Criação de padrão para xícaras e pratos, criados a partir da releitura do painel de Genaro de Carvalho, localizado num hotel histórico, de Salvador/ BA. Uma forma de levar arte e cultura para hóspedes e clientes VIP.
Desenvolvi diversos projetos especiais para a Tropical Hotels Brasil e um que marcou muito, foi o Projeto de Cultura Aplicada, que acontecia dentro dos hotéis da rede, mais fortemente nos principais destinos como Salvador/BA, Manaus/AM, Cataratas do Iguaçu/PR, Tambaú/PB e Araxá/MG.
O objetivo era levar aos hóspedes, dentro do hotel, aspectos culturais e vivenciais do destino, através de diversos materiais de comunicação, gerando conhecimento e mais empatia do público com o empreendimento e, consequentemente, com a marca da rede.
Todo esse universo vivencial e informacional era feito nos cardápios super especiais de cada restaurante local, materiais de quarto como diretórios de serviços com características particulares dos destinos, porta copos ilustrados e colecionáveis, dentre outros. Em cada local, um set de materiais era desenvolvido.
No caso do Hotel da Bahia, este tinha uma particularidade: possuía um acervo de obras de arte valiosíssimo, com obras de Caribé e outros artistas.
No restaurante principal, um grande afresco tombado pelo PAC-BA – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, em 1981, se tornou foco de uma releitura para fazermos brindes especiais para clientes VIP e as louças do restaurante. O painel foi feito em 1950, um dos primeiros afrescos, com características modernas, executados no Estado da Bahia.
Estudei cada parte da obra e dos temas abordados pelo Genaro de Carvalho, pois não queria descaracterizá-la, mas fazer uma releitura das intenções do artista, gerando valor para o trabalho.
Além da arte, criei um mini folder que acompanhava o brinde, em duas línguas, apresentando os temas principais abordados pelo artista no afresco e um pouco sobre minha releitura.
Imagina um hotel, onde cada ambiente é pensado para levar o destino Amazonas, de forma artística e criativa, para seu hóspede, gerando uma experiência agradável, multidimensional e, ainda, poder receber parte de tudo isso na casa desse hóspede como lembrança de sua estada num dos destinos mais cobiçados do mundo?
Essa foi a proposta da OPY Comunicação para o Manaus Airport Hotel, usando minhas ilustrações em painéis temáticos e as fotografias de Sergio Fecuri numa exposição por todos os corredores, além da decoração, com aspectos do mesmo tema, do bar do hotel.
Já na recepção, um pássaro voa em busca da liberdade…
Para se ter a ideia da grandiosidade, logo que o hóspede entra na recepção, se depara com um painel de 17 metros de altura, o Grande Pássaro, cobrindo a parede principal do grande hall de entrada, podendo ser visto de todos os andares.
Indo para os elevadores, um grande painel ilustrado com o tema “Homenagem a Manaus”, dá boas vindas a ele e apresenta vários aspectos da cidade, além da cultura, fauna e flora locais.
E nos andares, as lendas…
No hall dos elevadores, já nos andares 1 ao 4, o visitante se depara com painéis ilustrados de 5 x 2,5 m com as Lendas do Boto, do Guaraná, da Yara e da Vitoria Régia, um painel por andar, todas com orientação patrimonial (placa sobre a artista e texto sobre a lenda) junto com um QR Code onde a pessoa pode saber mais sobre cada uma delas.
Lenda do Guaraná. Lu Paternostro
Dirigindo-se aos quartos, e em todos os corredores, ele pode visitar a exposição “Recortes de Manaus”, com fotos feitas pelo fotógrafo e publicitário Sergio Fecuri, distribuídas em 5 grandes temas por todos os corredores, respeitando um projeto expo gráfico também criado por ele, dando um sentido para quem a visita. Uma viagem incrível por recortes de cenas de Manaus, dando ao hóspede, uma outra visão da cidade, que ele pode explorar ao visitá-la. As imagens da exposição, poderiam ser adquiridas pelo hóspede, e entregue em sua casa, num projeto criado por mim, pela OPY Comunicação, chamado Art´In Box.
Painéis Temáticos, detalhes. De Lu Paternostro
Já no restaurante, o hóspede usufrui de um belíssimo buffet, tendo ao fundo o Painel Ilustrado com a Lenda das Amazonas.
O bar, também, foi todo decorado com desenhos feitos por mim, tendo ao fundo destes, cenas do filme Fitzcarraldo, de 1982, de Werner Herzog, com Klaus Kinski e Claudia Cardinale como atores principais, e que você pode conhecer o case no meu site.
O objetivo, com estas exposições pelos ambientes do hotel, é integrar e levar o destino para dentro do hotel, aproximando-o do hóspede, contando suas histórias, deixando o ambiente mais aconchegante e gerando uma sensação de alegria em todos. A arte, quando verdadeira, pensada, estruturada num espaço e orientada, gera impactos muito positivos tanto nos ambientes como em nossos cérebros que, mesmo não conscientes, percebem tudo em volta como bom, organizado, simpático. O hóspede leva essa experiência para casa!
O atendimento profissional e o cuidado com a decoração, toda essa ação conjunta, rendeu muitos elogios para o hotel, compartilhamento de imagens dos painéis nas redes sociais e retorno dos hóspedes que o consideraram o mais amazônida da região. Atendimento, bons serviços e um ambiente positivo e simpático, levando o destino para o hóspede visitante, é a composição perfeita paro o hóspede criar boas lembranças e experiências hiper positivas.
Painéis Temáticos, detalhes. Lu Paternostro
Os painéis temáticos, muito além de um objeto de decoração, são um meio de comunicação de ideias divertido e interativo, pois, além da imagem e seus detalhes, o hóspede acessa, em uma outra dimensão, através do QR Code, muito mais do que está vendo: compreende a história do tema e entende minhas intenções para a escolha das formas que usei para representá-los.
Ele sente o respeito quando damos mais opções de informações. Todo esse movimento multidimensional de experiências estéticas e vivenciais, deixa um legado único e de muito valor para todos.
Nunca uma marca de cerveja gerou tantos temas sobre a cultura do Brasil para nós, brasileiros, e para o Mundo, que ama a arte do Brasil!
