graça e folia
Oh senhor dono da casa abre a porta e deixe entrar
Essa bandeira sagrada vem aqui lhe visitar
Bendito louvado seja
Pra hoje e sempre o amor
Se essa vida é tirana e causa tamanha dor
Quanto mais se for sozinha a lida do cantador

Por isso meus companheiros cantem comigo
que não canto só
Pra encontrar em cada rosto um destino bem “mió”

Reisado
Chico Lobo

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Reisado

Segundo Luis da Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam e dançam na véspera e Dia de Reis.

Festa popular de tradição cristã, foi introduzida pelos portugueses na época do período colonial. O nome é dado aos festejos realizados por grupos que cantam os chamados ternos e ocorrem entre o Natal e o dia de Reis Magos ou dia de Reis, em 6 de janeiro, ocorrendo, em alguns estados brasileiros, o ano todo.

O Reisado tomou feições as mais variadas, incorporando elementos das mais diferentes procedências e ganhando características locais, refletindo um universo multicultural em suas manifestações. Mistura folclore e religiosidade.

O reisado acontece em torno do nascimento do menino Jesus, relembrando a visita dos três reis magos. Os brincantes fazem apresentações nas praças e visitam os moradores por onde passam levando alegria, louvor e encantamento. As pessoas visitadas retribuem com algum agrado como vinho ou dinheiro para o grupo.



“Ele é, a um só tempo, tiro, auto-épico, brincadeira de terreiro, cortejo de brincantes, ópera popular e teatro tradicional. É rito porque encena o mito de origem do mundo cristão popular, com o nascimento do Divino. Auto-épico porque se dá em roda, com a participação ativa da comunidade. Cortejo popular porque as diversas linguagens artísticas (música, teatro, dança, artes visuais – nos figurinos e adereços), numa só apresentação. Teatro tradicional porque se trata de manifestação cênica construída secularmente pela coletividade”. (BARROSO, 2011)

Por todo o território brasileiro o reisado pode assumir diversos nomes como Terno de Reis, Tiração de Reis, Folia de Reis, Reisado de Congo, de Caretas ou de Couro, de Caboclos, de Bailes, Boi, Rancho de Reis, Guerreiros e outros. Assume diversas formas de manifestação, enredos, vestimentas e personagens, mesclando-se com a realidade de cada local.

A maioria dos reisados festejados no Brasil segue um roteiro: a abertura da porta ou pedição de sala, marcha de entrada, louvação do Divino ou aos donos da casa, louvação ao Menino Jesus, parte das figuras, entremeios (falas do Caboclo e da Dona do Baile), cantigas de amor, chula (só dança), entrada do Boi e retirada ou despedida.

Há vário tipos de apresentação, mas alguns grupos lembram em suas vestimentas, as roupas dos gladiadores romanos, havendo momento de verdadeira luta entre eles.

De forma geral os personagens principais são os Reis, em número de oito ou dez elementos de cada lado, que representam os gladiadores romanos, vestindo-se a caráter com saiotes, capacetes, espadas e uma armadura no peito. Usam ainda meiões e sapatos de borracha. Os trajes são bastante coloridos, com predominância do vermelho e, geralmente, com lantejoulas, fitas coloridas, areia prateada e espelhinhos, e as coroas no mesmo estilo. O Mestre e Contra-Mestre vestem-se igualmente, porém de forma mais requintada. Os Caretas são as figuras cômicas das apresentações e apresentam-se mascarados.


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A figura do Mateus e Catirinas dão humor e representam os bufões dos reis. Pulam, brincam, para provocar o riso. Durante o desenvolvimento do auto, vão aparecendo as figuras da Burrinha, representando o animal que levou Maria para dar luz, do Jaraguá, da Ema, do Caipora e do Boi, dentre outras, que têm uma função idêntica àquela desempenhada no auto do Bumba-meu-boi, miscigenando-os.

Os instrumentos musicais tradicionais de um terno são o violão, a viola, a rabeca ou violino popular, a zabumba ou tambor, o triângulos, pandeiros e cavaquinhos dependendo dos grupos e da região. Torna-se rico quando da presença da Banca Cabaçal, um conjunto de percussão e sopro formado pela zabumba, uma caixa-tarol, pratos e pifes de taboca ou os pífanos.