São 42 ilustrações para rótulos, divididos em 4 grandes temas: “Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira”, ” Os Tipos Tradicionais Brasileiros”, “Imigrantes Brasileiros” e “Tradições Gaúchas” pertencentes à série “Traços do Brasil por Lu Paternostro”, para a Cerveja Paulistânia da Bier & Wein.
Conheça uma ação de marketing e produto de real valor na geração de conteúdos exclusivos.
Rótulos “Cultura Tradicional Brasileira”, da série Traços do Brasil, de Lu Paternostro.
“Queremos algo com temas do Brasil“
A mestre cervejeira Tatiana Spogis, que coordenava o marketing da Bier & Wein na ocasião dessa ação, tinha a ideia de chamar artistas para a criação dos novos rótulos da Cerveja Paulistânia e queria começar comigo! E ela curtiu uns trabalhos meus com temas do Brasil! “Queremos algo nessa linha, bem coloridos, com temas que abrangem o Brasil”, disse no briefing.
Achei show e vi nisso uma maravilhosa oportunidade de fazermos algo bem diferente do que a própria cerveja vinha fazendo até então. E grandioso! E assim se deu!
Embora muitos brasileiros não tenham conhecimento, a cultura do Brasil não é só apreciada, mas respeitada e considerada em diversos países do mundo. Eu mesma não tinha essa noção, até publicar os temas no meu site: vi minhas imagens sendo usadas (com autorização, é lógico) em sites de todo o mundo: Itália, Suíça, Suécia, EUA, Japão (até brasileiros que morram lá, entraram em contato comigo), Portugal, Espanha, Alemanha, e por pessoas aqui no Brasil, que sabem o que significa todo esse tesouro que temos e que mal o compreendemos!
Cerveja Paulistânia: 42 rótulos com temas do Brasil, de Lu Paternostro
As ilustrações, foram divididas em grandes temas, representando as linhas de cervejas Vermelha Larger Premium, a Puro Malte Larger Premium e a Puro Malte Extra Escura Larger Premium.
Conheça cada tema de cada um dos rótulos, junto com a ilustração. E com o desejo de propagar um pouco mais de conhecimento, cada tema tem um espaço próprio em meu site, para que todos possam conhecer, pelo menos se introduzir, no que nosso país tem de mais lindo, verdadeiro e genuíno: nossa arte e cultura tradicionais.
Me orgulho demais de ter feito esse trabalho, que envolveu uma vasta pesquisa, mas que até hoje, rende divulgação pelo mundo, amizades, participação em palcos, e muitos trabalhos feitos em salas de aulas, com crianças de todas as idades, em colégios do Brasil afora.
Criei ainda, com estes temas, 3 e-books e uma belíssima exposição que rodou, durante 5 meses, o Metrô de São Paulo e mais 3 exposições em Brasília, sendo uma permanente, num grande hotel da capital federal! Vamos a esta viagem de cores, formas e temas do Brasil?
1. Manifestações da Cultura Tradicional Brasileira
Como amante da arte mais pura e genuína, sem grandes “intelectualidades”, sugeri o estudo dos temas relativos às festas típicas, tradicionais, religiosas, pagãs e os folguedos do povo brasileiro e seus estados.
Deste primeiro estudo, nasceram os seguintes rótulos:
1. Boi Bumbá
O bumba meu boi é um dos traços mais marcantes da identidade cultural brasileira. Espalhando-se pelo Brasil, o bumba-meu-boi adquire características diversas na forma da dança, ritmo, personagens e até na forma de interpretar o enredo.
O bumba-meu-boi ou boi-bumbá é uma festa tradicional em que o personagem central é o boi, seu ciclo vital e o seu universo mítico e religioso, uma grande celebração que congrega diversas manifestações culturais ao seu redor. Encontramos presente a devoção aos santos juninos como São João e São Pedro e, ao mesmo tempo, traços do Tambor de Mina, Tambor da Mata e o Terecô, religiões afro-brasileiras onde encontramos a presença de orixás. Esta riqueza o configura como um “complexo cultural”.
A palavra Capoeira significa “o que foi mata” ka’a (“mata”) e pûer (“que foi”), referindo-se à vegetação rasteira do interior do Brasil. É uma manifestação da cultura popular, está presente na totalidade do território brasileiro e em mais de 150 países. Uma expressão que une luta, dança e música. Diferente de outras lutas, a roda de capoeira acontece acompanhada com cantorias, ritmos de atabaques e principalmente o berimbau, instrumento que praticamente comanda a forma de acontecer a capoeira.
Dentre suas formas, temos a “Capoeira Angola” ou chamada “Capoeira de Vadiação” e a “Capoeira Regional”, criada no começo do século XX pelo Mestre Bimba que fundou, em 1932, a primeira Academia de Capoeira no Brasil.
O Carnaval é uma das maiores festas populares do país. Tem origem na Grécia, onde o povo fazia festas em agradecimento à fertilidade dos solos. Porém sua origem no Brasil vem do entrudo português, uma festa pagã europeia, uma série de jogos e brincadeiras populares, que chegou aqui no século XVII.A alegria das pessoas em participar foi crescendo com a entrada das marchinhas carnavalescas, que animavam as festas de rua e davam uma grandiosidade para esta manifestação. Porém as Escolas de Samba ainda movimentam o Carnaval por todo o país, competindo entre si e assim, com alegorias cada vez mais elaboradas, exportam o Carnaval Brasileiro Show para o mundo todo.
A Congada, também conhecida por Congo ou Congado, é uma manifestação cultural e religiosa de origem Africana e remete às lutas travadas no território africano, principalmente no Congo, onde muitos reis perderam seus tronos vindo a ser escravos no Brasil, quando da colonização portuguesa no século XV. A congada relembra esta história e suas passagens, lutas e conquistas de forma simbólica, não deixando morrer a lembrança do poder do povo negro.
É uma dança que representa a coroação do rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado que recebe o nome de “terno” e, em alguns locais, de uma encenação dramática que tem o nome de “embaixada”. A congada acontece em várias festividades durante o ano todo, principalmente em festas de Nossa Senhora do Rosário e em alguns locais, nas festas do Divino.
As danças gaúchas são marcadas pela influência da cultura espanhola, portuguesa e francesa. Em todas elas vê-se o espírito da fidalguia e do respeito à mulher. Outras vezes a dança é mercada por sapateados fortes, ritmados, uma apresentação de perícia de seus dançarinos. Várias são as cantigas típicas gaúchas dançadas aos pares, onde há sempre o cortejo entre homem e mulher como o Anú, o Balaio, a Chimarrita, a Chula, o Pezinho, a Cana Verde, o Chamané, o Fandango, o Maçanico e o Caranguejo. De tradição muito rica, variada e bem preservada, o povo gaúcho tem muito a mostrar para o povo brasileiro.
A Folia de Santos Reis, Reisado, Companhia de Reis ou simplesmente Folia de Reis, são cortejos de caráter religioso, que se realizam em vários estados do Brasil. Ocorre entre o Natal e a Festa de Reis, em seis de janeiro. A maioria dos estudos atribui origem Europeia às folias, talvez relacionadas às “Jornadas de Pastorinhas”, meninas-moças que no período litúrgico do Natal, percorriam as casas pedindo esmolas com finalidade assistências, usando a música como pedido e agradecimento. As folias levam suas preces cantadas às casas dos foliões, porém sua função é angariar fundos para a festa de seis de janeiro, o dia de Santo Reis.
O frevo nasceu no Estado do Pernambuco, no final do século XIX, no carnaval, e se enraizou nas cidades de Olinda e Recife. Do repertório variado e eclético desta musica ligeira, feita para o carnaval, nasceram os três tipos de frevo: o Frevo-de-Rua, que não possui letras, feito unicamente para ser dançado, o Frevo-de-Bloco, possivelmente vindo de serenatas feitas por grupo de rapazes munidos de violões, banjos, cavaquinhos, clarinetes, sendo que atualmente as mulheres participam também, e o Frevo-Canção, ou Marcha-Canção, que se parecem muito com as marchinhas de carnaval.
O nome vem de ferver, um ritmo que causa efervescência, agitação, rebuliço e uma aura de muita vivacidade aos seus participantes. A sombrinha, tão famosa quando falamos de Trevo, é parte do tradicional adereço dos dançarinos.
O futebol é um dos esportes mais antigos e populares do mundo, praticado em centenas de países por ser fácil, simples e pode-se jogar em qualquer lugar. No Brasil, 1894 é considerado o início oficial do futebol, ano em que Charles W. Miller, nascido no bairro paulistano do Brás, foi para a Inglaterra estudar aos nove anos. Lá tomou contato com o futebol e trouxe em sua bagagem uma bola de capotão e um conjunto de regras. Por isso é considerado pai do futebol no Brasil. O primeiro jogo realizado no Brasil foi em 15 de abril de 1895 entre funcionários de empresas inglesas que trabalhavam em São Paulo, a Cia. Ferroviária São Paulo Railway contra os funcionários da Cia de Gás, o The Gaz Co. Miller atuou no time ferroviário. O jogo foi realizado num pedaço de terra na Várzea do Carmo. No dia 19 de julho se comemora o Dia Nacional do Futebol.
O jongo tem diversos nome e foi trazido para o Brasil pelos escravos angolanos. É uma expressão rítmica da mesma família do tambor de crioula, do samba de roda e do coco. Integra a percussão de tambores, as danças coletivas e disposição em roda dos dançarinos, o bater das palmas, a umbigada, elementos comuns a estas danças. Os dançarinos dançam e cantam numa roda. O chamado “ponto” é um dos elementos mais marcantes do jongo, onde a palavra cantada assume características únicas. É praticado nos quintais das casas de periferias urbanas e de comunidades rurais do sudeste brasileiro.
É um ritual de origem africana, que compõe algumas festas católicas populares em comunidades negras da área metropolitana da cidade de Macapá, capital do Estado. A dança e o canto do Marabaixo constituem o lado profano da Festa do Divino e acontecem integradas a esta comemoração. O Marabaixo acontece no ritmo de tambores ou das caixas, instrumentos de percussão construídos com madeira e pele de animais. Durante o ritual são servidas bebidas, sendo a mais típica a gengibirra, comumente servida nas rodas de batuques e Marabaixo, feita com gengibre e cachaça. No dia 16 de junho comemora-se o dia estadual do Marabaixo onde há missas e batucadas com participação de vários grupos de danças folclóricas.
O Maracatu é um ritmo tradicional nordestino de origem afro-brasileira é um cortejo carnavalesco típico do Estado do Pernambuco que acontece na época do Carnaval. Cada grupo tem os seus personagens e formas de apresentar como viviam os homens na época do Brasil Império. Nasceu dos trabalhadores rurais, das fazendas de cana de açúcar, na época do Brasil Império, no interior de Pernambuco. O Maracatu é uma mistura de teatro, música e dança. Divide-se em dois tipos bem distintos: o Maracatu Rural ou Maracatu de Baque Solto e o Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado.
O Festival Folclórico de Parintins, conhecido no mundo todo como uma das maiores celebrações culturais da América Latina, acontece no mês de junho, na cidade de Parintins, no estado do Amazonas. É uma grande festa popular, que acontece na última semana de junho, onde o ponto culminante é a disputa entre os dois bois folclóricos: o Boi Garantido, com as cores vermelho e branco, leva um coração na testa, e o Boi Caprichoso, com suas cores azul e branco, carrega na testa uma estrela como símbolo. O festival é repleto de personagens, figuras gigantes e coreografias com muitos participantes e acontece num cenário grandioso, repleto de luzes teatrais, fogos de artifícios, efeitos especiais que atraem pessoas de todos os lugares do mundo. O Festival Folclórico de Parintins ocorre no mês de junho, começando no dia 24, dia de São João, e vai até o fim do mês.
A ideia deste tema veio das músicas populares brasileiras.
Percebi que em muitas músicas tradicionais, como as modas de viola, ou cantorias nordestinas, os sambas de roda ou mesmo nas letras e composições musicais de grandes autores inspiradas no folclore de alguns estados, haviam temas recorrentes como os pescadores, as baianas, o pantaneiro, o boiadeiro, os vendedores ambulantes, as feiras, as rendeiras. Descobri que estes tipos tradicionais existem e são personagens respeitados, conhecidos e cantados pelo Brasil afora. Ai, mais um tema foi sugerido, agora para a Cerveja Vermelha Larger Premium da série. Deste primeiro estudo, nasceram os seguintes rótulos:
1. O Seringueiro
O seringueiro é o personagem característico da região Norte e Centro Oeste do Brasil, responsável pelo ofício de coleta do látex da árvore da seringueira (Hévea brasiliensis) e a preparação das pelas para venda. O látex é a matéria prima da borracha. O látex é recolhido das árvores através de incisões feitas nos caules, em cortes feitos em forma de espinha de peixe. No final do sulco central, um pequeno baldinho coletor de metal, ou uma cuia de cabaça, é posicionado para recolher o látex. A vida dos seringueiros artesanais requer uma rotina dura, ligada às necessidades da natureza. A criatividade do povo da Amazônia, ampliou a transformação do látex para a produção de objetos de decoração, artesanato, utilitários, objetos de uso pessoal, tecidos ecológicos e couro vegetal.