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Ilustração “Maracatu Rural”. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira. Série Traços do Brasil.

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“O Caboclo de Surrão
Que sabe bem o que quer na cama
Deixa a mulher para
Ele dormir no chão
Para não manchar a nação,
Três dias de carnaval Capricha no ritual, no cravo
Bota um mistério, que não tem nada mais sério
Que o Maracatu Rural”

Mestre Barachinha.
A poesia e a rima o tornaram
um grande mestre do Maracatu.

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Maracatu

Ritmo tradicional nordestino de origem afro-brasileira é um cortejo carnavalesco típico do Estado do Pernambuco que acontece na época do Carnaval.

Nasceu dos trabalhadores rurais, das fazendas de cana de açúcar, na época do Brasil Império, no interior de Pernambuco.

O Maracatu é uma mistura de teatro, música e dança. Divide-se em dois tipos bem distintos: o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto e o Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado.

O caboclo de lança é o guerreiro de Ogum. Formado por trabalhadores rurais, portam lanças de madeira adornadas com fitas coloridas e na cabeça portam ricos e exuberantes capacetes. Usam mantos também muito coloridos que representam a armadura na encenação da batalha. Alguns usam grandes óculos e uma flor branca na boca, sendo o cravo a mais tradicional.

Tanto o Maracatu Rural como o Maracatu Nação encontram-se em processo de Registro como patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

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Ritmo tradicional nordestino de origem afro-brasileira é um cortejo carnavalesco típico do Estado do Pernambuco que acontece na época do Carnaval. Cada grupo tem os seus personagens e formas de apresentar como viviam os homens na época do Brasil Império.

Nasceu dos trabalhadores rurais, das fazendas de cana de açúcar, na época do Brasil Império, no interior de Pernambuco. Em sua origem foi criado para camuflar a história e cultos africanos, pois estes eram proibidos pelo rei e a igreja católica. No começo do século XIX veio para Recife e hoje é um dos grandes momentos do Carnaval, principalmente na cidade de Nazaré da Mata, município localizado há 70 km de Recife, considerada a Cidade dos Maracatus.

O Maracatu é uma mistura de teatro, música e dança. Divide-se em dois tipos bem distintos: o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto e o Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado.

O Maracatu Nação ou de Baque Virado participam de 30 a 50 brincantes.

Desde sua origem, tinha como tema central a coroação dos reis africanos, uma forma e perpetuar a historia de seus ancestrais negros para a geração que nasceu no Brasil.

Dentre os participantes encontramos o rei e a rainha, acompanhados de uma corte composta por damas de honra, príncipe e princesa, duque e duquesa, barão e baronesas, embaixador, porta estandarte. No estandarte encontra-se o nome da agremiação que representam ou a imagem de algum animal. Ainda vemos a dama de corte, o vassalo que carrega o pátio ou guarda-sol, as damas ou damas de passo, também chamadas de Yabás ou baianas que carregam a Calunga, uma boneca negra que representa as rainhas antepassadas da corte.



Inserindo a tradição brasileira, em alguns cortejos, entra o caboclo de pena, sendo a representação dos índios guerreiros. Acompanham o cortejo os batuqueiros. No Maracatu de Baque Virado a orquestra é composta de instrumentos de percussão como gonguê, ganzar, xequerê, maracá, as caixas e alfaias, estas para a marcação grave dos ritmos. As musicas cantadas são as toadas e quem as canta é o tirador de loas ou versos, que apita no início e no final de cada estrofe.

Além de ser um folguedo, o Maracatu preserva sua origem religiosa; é parte do cortejo fazer a dança das calungas na frente das igrejas como forma de prestar homenagem à Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, divindades negras católicas. Porém se entram em algum terreiro, os homenageados são os orixás o que denota o caráter sincrético desta tradição.

O Maracatu de Baque Solto é criado posteriormente ao de baque virado. Surge na zona da mata pernambucana, nos séculos XIX e XX. Foi criado por agricultores das canas e sofreu influência e mescla de muitos outros folguedos do estado do Pernambuco como bumba-meu-boi, folia de reis, cavalo marinho, etc.