É um tipo brasileiro característico do Nordeste, devido aos extensos coqueirais. Trata-se de um homem que, para pegar o coco, sobre bem alto nos coqueiros, utilizando uma forma típica de amarrar as cordas e ir subindo. Como os coqueiros da Bahia são muito altos, podendo ir a até 30 metros de altura, a coleta dos cocos é dificultosa e arriscada. Feitas por quem tem muita familiaridade com o ofício, o apanhador de coco executa uma atividade que exige conhecimento e destreza, habilidades que muitas vezes são adquiridas de criança. O coco está presente no mundo todo e formas tradicionais diversas de apanhá-lo, vão sendo descobertas conforme vamos pesquisando.
Os vendedores ambulantes, também conhecidos por mascates, caixeiros viajantes, são tipos humanos que encontramos pelas ruas, desde uma cidade grande até pequena, vilarejos e ilhas, no meio do mar, vendendo de tudo em seus carrinhos, tabuleiros, cestos, assadeiras, pendurado em suas costas. São uma parte importante das cidades do mundo todo, tornando-se membro vital da vida social e econômica de uma cidade. São muito apreciados pelos turistas que podem usufruir de uma experiência autêntica de contato com o povo e a cultura de um local. Levam seus produtos de um local distante para outro, tornando-os acessível para muitas pessoas que não teriam condições de conhecê-los. Encontramos citações destes personagens na literatura de Carlos Drummond de Andrade, nos romances de Jorge Amado, nos contos de Cornélio Pires.
O sanfoneiro é uma figura típica, um personagem que não pode faltar nas festas populares seja forrós, quadrilhas, festas de imigrantes e tantas outras. O sanfoneiro toca o ano todo, em todo o Brasil. A sanfona é um instrumento musical tocado no mundo todo, trazido para o Brasil através dos imigrantes italianos e alemães e pode pesar de 9 a 13 quilos. Seu processo de produção é artesanal, por isso uma sanfona pode chegar a valores bem altos. No Brasil muitos sanfoneiros foram eternizados, como é o caso do consagrado Luiz Gonzaga, “O Rei do Baião”, Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Sivuca, o Camarão, Caçulinha, Renato Borghetti, Zé Calixto, músicos que levam a sanfona brasileira para outros países.
O caiçara é o nome dado aos indivíduos que moram em comunidades e vilas, no litoral, principalmente o litoral do estado de São Paulo. Vem do tupi-guarani e designa uma cerca rústica ou armadilha, feitas de galhos de árvores, colocada ao mar para capturar peixes. Se estabeleceram nas encostas, costões rochosos, restingas e mangues da Mata Atlântica. Nas embarcações utiliza-se equipamentos de origem indígena e na pesca ou captura, utilizam técnicas e processos vindos da cultura dos portugueses.
Cidades como Cananéia e São Sebastião, comemora-se o dia da caiçara no dia 15 de março, em homenagem ao Fandango Caiçara, considerado patrimônio cultural imaterial brasileiro, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional.
A renda de bilro vem de uma longa tradição, passada de mãe para filha. Chegaram no Brasil pelos portugueses do arquipélago de Açores, em 1748 chegando ao Brasil por intermédio dos portugueses que as usavam em suas casas e vestimentas. Graças a maior concentração de açorianos, encontramos com bastante frequência em Santa Catarina e Ceará. A renda de bilro foi a principal atividade exercida pelas mulheres de pescadores no século passado. Por isso o ditado “onde há rede, há renda”. Sentadas em cadeiras embaixo da sombra de grandes árvores, teciam as rendas, conversavam, cantavam, diziam versos. As rendeiras são mulheres carinhosas e atenciosas, demonstrando o orgulho que têm por exercer uma atividade tradicional.
Gaúcho é uma denominação dada aos vaqueiros das regiões dos pampas da Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai e Brasil. Pelo seu modo de ser, falar e se vestir, o gaúcho forma um tipo folclórico que sintetiza um conjunto de tradições. O chimarrão ou mate, bebida característica do sul do país, tomado em uma cuia feita de porongo, é amplamente consumido pelos gaúchos em todas as estações do ano. O fogo de chão é uma tradição entre os gaúchos, que se reúnem e se aquecem em volta de fogueiras feitas no chão, passando o chimarrão de mão em mão e contando suas histórias. Dia 20 de setembro é comemorado o dia do Gaúcho.
Há 250 anos, o litoral era dos índios que, unindo aos escravos negros, o litoral brasileiro foi se tornando fortemente povoado por pescadores impulsionando o desenvolvimento da pesca artesanal por todo o país. Por isso, o Brasil é o país da pesca artesanal. A pesca artesanal sustenta, dá alimento e dinheiro para inúmeras gerações de famílias. A maneira como ela é feita, protege a natureza. Infelizmente a atividade está sendo prejudicada no país.
O Pantaneiro é o habitante tradicional da região do ecossistema brasileiro chamado Pantanal. O pantanal é uma planície, a maior, a mais rica e a mais bela extensão de área alagada do planeta. Ele é dividido em 10 regiões diferentes, situados nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil, e em trechos da Bolívia e do Paraguai.
O pantanal é lugar de gente corajosa, que entende e acata com humildade os sinais da natureza. O peão pantaneiro vive nas condições oferecidas pela própria natureza, adaptando-se aos períodos das chuvas, que alagam a região por longo tempo.
Os jangadeiros são populações tradicionais marítimas que vivem no litoral nordestino, na faixa costeira entre o Ceará e o sul da Bahia. Muito retratado, é figura típica do litoral Nordestino. Com coragem descomunal, saem pelo oceano, ainda de madrugada, tripulando tradicionais jangadas de pau piúba, embarcações simples, em busca da pesca. As jangadas são compostas de materiais como a madeira de flutuação, tecidos e cordas. Seu Santo padroeiro é São Pedro. O jangadeiro constitui um tipo original no Nordeste, típico de sua paisagem.
A Baiana do Acarajé hoje, no Brasil, é um bem cultural do Brasil. Dentre os quitutes da baiana o mais conhecido é o Acarajé, um bolinho feito de feijão fradinho. É uma comida sagrada e de ritual, oferecida a Iansã, deusa do vento, orixá da tempestade. O traje da baiana vem do Candomblé, vem da África e tudo é cheio de significados. Muitas festas estão ligadas às Baianas como a Festa do Largo, que passam a acontecer no espaço profanos das ruas. O dia da baiana de acarajé é comemorado em 25 de novembro.
A história do vaqueiro começou quando o Brasil era colônia de Portugal. Habitam a região da caatinga uma área de clima semi árido, que ocupa praticamente todo o Nordeste. Trabalham como no século XVII, tocando a boiada entoando o aboio, um canto sem palavras, típico dos vaqueiros. Usam uma roupa especial, que funciona como uma couraça para enfrentar os galhos secos do sertão nordestino, com predominância do couro cru.
O vaqueiro se orgulha de vestir sua roupa de couro, principalmente quando participam das cavalgadas e manifestações culturais. O vaqueiro é um personagem da cultura brasileira, típico do sertão, nordestino autêntico, de raiz, forte, que tem um modo de ser, falar, dançar, rezar e viver tradicional. O Dia Nacional do Vaqueiro Nordestino é 20 de julho e sua festa mais importante é a vaquejada.
Para a cerveja Puro Malte Extra Escura Larger Premium, não podíamos deixar de homenagear um dos grupos que mais influenciaram nossa cultura: as imigrantes que se tornam brasileiros.
Aqui é uma terra onde tudo se mistura com arte e alegria e os imigrantes já são do Brasil!
Pensamos muito nos temas e como eram apenas 12, muitos importantes grupos ficaram de fora, sendo contemplados num outro trabalho que desenvolvi para a Analítica.
1. Os Portugueses
Os portugueses, durante mais de três séculos de colonização, deixaram várias heranças na cultura e costumes do país, desde a língua portuguesa e a formação do povo brasileiro. Distribuídos por todo o território, estão inteiramente integrados à sociedade brasileira. No folclore, os portugueses introduziram personagens típicos como a Cuca, o Lobisomem, conhecido em vários países da Europa, o Bicho Papão, a Mula-Sem-Cabeça, a história da Burrinha de Padre, lendas e personagens que povoaram o imaginário infantil de tanta gente!
Os Italianos contribuíram e influenciaram em muito a formação da identidade brasileira, principalmente nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Ao chegarem no Brasil, se instalaram em condições adversas, trabalhando principalmente na agricultura. A alegria faz parte dos imigrantes italianos, que gostam muito de cantar as canções de seu país.
Os estados de São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Rio Grande do Sul abrigam os maiores grupos de holandeses ou descendentes. A história dos holandeses no Brasil, vem do início do Brasil Colônia, deixando fortes influências culturais, principalmente na região nordeste.
Encontramos aspectos da tradição holandesa distribuídas em várias áreas de nossa cultura, porém a maior contribuição da colônia holandesa é no cultivo das flores: No estado de São Paulo localiza-se uma cidade genuinamente holandesa, Holambra. O município destaca-se como o maior centro de produção de flores e plantas ornamentais da América Latina e anualmente promove a maior exposição de flores da América Latina, a Explofora.
A Lituânia está localizada no norte da Europa, tem litoral no Mar Báltico. Trata-se de uma nação de cultura muito rica. O primeiro grupo de lituanos chegou ao Brasil entre 1888 e 1890, e se dirigiram para o Rio Grande do Sul. A cidade de São Paulo é a segunda maior colônia de lituanos do mundo, atrás somente da cidade de Chicago, nos Estados Unidos. O grupo Rambynas é um grupo de danças tradicionais da Lituânia, que tem a missão de manter e divulgar a tradição do país no Brasil.
A presença espanhola em terras brasileiras acontece desde o início da colonização do Brasil, durante a União Ibérica. A imigração espanhola foi muito importante para a formação da população brasileira, sendo o terceiro maior grupo de imigrantes, depois dos italianos e portugueses, a vir para o Brasil. Na capital paulista, os espanhóis fixaram-se principalmente nos bairros da Mooca, Ipiranga, Cambuci e Brás. Municípios como São Bernardo, São Caetano e Santos também possuem importantes núcleos de imigrantes dessa nacionalidade.
Uma das contribuições mais visíveis é o festival tradicional que ocorre em Recife, conhecido como Festival de Cinema Espanhol.
Os grupos de alemães que aportaram no Brasil no século XIX, tinham uma notável diversidade. Vieram para povoar as colônias do Sul e Sudeste. Nas bebidas, apesar do vinho estar se tornando mais popular, a bebida alcoólica nacional é a cerveja. As variedades de cerveja incluem a Alt, Bock, Dunkel, Kölsch, Lager, Malzbier, Pils e Weizenbier.
A contribuição na música e na dança, uma herança da cultura alemã, são as bandas: os alemães tocavam, por tradição, instrumentos de metais de sopro, sempre em grupos, um som bem tradicional das festas alemães.
A construção da identidade do povo brasileiro passa pela contribuição dos povos africanos que chegaram ao Brasil como escravos enraizando, na forma de ser do brasileiro, sua rica e variada cultura. O negro tem marcado em sua forma de ser, a força. Resistiam, lutavam contra os colonos, criavam os quilombos, comunidades próprias dos negros, onde viviam suas culturas sem a arbitrariedade dos brancos. O Quilombo dos Palmares, cujo líder era Zumbi, era o mais famoso, símbolo da resistência negra no Brasil.
As festas e tradições populares brasileiras de origem, ou que tiveram influências africanas, marcam nosso calendário. Podemos citar como típicas da cultura afro-brasileira o Maracatu, a Congada, a Festa de Iemanjá, manifestações de devoção a São Benedito, o santo negro, dentre inúmeras outras.
Os primeiros japoneses chegaram, então, no porto de Santos, em 17 de junho de 1908, vindos no navio Kasato Maru. De trem subiam a serra e iam para a hospedaria de imigrantes, hoje o Museu do Imigrante, localizado no bairro do Brás, na cidade de São Paulo. De lá migraram para as cidades do interior de São Paulo. Na capital paulista, na cidade de São Paulo, o bairro da Liberdade é o local mais oriental do Brasil, o reduto da cultura japonese.