Seus personagens são o rei e a rainha, a porta bandeira ou baliza, o Mateus, a Catirina, o burro, o caçador, as porta-buquês, as baianas, a boneca Aurora, os caboclos de pena e seus machados. Carregam na cabeça um grande cocar de penas. Há também o vassalo ou o “menino da sombrinha” e o personagem principal, o caboclo de lança.

O caboclo de lança é o guerreiro de Ogum. Formado por trabalhadores rurais, portam lanças de madeira adornadas com fitas coloridas e na cabeça portam ricos e exuberantes capacetes. Usam mantos também muito coloridos que representam a armadura na encenação da batalha. Alguns usam grandes óculos e uma flor branca na boca, sendo o cravo a mais tradicional.


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No Maracatu de Baque Solto não há cortejo e quem comanda os movimentos é o apito do mestre, também responsável pelas cantorias das toadas. Ele acontece em dois círculos concêntricos. No circulo de fora os caboclos de lança correm e fazem algazarras encenando a batalha, golpeando com suas lanças de dois metros de altura. Carregam chocalhos nas costas que marcam o ritmo do Maracatu Rural. No circulo menor vemos dançando as damas de buquê, baianas, caboclo de pena, boneca e estandarte.  

Seu conjunto de instrumentos é maior do que o Maracatu de Baque Virado, sendo conhecido como Maracatu Orquestra. Nele encontramos o tarol ou a caixa, a porca ou cuíca, a zabumba, o surdo, o ganzá, chocalho e metais como clarinetes, saxofone, trombone e pistom. No coro ouvimos vozes femininas e seu ritmo é bem mais rápido que o Maracatu de Baque Virado.



Tanto o Maracatu Rural como o Maracatu Nação encontram-se em processo de Registro como patrimônio imaterial brasileiro pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

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Ilustração “Marabaixo”. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira. Série Traços do Brasil.

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Aonde tu vais rapaz?
Neste caminho sozinho
Eu vou fazer minha morada
Lá nos campos do laguinho

As ruas do Macapá
Estão ficando um primor
Tem hospitais, tem escolas
Pros fíos do trabalhadô
Mas as casas que são feitas
É só prá morar os doutô
Dia primeiro de junho…

Marabaixo
Luiz Gonzaga
Música e poesia

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O ciclo do Marabaixo é a maior manifestação cultural do estado do Amapá. É um ritual de origem africana, que compõe algumas festas católicas populares em comunidades negras da área metropolitana da cidade de Macapá, capital do estado.

A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano da Festa do Divino e acontecem integradas a esta comemoração.

O Marabaixo acontece no ritmo de tambores ou das caixas, instrumentos de percussão construídos com madeira e pele de animais. As mulheres dançam de forma vigorosa, com suas saias de cores vivas, no ritmo forte e intenso dos batuques. Durante o ritual são servidas bebidas, sendo a mais típica a gengibirra.

No dia 16 de junho comemora-se o dia estadual do Marabaixo no Amapá.

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O ciclo do Marabaixo é a maior manifestação cultural do Estado do Amapá. É um ritual de origem africana, que compõe algumas festas católicas populares em comunidades negras da área metropolitana da cidade de Macapá, capital do Estado.

Embora sua origem seja pouco definida, o Marabaixo é uma dança da cultura africana, provavelmente trazida pelos negros que chegaram ao Estado do Amapá no século XVIII, para a construção da Fortaleza de São José. Além destes, aportaram na região, famílias vindas da África, fugidas das guerras entre mouros e cristãos.

A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano da Festa do Divino e acontecem integradas a esta comemoração.

As celebrações têm início no domingo de Páscoa e, a partir daí, se desenvolvem durante um espaço de tempo de aproximadamente sessenta dias, onde acontecem danças e cantorias do Marabaixo junto com levantamento de mastros para o Divino e a Santíssima Trindade, missas, novenas, procissões. No final os mastros são derrubados, finalizando o ciclo anual do Marabaixo.