Como vários imigrantes que aqui chegaram, os franceses vieram para trabalhar na lavoura, na segunda metade do século XIX. Mas foi no campo das ideias que os franceses mais tiveram ação sobre os brasileiros. Eles estavam por trás de grandes revoltas como a Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates, na Bahia, a Insurreição Pernambucana, a Confederação do Equador e de inúmeras outras rebeliões onde existiam ideias de liberdade.
A Alta Gastronomia, tal qual é conhecida na atualidade, começou a se desenvolver no Brasil com a chegada dos chefs franceses, no final da década de 1970, no Rio de Janeiro, e no início da década de 1990 em São Paulo.
A Arménia é um país sem costa marítima, localizado na região da Transcaucásia e tem como capital, Erevã. Faz fronteira com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e com o Irão e o enclave de Nakhchivan (pertencente ao Azerbaijão) ao sul. Em 1915, mais de um milhão e meio de armênios são assassinados, mais precisamente degolados, um massacre foi considerado o primeiro genocídio do século XX, o Genocídio Armênio, relembrada no dia 24 de abril pelas comunidades Armênias do mundo todo, inclusive aqui no Brasil.
Os pomeranos chegaram ao Brasil entre os anos 1859 e 1874, por motivos de dificuldades de sobrevivência em seu país de origem, a extinta Pomerânia, antiga região situada no norte da Polônia e da Alemanha, na costa sul do mar Báltico. Desembarcaram no porto de Vitória, no estado do Espírito Santo, em 1859, contribuindo para o crescimento da região, vindos dos navios “Gutenberg” e “Doktor Barth”. Porém, a antiga Pomerânia não existe mais. Até 1945 era um território que pertencia à Alemanha. Hoje, praticamente, só existem pomeranos no Brasil. No município de Santa Maria de Jetibá, localizada na região serrana do estado do Espírito Santo, a cidade mais pomerana do Brasil, é realizada a Pomerisch Fest, uma festa que abarca toda a cidade e a participação de seus habitantes.
Os ingleses começaram a chegar ao Brasil muito antes da abertura dos portos às nações amigas, decretada pelo príncipe regente D. João VI, em janeiro de 1808, após sua chegada à cidade de Salvador. Segundo Gilberto Freire, um dos mais importantes sociólogos do século XX, cita como influência da cultura britânica no Brasil, o terno branco, o chá, a cerveja, o uísque, bife com batatas, o rosbife, o pijama de dormir, o tênis, a capa de borracha, os piqueniques, o escotismo, o lanche e o sanduíche.
No estado de São Paulo, o primeiro projeto para a construção de uma estrada de ferro foi feito por um inglês e em 1874 foi inaugurada a Estação do Alto da Serra, que, mais tarde, seria denominada Paranapiacaba. Ainda no estado de São Paulo, temos na cidade de Santos, a estação da “Inglesinha” ou a Estação do Valongo, inaugurada em 1867 pela São Paulo Railway, ainda conserva em sua fachada os três leões importados da Inglaterra, para a inauguração da ferrovia e vários outros monumentos históricos do país.
Essa série homenageia, especialmente, os gaúchos. O povo gaúcho respeita sua história, suas tradições e cultura até muito antigas. Distribuídos pelo Brasil todos, criaram os CTG´s, ou os Centros de Tradições Gaúchas que, cada um da sua forma, preservam as danças, a culinária e a forma de ser desse povo coeso e organizado. Não parece ser do Brasil.
Passeei por vários temas que nunca tinha visto e descobri heróis como o São Sepé! A cultura gaúcha é ampla e variada, mas coesa e unida.
Os temas que desenvolvi aqui:
1. A Lenda da Teniágua
Típica das tradições gaúchas, a lenda da Teniaguá ou Salamanca do Jarau, de origem espanhola, está repleta de elementos que refletem a formação do povo gaúcho, produto de complexa inter-relação entre o europeu, o oriental, ou o mouro, e o povo indígena.
As danças fazem parte integrante da cultura de um país, de um povo. A dança dos facões é uma dança típica e muito popular no Rio Grande do Sul, tradicionalmente apresentada por pares ou por grupos de homens, que executam complexos movimentos com dois facões, um em cada mão.
Sepé Tiaraju é um índio missioneiro valente e forte, que se tornou líder guarani no século XVIII. Guerreiro, assumiu a defesa do seu território na guerra contra a Espanha e Portugal. É de Sepé a frase: “Esta terra é nossa! Nós a recebemos de Deus e do arcanjo São Miguel. Somente eles nos podem deserdar!”
Os gaúchos, também chamados de peão, são descendentes da mistura de europeus com índios. O nome é dado às pessoas que são naturais do Sul do Brasil e vale do Rio da Prata, num bioma chamado de pampas, geralmente ligado à atividade pecuárias destas regiões. No Uruguai e Argentina tem a nominação de gaúcho, com a sílaba forte no “ga”.
De tradição indígena, os fogos de chão eram feitos próximos das ocas, compartilhados por famílias inteiras que, no aconchego da luz, encontravam uma forma de reunir-se, socializar-se, trocar vivências e se abrigarem do frio da região dos pampas. O gaúcho campeiro tem por tradição trazida desses índios, se reunir a noite com os amigos e colegas, em volta do fogo, feito no chão, para confraternizar, trocar ideias sobre a lida no campo, tomar o chimarrão de forma compartilhada, comer um churrasco, contar causos, estórias e lendas.
A forma típica de se vestir do gaúcho é entendida como muito importante para a cultura sulina, pois preserva sua história com orgulho, passando através das gerações, a força das tradições e o orgulho de ser gaúcho. Há regras fixas, que devem ser seguidas com muito respeito, tanto para a vestimenta do gaúcho, como a da “prenda”, a mulher gaúcha.
Criação de um fluxograma divertido, criativo, da série Mundos Intrincados, para a comunicação do departamento de publicidade da Novartis. Uma ótima forma de chamar a atenção para uma comunicação importante, que podia tornar-se conflituosa, mas que se torna harmoniosa, quando utilizamos a arte!
Onde tudo começou: O fluxograma que se torna Mundos
“Lu, vimos seu trabalho dos Mundos Intrincados e pensamos em criar um mundo desses para nosso departamento! Vamos conversar?”, me ligou uma pessoa sorridente e simpática, num dia de muita produção e agitação!
“Nossa, que legal! Claro!”, disse eu, pois adoro essas novidades cheias de criatividade!
E pude conhecer uma ideia mais que genial, como uma solução para a comunicação entre o departamento de publicidade e as gerências de produtos da Novartis. “Vamos explicar como podemos melhor organizar as demandas dos gerentes de produtos, pelos materiais de comunicação e marketing, apresentando o fluxo de pedidos numa obra que chamaremos o “Mundo-Novartis do Bem e do Mal”.
O que eu não imaginava, é que tudo isso viria, nada mais, nada menos, do que de um fluxograma, muito bem feito e pensado pela moçada do departamento, estruturado em “mundos” de fluxos, baseados nas minhas obras da série Mundos Intrincados.
A série Mundos Intrincados se resume no seguinte: Texturas que contam histórias, histórias que contam desenhos! Como um fluxograma é cheio de informações, cada uma delas se tornaria novos mundos, cheios de personagens e histórias pertencentes, aqui no caso, aos dois maiores mundos ou caminhos que existiam, referindo-se ao resultado dos gerentes com o departamento: o do Bem e o do Mal.
Processo do desenho.
O desenho originário de toda essa ideia, seria adesivado numa parede do departamento. Porém, o que eles não tinham observado, é que o fluxograma que haviam criado era praticamente quadrado, com predominância para o vertical e a tal parede, totalmente horizontal.
“Imaginamos algo por aí…”
“O que pensamos seria algo assim…”, e me apresentaram inúmeras imagens, feitas com os tais doodles.
Os doodles são esboços de figurinhas conhecidas, normalmente com aquele aspecto de “feito à mão”, à caneta ou lápis, em linhas pretas sobre branco, onde se preenche o espaço pictórico de forma, normalmente, aleatória. Ou são pequenas vinhetas como os doodles do Google ou aquelas figurinhas divertidas do RedBull, por exemplo. Usam-se os doodles para vários tipos de comunicação, por ser jovem, descontraído e divertido!
No caso dos Mundos Intrincados, as imagens têm uma semelhança com os doodles, mas a configuração da obra é totalmente outra, pois ela tem uma composição final, que chamo de “a grande forma”, onde tudo acontece.
Outro diferencial é que tenho um traço e temas próprios do meu universo, nada semelhante aos temas recorrentes nos doodles.
Você pode observar esses detalhes, exercitando o que chamo de Slow Art ou seja, deixar-se levar, durante um tempo, a olhar uma obra de arte nos seus detalhes. Ir descobrindo as intenções do artista, perceber nuances de traços e expressões. No caso dos Mundos Intrincados, você pode descobrir situações e personagens escondidos, como um “voyeur”.
Uma mudança de parâmetro: Janelas e portas como espaços-arte
Claro que a vontade cheia de energia e vivacidade dos jovens criativos, era colocar a obra finalizada em portas, janelas, objetos, etc. Paramos somente na parede do departamento, por conta do custo!
Mesmo assim, me passaram as medidas de todos esses espaços e não medi esforços para fazer simulações diversas. Acho um charme adesivar as paredes com imagens que geram impacto visual, em ambientes diversos, e que podem se tornar instagramáveis, ou seja, você faz um belo self com ela e posta no seu instagram!
Embora a arte tenha ficado restrita a uma parede, a ideia e a vontade de espalhar as figuras por toda a empresa permaneceram vivas!
O fluxograma transmutando. Construindo os Mundos Intrincados da Novartis
Essa etapa do trabalho foi uma das mais difíceis, onde quebrei a cabeça e o fluxograma para conseguir ajustar tudo num desenho possível, que se adequasse ao espaço que tínhamos definido.
Desmontei e remontei tudo num novo formato, colocando imagens de pequenos mundos dentro dele, recompondo-o. Pude parar com mais calma e ler o que o pessoal colocou nesse fluxo de informação. E fiquei mais e mais empolgada! Pensaram como os Mundos Intrincados, mesmo!
Processo de trabalho: a desconstrução do fluxograma para se tornar uma grande obra.
A macro-forma, onde tudo vai acontecer dentro dos Mundos Intrincados, seria um tipo de mapa mundi. O desafio maior foi recriar tudo e transformar as informações em desenhos, para se tornar uma obra.
Daí começa uma outra nova jornada e a mais demorada: desenhar. Quase um mês para, finalmente, a obra ficar pronta!
Uma nova dimensão: A cor. Entra em cena os protagonistas da ação!
Depois de feito o desenho original, a próxima etapa é a digitalização da imagem, feita num scanner de alta resolução. Agora, com a obra no computador, é preciso definir as áreas que vão levar cores, destacando os protagonistas da grande ação.
Sugeri que não fizéssemos toda a imagem colorida para não pesar ou cansar num ambiente de vivência diária. Queria dar um tom bem original e diferente para a nova peça, além de mais “espaço” para um novo “diálogo”, agora acontecendo, não entre as personagens, mas sim entre outras dimensões: o preto, as cores e o branco do fundo.
Momento Slow Art. Hora de curtir os detalhes do novo Mundo Novartis do Bem e do Mal!
Tudo feito, aplicado no local, hora de curtir um ambiente criativo, novo e energético.
Alguns detalhes da obra toda.
Nossos ambientes precisam de vibração e alegria e as paredes podem se tornar espaços pictográficos para isso! Nosso cérebro sente essa vibração. Por isso é tão importante colocarmos mais arte no ambiente de nosso trabalho ou residência!
Nos Mundos Intrincados, as coisas precisam de calma.
Como temos muita coisa para ver num único lugar, ou paramos um pouco nosso tempo para entrarmos nas formas, ou deixamos que as personagens e as situações apareçam aos poucos, conforme olhamos para elas, em nosso dia a dia, de formas e sentimentos variados.
Obra finalizada com áreas de cor. Mundo do Bem e do mal da Novartis, por Lu Paternostro.
Após a obra feita e colocada no local, novas situações acontecem como a integração com as pessoas que entrem, pela primeira vez, e se sentem impactadas.
Essa reação, essa viração é o propósito de espalharmos a arte pelos espaços, para mais perto das pessoas.
Original: Desenho, nanquim sobre papel. Sala VIP do hotel. Painel permanente: Galeria das Artes do hotel.