O Marabaixo acontece no ritmo de tambores ou das caixas, instrumentos de percussão construídos com madeira e pele de animais. Durante o ritual são servidas bebidas, sendo a mais típica a gengibirra, comumente servida nas rodas de batuques e Marabaixo, feita com gengibre e cachaça. A gengibirra embala os foliões que chegam a dançar a noite toda “jogando ladrão”, ou seja, as musicas que são cantaroladas pelas dançarinas e que entoam versos espontâneos durante as reuniões



As mulheres dançam de forma vigorosa, com suas saias de cores vivas, no ritmo forte e intenso dos batuques. Levam uma toalha nos ombros para limpar o suor, que acabou tornando-se um adorno típico de suas vestimentas. Os homens fazem gestos da queda de corpo e da capoeira que era jogada, antigamente, em frente à secular Igreja de São José.

No dia 16 de junho comemora-se o dia estadual do Marabiaxo onde há missas e batuqueradas com participação de vários grupos de danças folclóricas. No Amapá, o Ciclo do Marabaixo é comemorado todos os anos por grupos organizados, que trabalham para manter vivas as tradições de raiz de seu povo e ancestrais.

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Ilustração “Jongo”. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira. Série Traços do Brasil.

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Quando a noite descia,
ao som da Ave-Maria,
um som de tambor se ouvia.
Dentro de uma senzala, 
em um caminho pra Minas,
vozes de jongueiros se ouviam.

Na Fazenda da Bem Posta, em pleno Estado do Rio,
um jongueiro sentindo falta do caxambu,
tocava o candongueiro, após o angú.

Cantarolava a saracura,
levou o lenço da moça 
que ficou chorando, 
que pecado que ela leva quando morrer….

Saracura
Jongo de Serrinha

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Jongo

O jongo tem diversos nomes: tambu, batuque, tambor, caxambu. É cantado e tocado de diversas formas, dependendo do local que é praticado, e é considerado um dos ritmos precursores do samba.

O jongo é uma forma de reverência e louvação aos antepassados, lembrando profundamente de suas raízes negras; tem seus saberes, ritos e crenças nos povos africanos. São várias as maneiras de dançar o jongo. Os dançarinos dançam e cantam numa roda. Um deles faz o solo e os outros respondem cantando.

O registro do “Jongo do Sudeste” como patrimônio imaterial do Brasil pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em dezembro de 2005, na categoria “Formas de Expressão”, é o reconhecimento da importância desta expressão para a formação da multifacetada identidade cultural brasileira.

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O jongo tem diversos nomes: tambu, batuque, tambor, caxambu. É cantado e tocado de diversas formas, dependendo do local que é praticado, e é considerado um dos ritmos precursores do samba.

Foi trazido para o Brasil pelos escravos angolanos. É uma expressão rítmica da mesma família do tambor de crioula, do samba de roda e do coco. Integra a percussão de tambores, as danças coletivas e disposição em roda dos dançarinos, o bater das palmas, a umbigada, elementos comuns a estas danças. 


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É praticado nos quintais das casas de periferias urbanas e de comunidades rurais do sudeste brasileiro.

O jongo é uma forma de reverência e louvação aos antepassados, lembrando profundamente de suas raízes negras; tem seus saberes, ritos e crenças nos povos africanos e exaltam estas historias em suas canções.

Os jongos não são liturgias, mas estão associados ao catolicismo afro brasileiro, em especial ao culto de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. 

Para os jongueiros os tambores são sagrados, pois fazem a conexão com as entidades do mundo espiritual. Seus guardiões são os líderes das próprias comunidades jongueiras. Os instrumentos musicais podem ser diferentes de um grupo para outro, mas o mais comum é terem dois ou três tambores. Podemos encontrar em algumas comunidades o chamado tambor de fricção, um tipo de cuíca em formato maior.



São várias as maneiras de dançar o jongo. Os dançarinos dançam e cantam numa roda. Um deles faz o solo e os outros respondem cantando. Sozinhos ou em pares os dançarinos vão até o centro da roda e dançam até serem substituídos por outro par. Os praticantes dançam como sabem dançar; uns dançam pulando, arrastando os pés, dançam devagar, outros mais rápidos e soltos. O chamado “ponto” é um dos elementos mais marcantes do jongo, onde a palavra cantada assume características únicas.

O registro do “Jongo do Sudeste” como patrimônio imaterial do Brasil pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em dezembro de 2005, na categoria “Formas de Expressão”, é o reconhecimento da importância desta expressão para a formação da multifacetada identidade cultural brasileira.

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