Uma jornada pelo mundo do hóspede do Intercontinental São Paulo num desenho divertido, da série Mundos Intrincados!
The Guest World Intercontinental by Lu Paternostro | Clique na imagem para ver com detalhes. | Proibida reprodução. Todos os direitos reservados. Copyright Lu Paternostro.
“Vamos desenhar o mundo maravilhoso do hóspede do InterContinental?”, disse eu à Joice, comercial do hotel na época, e uma pessoa que ama novas ideias! Imediatamente passou a proposta para frente, que foi aprovada. Desta forma, comecei uma verdadeira jornada de pesquisa, não na web, mas no hotel, para descobrir o que o hotel tem de bom para o hóspede. E olha, tem coisa boa, viu?
O objetivo aqui era desenhar um grande mundo, cheio de figuras, personagens e as histórias que vivem os hóspedes do Hotel InterContinental São Paulo.
Para começar, e mesmo morando em São Paulo, combinamos que eu iria passar um fim de semana hospedada no hotel.
Antes, porém, elaborei uma série de perguntas para eu responder e para os funcionários responderem e um checklist para eu observar durante minha estada.
No hotel, durante o fim de semana, momento de viver uma vida de hóspede, experimentei o restaurante, o bar, o café da manhã, a deliciosa cama de meu apartamento, e os fofos e profusos travesseiros, ao mesmo tempo que andava pelo hotel pra lá e pra cá, conversando com a equipe,
Como todos os hotéis, os colaboradores são muito reservados, e por isso, nessa etapa, é importante a interferência de uma pessoa do hotel, explicando o porquê de tantas perguntas e o que eu estava fazendo por lá. Como são muitos funcionários e às vezes essa informação não chegou a alguns deles, senti uma certa dificuldade com alguns colaboradores de abrirem suas “histórias curiosas”. Natural. Não deixava de ser uma estranha perguntando coisas estranhas. Quando percebia isso, me apresentava e tudo ia um pouco melhor.
Troquei ideias com o concierge, os garçons, as camareiras, os seguranças, o mensageiro, o chef de cozinha, o barman, a recepção.
Trocar ideia com estas pessoas, foi um dos momentos mais legais de minha estada lá. Me contaram muitas coisas interessantes sobre os hóspedes, de curiosidades a coisas inusitadas e, até alguns episódios de fantasmas, típico da imaginação profícua da gente criativa. Alguns abriram seus sonhos que, em minha cabeça, viravam verdadeiras histórias com roteiros completos!
Eles foram as peças fundamentais dessa jornada e inspiraram a criação de meus desenhos, criados com muito prazer.
Entendo que tudo faz parte de mundos que se intrincam, se inter-relacionam e se transformam nesse inter-relacionamento. A grande obra acontece no todo!
Painel da Galeria das Artes.
Equipe que acompanhou meu trabalho.
A Macro-Forma: onde tudo começa.
A macro-forma, na série Mundos Intrincados, texturas que contam histórias, histórias que contam desenhos, é de onde tudo parte, tudo começa.
A marcro-forma é aquela que você vê de longe e que se quiser, fica só nela, como um grande desenho abstrato, pronto, e vai embora. As histórias, o motivo de existir da obra, passam ilesas e despercebidas. Você fica tranquilo e pode dormir em paz. Acabou.
Mas, tem aqueles que são curiosos, querem ir um pouco mais fundo nessa história toda, sentem-se perturbados, mas enfrentam porque descobrem que, por trás dessa imagem abstrata, um mundo caótico, energético e cheio de movimento, acontece.
Eram centenas de mundos de histórias que se forma e preenchem o papel. Coisas que vou sentindo, pensando, lembrando, tudo vai acontecendo nesse grande espaço.
Foi um mês ininterrupto de trabalho, documentado passo a passo, que compilei num vídeo em time lapse. A obra original foi emoldurada e doada ao hotel.
Mas o foco maior seria a sala principal da área de eventos, onde reproduzimos a obra num imenso painel de 3 x 2,5m. As pessoas se sentavam por lá, ficavam indiferentes em seus celulares e mundos, mas alguns ficavam sentados “lendo” as situações desenhadas. Tudo havia existido, umas de forma mais fantásticas, outras, de verdade, quase reais.
Depois de feito, do desenho original. retirei as principais composições e montei uma galeria de 100 peças para serem utilizadas pelo pessoal do marketing do hotel. Foram utilizadas para a produção de inúmeros brindes diferentes e bem exclusivos.
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Hoje as pessoas costumam tirar fotos dele e com ele, pois trata-se de um desenho bem diferente e curioso. onde se pode sentar no sofá à frente dele e ficar contemplando os mundos dos hóspedes do InterContinental São Paulo.
“O Grande Pássaro”, de Lu Paternostro. Painel temático na recepção de 17 x 7 m.Copyright Lu Paternostro. Proibida cópia, uso ou reprodução desta imagem sem a autorização da artista.
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O Grande Pássaro
Neste painel, localizado na recepção do hotel, sua altura toma os 5 andares do vão interno do hall de entrada. A ideia é criar impacto para quem chega na recepção do hotel, com um desenho gigantesco! E as pessoas ficam realmente encantadas: o desenho tem 17 metros de altura e você consegue vê-lo de todos os andares!
A imagem é de esperança: o pássaro que alça voo, pretende ir o mais longe possível, livre de suas prisões essenciais; está vivo, ama a Natureza. Embora sufocado pelas ações do homem, tem sua esperança de realizar seu grande voo.
Enquanto voa, está conectado ao céu por sua cabeça (sua mente) que procura o universo maior, o sentido da sua vida. Mais abaixo, às florestas, caracterizada por formas abstratas, procuram o fazer alçar voo, respirar, o dão sustentação, ao mesmo tempo que escondem as ameaças à sua existência. Abaixo dele os rios, os Rios da Amazônia, as veias que cortam as terras, as veias e seus destinos incertos. A profusão de peixes, a vida das águas em movimento, passa. Caminham em um só corpo, no sentido do coração da coletividade. Tem seus olhos atentos. Às vezes parecem que fogem.
O grande pássaro jaz em silencio, mas tem os olhares atentos dos que passam na recepção. Os que o olha, interagem, e ele passa a ser um novo pássaro. O pássaro, depois de olhado vira um novo pássaro e a arte se perpetua com mais um olhar que a, eternamente, viu.
Por Lu Paternostro
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